23 de agosto de 2016

Regeneração e suas circunstâncias concomitantes


Devemos considerar a maneira em que a regeneração ocorre, o que é bastante variável. 

(1) Alguns são convertidos de modo bem repentino, como em um momento. Este foi o caso de Zaqueu, do ladrão na cruz, muitos no dia de Pentecostes, e o carcereiro. Com outros, isso acontece morosamente.

(2) Alguns são convertidos por meio de grande terror e consternação, provocados pelo confronto com a lei, morte e condenação, como foi no dia de Pentecostes e com o carcereiro (At 16.27).

(3) Alguns são convertidos de maneira muito bondosa. A salvação e a plenitude do Mediador Jesus Cristo dominam a alma. A doçura dos benefícios do evangelho preenchem tanto suas almas que não lhes resta tempo para refletir aterrorizados sobre seus pecados. Eles são, por assim dizer, tragados pelo evangelho; e, como Zaqueu, recebem Jesus com alegria (Lc 19.3,10).  
(4) Alguns o Senhor converte de forma bastante tranquila, concedendo-lhes uma visão da verdade. Silenciosamente, eles percebem seus pecados e o estado de miséria fora de Cristo, a salvação dos participantes da aliança, bem como a veracidade da oferta de Cristo através do evangelho para eles. Portanto, ao observar a verdade, eles estão gradualmente e imperceptivelmente mudando, tornando-se obedientes à verdade. Acredito que, como resultado do conhecimento da verdade, seus corações são purificados (1Pe 1.22). Eles não experimentam uma tristeza opressora ou uma alegria extática, mas encontram prazer na verdade e uma doce aprovação da mesma. Isto é verdade com referência à miséria deles, a salvação em Cristo, bem como a experiência deles em Cristo e sua confiança nEle. Geralmente, estes são os crentes mais firmes e consistentes.

(5) Alguns são convertidos gradualmente, com muita hesitação entre tristeza e alegria, fé e incredulidade, combate e vitória, queda e o levantar novamente. Esta é a forma mais trivial que o Senhor utiliza na conversão da maioria das pessoas. Quando emprego a palavra “gradualmente”, estou me referindo à conversão em um sentido abrangente, isto é, desde o princípio da fé até que alguém conscientemente recebe a Cristo. Por isso temos certeza que a conversão [isto é, a regeneração] acontece em um momento, uma vez que a alma passa da morte para a vida. Não há um estado intermediário entre mortos e vivos.

Visto que este modo de conversão é o mais comum, devemos tratar disso mais extensivamente, considerando o início, a sequência e o final da conversão. Só assim alguém será capaz de examinar a si mesmo adequadamente.

Desejamos apresentar isto, porém, declarando que ninguém deve estar preocupado com a forma de conversão, porque a maneira de sua conversão foi o que Ele mesmo determinou que fosse, e também não é igual à maneira pela qual os outros são convertidos. 

Se a sua conversão é uma realidade, então está tudo bem. Destarte, você não está perturbado em refletir sobre o modo pelo qual a sua conversão ocorreu, mesmo que seja de tal forma que você nunca tenha lido ou ouvido falar de nada parecido. Os caminhos de Deus são misteriosos, pois até mesmo na maneira mais simples de conversão, alguém experimenta alguma coisa com o qual o outro não está familiarizado. Contudo, é preciso muitas vezes refletir acerca de todas as resoluções e caminhos pelos quais Deus tem nos conduzido. Isto será motivo para adoração, para glorificar a Deus, e para a confirmação do seu estado espiritual.




Autor: Wilhelmus à Brakel
Tradução: Leonardo Dâmaso
Trecho extraído de The Christian’s Reasonable Service, volume 2, pág 238-239.
Divulgação: Reformados 21