13 de agosto de 2016

Membros ausentes exercem um efeito tóxico para a igreja


Enquanto eu crescia, sempre ouvi que era melhor ser acusado de um pecado de omissão do que de comissão. Dessa forma, você sempre poderia granjear seu pecado para esquecimento, ignorância ou falta de consideração. O pecado de comissão era o que havia de pior desde que surgisse como deliberado e calculado.

Ausência: somente um pecado de omissão?

Temo que muitos cristãos pensam que não comparecer à igreja regularmente é um pecado de omissão. Se é pecado mesmo, seria um pequeno. Não é muita coisa. “Não traga esse legalismo para cá!”. Aparentemente, isso é o que muitos pastores, presbíteros, diáconos e muitas congregações pensam, uma vez que eles pouco têm feito para corresponder o espantoso número de ausentes.

Por exemplo, em minha denominação, a Southern Baptist Convention [Convenção Batista do Sul], somente um terço da membresia formal de quase 40 mil igrejas nos EUA de fato estão presentes todo domingo. Isso significa que cerca de dez milhões dos que são chamados cristãos, são na verdade ausentes.

Nem todos os ausentes são iguais

Uma vez que nem todos os ausentes são iguais, igrejas deveriam tratar os diferentes tipos de ausentes de forma diferente. Aqui estão quatro tipos diferentes:

1. Aqueles que vivem na área e são inaptos para comparecer: Idade ou saúde os impedem. Tais membros senis, ou com sofrimentos físicos, deveriam ser tratados com cuidado especial. Esse artigo não é sobre eles.

2. Aqueles que vivem (temporariamente) fora da área e são inaptos para comparecer: transferências militares ou de negócios os impedem. Tais ausentes (temporários) deveriam também ser cuidados com cuidado especial, uma vez que suas viagens a trabalho apresentam feridas únicas neles e em suas famílias. Esse artigo não é sobre eles.

3. Aqueles que vivem fora da área e escolhem a membresia na sua igreja local: a distância os impede. Tais ausentes deveriam ser encorajados ao aderir a uma igreja que eles possam comparecer. Esse artigo é sobre eles.

4. Aqueles que vivem na área e comparecem esporádica e inconstantemente: Nada realmente os impede, exceto sua própria escolha. Esse artigo é especialmente sobre eles.

Porque os ausentes são tóxicos

Esses últimos dois tipos de ausentes têm um efeito tóxico numa igreja local, porque apresentam a membresia no corpo de Cristo de forma insignificante.

Em 1Coríntios 12, o apóstolo Paulo fala sobre o corpo e suas partes como uma metáfora para a igreja:

Porque, assim como o corpo é um e tem muitos membros, e todos os membros, sendo muitos, constituem um só corpo, assim também com respeito a Cristo (1Coríntios 12:12).

Ora, vós sois corpo de Cristo; e, individualmente, membros desse corpo (1Coríntios 12:27).

Quando tiro o pêndulo do relógio do meu avô, ele ainda pode fazer algumas coisas, como abrir tampas de latas de tinta. Porém, isso é um mau uso do pêndulo. O pêndulo (uma parte) foi designado para caber dentro do relógio, juntando-se às outras partes e fornecendo o peso para colocar em movimento as engrenagens, que giram os ponteiros que nos dizem as horas. É assim que cristãos devem funcionar dentro do corpo de Cristo. Um cristão que se separa de um corpo local de cristãos é como um pêndulo abrindo uma lata de tinta, não um pêndulo que faz um relógio funcionar.

Porém, os ausentes não meramente machucam a si mesmos. Na verdade, eles têm um efeito tóxico na igreja local a qual pertencem nominalmente. Entendo que os ausentes têm 4 formas de serem tóxicos.

O efeitos tóxicos dos ausentes

1. Eles fazem o evangelismo ser mais difícil

Primeiro, ausentes fazem o evangelismo ser mais difícil. Sua igreja é chamada para ser um posto avançado do reino de Deus em sua comunidade, uma pequena, mas significante demonstração da glória de Deus na medida que vocês amam uns aos outros e amadurecem em Cristo. Portanto, todos os que carregam o nome de Cristo, como afirmado pela sua igreja, mas que de bom grado escolhe viver sua vida afastado da comunidade da aliança de crentes, está praticando usurpação de identidade. Eles estão tomando o nome de Cristo, mas não se identificam honestamente com seu corpo, a igreja local.

Tomando emprestada a metáfora de Jonathan Leeman, eles vestem a camisa do seu time, mas não praticam com ele ou competem por ele. Isso confunde seu testemunho para a comunidade descrente em volta. Não cristãos veem sua camisa em uma pessoa que parece estar jogando para o outro time. É como um homem que veste uma camisa do Palmeiras, mas torce para o Fortaleza, vai aos jogos do Fortaleza, fala sobre o vermelho, azul e branco, e sonha em ir para o Ceará algum dia. É inconsistente, confuso e enganoso. Voltando para uma linguagem mais bíblica, cristãos têm sido adotados no corpo de Cristo. Ausentes agem como órfãos. Isso faz tudo ser mais difícil para a vida corporativa da igreja em carregar o testemunho do evangelho.

2. Eles confundem os recém-convertidos

Segundo, ausentes confundem os recém-convertidos. Recém-convertidos são geralmente uma bagunça. Tudo que pensavam está de cabeça para baixo. Há uma grande confusão nas primeiras semanas, meses e até mesmo anos na vida de um recém-convertido. Eles precisam ser bem ensinados.

Porém, não somente isso, mas eles precisam de bons modelos. Quando a doutrina em que são ensinados não sincroniza com os modelos que veem, eles ficam confusos. Ausentes não são somente testemunhas reversas, são modelos reversos. Eles desrespeitam e desobedecem várias passagens das Escrituras e falham no caráter da imagem de Deus em quase todo aspecto básico, mesmo que aleguem ser filhos adotados.

Em sua arrogância, os ausentes estão efetivamente dizendo aos recém-convertidos: “Todas essas coisas que você está lendo na Bíblia não são realmente necessárias. Você pode viver sem o encorajamento de outros. Você pode viver sem sacrificar a si mesmo para servir e amar outros cristãos. Você pode viver sem ensinar ou pregar. Você pode viver sem pastores”.

3. Eles desencorajam os que são presentes regularmente

Terceiro, ausentes desencorajam os que são presentes regularmente. Os que são presentes regularmente se sacrificam para manter sua aliança com a igreja local. Eles dão seu dinheiro e tempo para suprir as necessidades dos outros membros do corpo, o que não é, no mínimo, fácil. Os ausentes não fazem essas coisas, pelo menos não com regularidade. Então, quando uma igreja permite que os ausentes permaneçam como membros, o significado de membresia é cortado, o que fere e desencoraja os fiéis.

Além do mais, os ausentes roubam da igreja sua necessidade de serviço, o que também tende a desencorajar mais fiéis presentes. Com certeza, uma igreja de 100 membros, onde todos os que estão trabalhando para a glória de Deus com os dons que Deus tem dado a eles, é exponencialmente mais forte que uma igreja com 35 presentes e 65 ausentes. Os ausentes, involuntariamente, deslocam todo o fardo para uns poucos, um fardo que aqueles poucos não deveriam estar carregando sozinhos.

4. Eles preocupam seus líderes

Quarto, ausentes preocupam seus líderes. Hebreus 13.17 diz: Obedecei aos vossos guias e sede submissos para com eles; pois velam por vossa alma, como quem deve prestar contas. À luz desse versículo, um pastor fiel, ou um presbítero, deveria se sentir responsável pelo estado espiritual de cada membro do seu rebanho. Como um pai preocupado com seu filho não ter chegado em casa tarde da noite, um bom pastor não descansa até que todas suas ovelhas estejam contadas. Os ausentes fazem essa tarefa ser quase impossível.

Enquanto o tempo e a coragem são necessários para tratar o problema dos ausentes, cada pastor ou presbítero deveria sentir um fardo de remover esses ausentes e curar os efeitos tóxicos que eles têm no evangelismo, nos recém-convertidos, nos fiéis presentes e nos pastores da igreja. O pagamento? Conforme a membresia da igreja, cada vez mais, consiste somente naqueles que fielmente estão presentes e contribuindo para a vida do corpo, a igreja começa a lembrar o propósito que Deus quis para o corpo: uma demonstração da sua sabedoria que carrega o Cabeça da Igreja, Jesus Cristo.




Autor: Matt Schmucker
Tradução: Matheus Fernandes
Revisão: Yago Martins
Fonte: Voltemos ao Evangelho