O escritor da carta aos
Hebreus é inescapavelmente claro sobre a natureza singular do sacrifício de
Cristo.
Porque Cristo não entrou em
santuário feito por mãos, figura do verdadeiro, porém no mesmo céu, para
comparecer, agora, por nós, diante de Deus; nem ainda para se oferecer a si
mesmo muitas vezes, como o sumo sacerdote cada ano entra no Santo dos Santos
com sangue alheio. Ora, neste caso, seria necessário que ele tivesse sofrido
muitas vezes desde a fundação do mundo; agora, porém, ao se cumprirem os
tempos, se manifestou uma vez por todas, para aniquilar, pelo sacrifício de si
mesmo, o pecado. E, assim como aos homens está ordenado morrerem uma só vez,
vindo, depois disto, o juízo, assim também Cristo, tendo-se oferecido uma vez
para sempre para tirar os pecados de muitos, aparecerá segunda vez, sem pecado,
aos que o aguardam para a salvação. (Hb 9.24-28)
A Escritura não hesita na
finalidade do sacrifício de Cristo em nosso favor. Ele veio para realizar uma
oferta única pelo pecado, para nunca mais ser repetido. Foi um contraste com a
aliança mosaica, que necessitava de um sistema de sacrifícios quase constantes.
Mas nenhum dos sacrifícios do Antigo Testamento podia verdadeiramente expiar o
pecado. Eles só podiam servir como uma lembrança da libertação de Deus e prefigurar
o sacrifício final de Cristo, o qual iria vencer o pecado.
De que maneira a missa é importante para o Catolicismo? O Catecismo da Igreja Católica se refere a ela como a “fonte e o ápice da vida cristã”. Ou seja, é a origem e o ponto alto da fé católica. Ela não é periférica – é o coração e a alma de todo o sistema.
Em seu livro The Faith of Millions, [A Fé de Milhões],
John O'Brien, um padre católico, explica o procedimento da missa:
Quando o sacerdote pronuncia
as tremendas palavras de consagração, ele chega até aos céus, faz Cristo descer
do seu trono, e coloca-o em cima de nosso altar para ser oferecido novamente
como vítima pelos pecados do homem. É um poder maior do que o de monarcas e
imperadores; é maior do que o de santos e anjos, maior do que o dos Serafins e
Querubins. Na verdade, é ainda maior do que o poder da Virgem Maria. Ao passo
que a Bendita Virgem foi o agente humano pelo qual Cristo se encarnou uma única
vez, o sacerdote faz Cristo descer do céu e torná-lo presente em nosso altar
como a eterna vítima pelos pecados do homem, não uma, mas mil vezes! O sacerdote
fala: aqui está! Cristo, o Deus eterno e onipotente, curva a sua cabeça em
humilde obediência ao comando do padre.
Simplificando, a Igreja
Católica não deixa Cristo fora da cruz. Na missa, a substância do pão e do
vinho são, supostamente, transformados no corpo e no sangue de Jesus,
tornando-o como um sacrifício incompleto e repetido pelos pecados. Ele não é
Senhor e Salvador – Ele é uma vítima eterna, perpetuamente limitado ao altar
pelo poder do sacerdote, visivelmente e universalmente simbolizado no crucifixo
católico romano.
Isso é uma negação direta do ensinamento de Paulo em Romanos 6.8-10:
Ora, se já morremos com
Cristo, cremos que também com ele viveremos, sabedores de que, havendo Cristo
ressuscitado dentre os mortos, já não morre; a morte já não tem domínio sobre
ele. Pois, quanto a ter morrido, de uma vez para sempre morreu para o pecado;
mas, quanto a viver, vive para Deus.
Ao negar o sacrifício singular
de Cristo, o catolicismo impregna seu sacerdócio ilegítimo com poder e
autoridade artificial, escravizando seus seguidores para um sistema redundante
de ofertas ineficazes para o pecado dos ímpios. É essencialmente o paganismo regado
com a terminologia cristã suficiente para enganar e iludir almas,
convencendo-os de que a morte de Cristo na cruz não foi suficiente para
realizar a salvação deles. Com efeito, a missa anula o verdadeiro significado
da cruz.
J. C. Ryle explicou as
implicações teológicas, espirituais e as imperfeições da missa católica:
A doutrina romana da presença real,
se buscada até suas últimas consequências legítimas, obscurece toda a doutrina central
do evangelho, prejudicando e comprometendo todo o sistema da verdade de Cristo.
Se permitirmos por um momento que a Ceia do Senhor seja um sacrifício, e não um
sacramento, permitirmos que cada vez que as palavras da consagração sejam usadas,
o corpo e o sangue de Cristo estão presentes na mesa da comunhão sob a forma de
pão e vinho, permitimos que todo aquele que come o pão e bebe o vinho consagrado
realmente come e bebe o corpo e o sangue de Cristo. Se permitirmos por um
momento essas coisas, veremos depois as consequências graves resultantes dessas
premissas.
Vocês corromperam a bendita
doutrina da obra definitiva de Cristo quando Ele morreu na cruz. Um sacrifício
que precisa ser repetido não é algo perfeito e completo. Vocês corromperam a
função sacerdotal de Cristo. Se há padres que podem oferecer um sacrifício
aceitável a Deus além dEle, o grande Sumo Sacerdote, sua glória é usurpada.
Vocês corromperam a doutrina bíblica do ministério cristão. Vocês engrandecem
homens pecadores na posição de mediadores entre Deus e o homem. Vocês oferecem
aos elementos sacramentais do pão e do vinho uma honra e veneração que eles
nunca foram feitos para receber, e produzem uma idolatria abominável de
cristãos fiéis. Por último, mas não menos importante, vocês derrubam a
verdadeira doutrina da natureza humana de Cristo. Se o corpo nascido da Virgem
Maria pode estar em mais lugares do que um, ao mesmo tempo, então não é um
corpo como o nosso, e Jesus não era “o último Adão” de verdade da nossa
natureza.
Em termos simples, a missa não
tem nada a ver com o evangelho cristão, nada a ver com a vida cristã, e nada a
ver com a igreja cristã. Ela rejeita a verdadeira natureza bíblica de Deus,
Cristo, pecado, salvação, expiação e perdão. Ela rouba da cruz o seu
significado e substitui com idolatria superficial, centrada no homem. É uma
mentira, uma fraude e uma fabricação condenável que escraviza corações e prepara
as pessoas para o inferno.
Autor: John MacArthur
Fonte: Grace to You
Tradução: Leonardo Dâmaso
Divulgação: Reformados 21
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