5 de agosto de 2016

Falácias Lógicas Bíblicas dos Sinergistas


Os seguintes itens numerados são suposições comuns feitas por sinergistas em rejeitar a escravidão do arbítrio e a graça soberana de Deus na salvação.

Falácia 1. Deus não nos ordenaria a fazer o que não consigamos fazer.

Deus deu a Lei a Moisés, os Dez Mandamentos, para revelar o que o homem não consegue fazer.

a. A Premissa 1 não é bíblica. Deus deu a Lei por duas razões: Para expor o pecado e para aumentá-lo, a fim de que o homem não pudesse ter escusa por declarar a sua própria justiça. Por quê? Porque no contexto, ele NÃO faz justiça.

Como Martinho Lutero disse a Erasmo, quando você terminar com todos os seus mandamentos e exortações do Velho Testamento, eu escreverei Rm 3:20 por cima de tudo isso. Por que usar mandamentos e exortações do V.T. para mostrar o livre arbítrio quando estes [os dez mandamentos] foram dados para provar a pecaminosidade do homem? Estes existem para mostrar o que não conseguimos fazer ao invés do que conseguimos fazer. Portanto, mandamentos e exortações não provam o livre arbítrio. Em nenhum lugar na escritura há alguma insinuação de que Deus dá mandamentos para homens naturais provarem que são capazes de cumpri-los.

[Aqui está a passagem que Lutero citou para Erasmo a fim de mostrar que o propósito da lei é para expor a nossa escravidão ao pecado, não para mostrar a nossa habilidade moral de guardá-la: “Ora, nós sabemos que tudo o que a lei diz, aos que estão debaixo da lei o diz, para que toda a boca esteja fechada e todo o mundo seja condenável diante de Deus. Por isso nenhuma carne será justificada diante dele pelas obras da lei, porque pela lei vem o conhecimento do pecado”. Rm 3:19, 20] (colchetes inseridos pelo autor)

b. Essa premissa é irracional. Pode haver muitas razões para dar ordens a alguém para fazer algo, além da suposição de que ela consiga fazê-la. O propósito, como está acima, pode servir para mostrar a pessoa sua inabilidade de cumprir o mandamento. Assim, NADA pode ser deduzido acerca das habilidades por meio de um mero mandamento. Passagens que afirmam coisas como “Se você quiser” e “quem quer que creia” são ditas no modo subjuntivo (hipotético). Um gramático explicaria que isso é uma afirmação condicional que não assevera nada indicativamente. Em tais passagens, o que nós “deveríamos” fazer não necessariamente implica o que “conseguimos[podemos]” fazer.

c. As consequências da desobediência de Adão sobre os seus descendentes inclui impotência espiritual em várias áreas: a inabilidade do homem de entender a Deus (Salmo 50:21; Jó 11:7-8; Rom 3:11); de ver coisas espirituais (João 3:3); de conhecer o seu próprio coração (Jeremias 17:9); de direcionar os seu próprios passos no caminho da vida (Jeremias 10:23; Provérbios 14:12); de libertar a si mesmo da maldição da lei (Gálatas 3:10); de receber o Espírito Santo (João 14:17); de escutar, entender ou receber as palavras de Deus (João 8:47; 1 Corintios 2:14); de se fazer nascer dentro da família de Deus (João 1:13, Romanos 9:15-16); de produzir arrependimento e fé em Jesus Cristo (Efésios 2:8-9; João 6:64, 65; 2 Tessalonicenses 3:2; Filipenses 1:29; 2 Timóteo 2:25); de vir a Cristo (João 10:26; João 6:44); e de agradar a Deus (Romanos 8:5, 8, 9). 

Falácia 2. A menos que o nosso arbítrio seja livre, não somos responsáveis.

Ou, “Se não é livre, então não somos responsáveis”. Isso significa que, se não somos capazes de fazer uma escolha contrária, então os nossos arbítrios não são livres. Assim, se formos completamente presos em pecado de forma que não consigamos fazer mais nada além de pecar, então somos livres da responsabilidade destes pecados. Isso é irracional, porque a suposição por detrás disso é a ideia da neutralidade.

a. A Bíblia não apresenta o conceito de liberdade desta maneira. De acordo com a Escritura, liberdade é descrita como santidade. A liberdade definitiva é a santidade absoluta. Se isso for verdade, então Deus é o ser mais livre de todo o universo. De outro modo, precisamos dizer que Deus é o ser mais escravizado no universo porque Ele é o menos neutro em questões morais. Ademais, Deus não é livre no sentido libertário para fazer algo contrário a Sua própria natureza. Por exemplo, Deus não pode mentir ou ser impuro; se assim fosse, Ele violaria a Sua própria essência e, portanto, não mais seria Deus (uma suposição impossível). Mas Ele é livre no sentido Bíblico: livre do pecado e da escravidão da corrupção, como será os santos no céu quando forem glorificados no último dia. O fato de eles não poderem escolher o contrário [pecar] quando forem glorificados não os impede de ter a liberdade de acordo com a Bíblia, que fala destas pessoas com sendo as MAIS livres. (colchete inserido pelo autor)

b. Semelhantemente, se afirmarmos que a escravidão do pecado elimina a responsabilidade, então a melhor forma de evitar a responsabilidade de nossos pecados é ser o mais escravizado deles possível. O bêbado que é escravizado pelo alcoolismo não é, portanto, responsável por suas ações?! Deveríamos encorajar as pessoas a pecarem o máximo então, para que estas não mais sejam responsáveis?

c. Toda a ideia da neutralidade do arbítrio é absurda. Se as decisões do arbítrio não são determinadas pela natureza interna da pessoa, então em que sentido pode ser dito que estas decisões são os resultados de uma decisão da própria pessoa? Como uma decisão pode ser verdadeiramente uma decisão moral se for moralmente neutra? Como pode a moralidade ser moralidade de alguma forma e ser neutra?

Falácia 3. Para o amor ser real, deve ter a possibilidade de ser rejeitado.

Deus quer que nós O amemos livremente, não por compulsão. Portanto, o homem caído deve ter a habilidade de amar a Deus. Mas simplesmente ele escolhe amar outras coisas.

a. A Escritura ensina que o amor a Deus é um produto de Sua graça. (1Tm 1:14) Se a graça for necessária para fazer-nos amar a Deus, então segue-se que não tínhamos habilidade para amá-Lo antes da chegada da graça. Significa também que a graça não é dada porque escolhemos amar a Deus. Escolhemos amar a Deus porque a graça é dada. A graça, não a virtude no homem, toma a iniciativa.

c. Essa premissa é parecida com aquela que diz: “A escolha contrária é necessária para que a liberdade possa existir”. Deus periodicamente dá aos santos no céu uma oportunidade de odiá-lo para ser ‘justo’? Jesus tinha alguma habilidade para odiar o Pai? Ou era o Seu amor pelo Pai uma reflexão do que Ele próprio realmente é?

c. Se a fé for um dom da graça, como vimos acima, então por que é estranho pensar que o amor também não pode ser um dom da graça?

Falácia 4. Uma pessoa não pode ser punida por aquilo que ela não pode deixar de fazer.

Se isso for o caso, então um cristão não pode ser recompensado por aquilo que a sua nova natureza o compele a fazer. Não vamos esquecer de que a natureza de uma pessoa não é algo que ela possui. É algo que ela é.




Autor: John Hendryx. 
Fonte: Reformation Theology
Tradução: Nathan Cazé
Via: Monergismo