Em vez de estar centrado no
indivíduo, Deus usa a água em conexão com o contexto mais amplo da história da
redenção. Ao longo de toda a Escritura, água e Espírito aparecem em contextos
que desvelam o cenário da nova criação. O Espírito Santo pairava sobre a
criação (Gênesis 1.2). Noé enviou uma pomba (a imagem do Novo Testamento para o
Espírito) sobre as águas minguantes do dilúvio (Gênesis 8.8-12; Mateus 3.16).
Quando Israel foi batizado no Mar Vermelho, Deus pôs o seu Espírito, o qual ele
assemelhou a uma águia pairando, no meio de Israel (Êxodo 14.21-22;
Deuteronômio 32.10-12; Isaías 63.11-14; 1Coríntios 10.1-4). Quando Jesus foi
batizado, o Espírito desceu sobre ele na forma de uma pomba (Mateus 3.16). Deus
utilizou água, juntamente com a obra do Espírito, para efetuar novas criações,
seja a primeira criação, a terra recriada após o dilúvio, a criação de Israel
como nação ou a pedra angular da nova criação por meio de Jesus, o último Adão
(1Coríntios 15.45).
Deus estava enviando uma
mensagem de que ele tornaria os novos céus e a nova terra, em última instância,
uma obra do Deus trino por meio da obra do seu Filho pela água e pela obra do
Espírito Santo. Essa promessa aparece, por exemplo, no profeta Joel: “E
acontecerá, depois, que derramarei o meu Espírito sobre toda a carne” (2.28).
Essa era a promessa que João tinha em mente ao afirmar às multidões no deserto:
“Eu vos tenho batizado com água; ele, porém, vos batizará com o Espírito Santo”
(Marcos 1.8). E essa é a promessa que Cristo cumpriu no Pentecostes.
Há dois elementos notáveis que
ligam os eventos no Pentecostes à ordem de batizar na sua Grande Comissão
(Mateus 28.18-20). Primeiro, o cumprimento dessa profecia do Antigo Testamento,
como já observamos. Pedro disse às multidões que os eventos que elas estavam
testemunhando eram um cumprimento da profecia de Joel de que Deus derramaria
seu Espírito sobre toda a carne (Atos 2.18-21). Esse é também o batismo do
Espírito Santo prometido por João. O sermão de Pedro no Pentecostes confirma
isso: “Exaltado, pois, à destra de Deus, tendo recebido do Pai a promessa do Espírito
Santo, derramou isto que vedes e ouvis” (Atos 2.33-34). Cristo batizou a igreja
no Espírito Santo – ele começou o derramar do Espírito sobre toda a carne.
Segundo, em consonância com
essa ordem de batizar as nações, observe que pessoas de muitas nações – judeus
e gentios – estavam ajuntadas no Pentecostes (Atos 2.9-11). Jesus estava
batizando toda a carne – ele estava batizando as nações com o Espírito – e, ao
fazer isso, ele as estava trazendo para a nova criação. Assim, quando a igreja
batiza os discípulos de Cristo, isso diz ao mundo e ao povo de Deus, por meio
da pregação do evangelho, tanto em palavra como em água, que Cristo está hoje
derramando o Espírito, purificando pessoas de seus pecados, unindo-as a si
mesmo e trazendo-as para os novos céus e a nova terra.
A ordem de Cristo de batizar,
portanto, em última instância, repousa sobre suas próprias ações – o seu
derramar do Espírito sobre as nações, com o objetivo de unir um povo para si
mesmo – ao purificar a sua noiva de toda mácula e ruga, para apresentá-la santa
e sem defeito (Efésios 5.25-27). Foi isso que Paulo chamou de o lavar da nova
criação ou regeneração (Tito 3.5; ver Mateus 19.28).
Assim, o batismo prega uma
mensagem por meio da água, embora essa mensagem apenas possa ser eficazmente
ouvida quando unida à pregação da Palavra. A água somente não tem poder para
salvar ou purificar. Em vez disso, em conjunção com a pregação da Palavra,
Deus, por meio do Espírito, salva e santifica. Na linguagem técnica da
teologia, o batismo é um meio de graça.
É por isso que nós devemos
batizar os discípulos de Cristo – é o meio escolhido por Deus pelo qual ele
salva e santifica o seu povo. Nós batizamos porque, nas palavras do Breve
Catecismo de Westminster, este é “um sacramento, no qual o lavar com água em nome
do Pai, do Filho e do Espírito Santo significa e sela a nossa união com Cristo,
a participação nos benefícios do pacto da graça, e a promessa de pertencermos
ao Senhor” (Pergunta 94). Nós batizamos, portanto, no nome trino de Deus,
porque Deus enviou o seu Filho, o qual derramou o seu Espírito, e ele está
criando os novos céus e a nova terra, está nos purificando do nosso pecado e
porque nos uniu a Jesus, o último Adão, o qual está introduzindo a nova
criação, os novos céus e a nova terra.
Este é um entendimento robusto
do batismo, ao qual todos nós deveríamos nos apegar, quer estejamos
pessoalmente recebendo o batismo ou observando-o ser administrado a outros.
Autor: J.
V. Fesko
Fonte:
Ministério Fiel