3 de setembro de 2016

O não regenerado não possui a capacidade ou o desejo de viver uma vida espiritual


O não regenerado é como um cadáver que não possui o poder nem o desejo de viver.

Objeção. E quanto a Balaão querer morrer a morte dos justos (Nm 23:10)? E quanto a Herodes que, perplexo, ouvia a João de boa mente (Mc 6:20)?

Resposta. Não há dúvida de que os não regenerados podem cumprir deveres externos que são por si mesmos bons. Podem mesmo desejar a Deus como aquele que, segundo creem, pode lhes trazer a perfeita felicidade, muito se esforçando para serem iguais a ele e agradá-lo. Contudo, como esses são desejos e esforços meramente naturais, que não procedem de uma vida espiritual interior nem de uma natureza regenerada, não são aceitáveis a Deus.

Embora não haja desejos espirituais nos não regenerados, todavia os anseios que de fato têm e os esforços que fazem para ficar mais perto de Deus resultam da operação do poder de Deus sobre eles, seja por meio da consciência, seja pela pregação da lei e do evangelho ou pelo exemplo de homens piedosos. Tais desejos e esforços em direção a Deus no ímpio não procedem de nenhum bem encontrado neles — pois bem nenhum habita na carne (Rm 7:18) — mas resultam da operação do poder de Deus sobre eles e neles, sem contudo levar à regeneração.

O desejo de ser bom, e todo o esforço de agradar a Deus através das boas obras mostrados pelos não regenerados, não procedem de nenhuma vida espiritual que neles há, nem produzem o desejo de serem regenerados. São gerados tão somente pelo poder de Deus através da consciência, da pregação ou do exemplo piedoso. Os homens que estão espiritualmente mortos podem ter o forte desejo de não morrer eternamente, e fazem muitas coisas para impedir aquele terrível juízo que lhes sobrevirá, mas tal desejo de salvação não indica que sejam de fato salvos, nem mesmo que desejam ser regenerados para serem salvos.



Autor: John Owen
Trecho extraído do livro O Espírito Santo, pág 69-75. Editora: Os Puritanos