Enquanto eu crescia, sempre
ouvi que era melhor ser acusado de um pecado de omissão do que de comissão.
Dessa forma, você sempre poderia granjear seu pecado para esquecimento,
ignorância ou falta de consideração. O pecado de comissão era o que havia de pior
desde que surgisse como deliberado e calculado.
Ausência:
somente um pecado de omissão?
Temo que muitos cristãos
pensam que não comparecer à igreja regularmente é um pecado de omissão. Se é pecado mesmo, seria um pequeno. Não é muita coisa. “Não traga esse
legalismo para cá!”. Aparentemente, isso é o que muitos pastores, presbíteros, diáconos
e muitas congregações pensam, uma vez que eles pouco têm feito para
corresponder o espantoso número de ausentes.
Por exemplo, em minha
denominação, a Southern Baptist Convention [Convenção Batista do Sul], somente
um terço da membresia formal de quase 40 mil igrejas nos EUA de fato estão
presentes todo domingo. Isso significa que cerca de dez milhões dos que são
chamados cristãos, são na verdade ausentes.
Uma vez que nem todos os
ausentes são iguais, igrejas deveriam tratar os diferentes tipos de ausentes de
forma diferente. Aqui estão quatro tipos diferentes:
1. Aqueles que vivem na área e
são inaptos para comparecer: Idade ou saúde os impedem. Tais membros senis, ou
com sofrimentos físicos, deveriam ser tratados com cuidado especial. Esse
artigo não é sobre eles.
2. Aqueles que vivem
(temporariamente) fora da área e são inaptos para comparecer: transferências
militares ou de negócios os impedem. Tais ausentes (temporários) deveriam
também ser cuidados com cuidado especial, uma vez que suas viagens a trabalho
apresentam feridas únicas neles e em suas famílias. Esse artigo não é sobre
eles.
3. Aqueles que vivem fora da área
e escolhem a membresia na sua igreja local: a distância os impede. Tais
ausentes deveriam ser encorajados ao aderir a uma igreja que eles possam comparecer.
Esse artigo é sobre eles.
4. Aqueles que vivem na área e
comparecem esporádica e inconstantemente: Nada realmente os impede, exceto sua
própria escolha. Esse artigo é especialmente sobre eles.
Porque
os ausentes são tóxicos
Esses últimos dois tipos de
ausentes têm um efeito tóxico numa igreja local, porque apresentam a membresia
no corpo de Cristo de forma insignificante.
Em 1Coríntios 12, o apóstolo
Paulo fala sobre o corpo e suas partes como uma metáfora para a igreja:
Porque, assim como o corpo é
um e tem muitos membros, e todos os membros, sendo muitos, constituem um só
corpo, assim também com respeito a Cristo (1Coríntios 12:12).
Ora, vós sois corpo de Cristo;
e, individualmente, membros desse corpo (1Coríntios 12:27).
Quando tiro o pêndulo do
relógio do meu avô, ele ainda pode fazer algumas coisas, como abrir tampas de
latas de tinta. Porém, isso é um mau uso do pêndulo. O pêndulo (uma parte) foi
designado para caber dentro do relógio, juntando-se às outras partes e
fornecendo o peso para colocar em movimento as engrenagens, que giram os
ponteiros que nos dizem as horas. É assim que cristãos devem funcionar dentro
do corpo de Cristo. Um cristão que se separa de um corpo local de cristãos é como
um pêndulo abrindo uma lata de tinta, não um pêndulo que faz um relógio
funcionar.
Porém, os ausentes não
meramente machucam a si mesmos. Na verdade, eles têm um efeito tóxico na igreja
local a qual pertencem nominalmente. Entendo que os ausentes têm 4 formas de
serem tóxicos.
O
efeitos tóxicos dos ausentes
1. Eles fazem o evangelismo ser mais difícil
Primeiro, ausentes fazem o
evangelismo ser mais difícil. Sua igreja é chamada para ser um posto avançado
do reino de Deus em sua comunidade, uma pequena, mas significante demonstração
da glória de Deus na medida que vocês amam uns aos outros e amadurecem em
Cristo. Portanto, todos os que carregam o nome de Cristo, como afirmado pela
sua igreja, mas que de bom grado escolhe viver sua vida afastado da comunidade
da aliança de crentes, está praticando usurpação de identidade. Eles estão
tomando o nome de Cristo, mas não se identificam honestamente com seu corpo, a
igreja local.
Tomando emprestada a metáfora
de Jonathan Leeman, eles vestem a camisa do seu time, mas não praticam com ele
ou competem por ele. Isso confunde seu testemunho para a comunidade descrente
em volta. Não cristãos veem sua camisa em uma pessoa que parece estar jogando
para o outro time. É como um homem que veste uma camisa do Palmeiras, mas torce
para o Fortaleza, vai aos jogos do Fortaleza, fala sobre o vermelho, azul e
branco, e sonha em ir para o Ceará algum dia. É inconsistente, confuso e
enganoso. Voltando para uma linguagem mais bíblica, cristãos têm sido adotados
no corpo de Cristo. Ausentes agem como órfãos. Isso faz tudo ser mais difícil
para a vida corporativa da igreja em carregar o testemunho do evangelho.
2. Eles confundem os recém-convertidos
Segundo, ausentes confundem os
recém-convertidos. Recém-convertidos são geralmente uma bagunça. Tudo que
pensavam está de cabeça para baixo. Há uma grande confusão nas primeiras
semanas, meses e até mesmo anos na vida de um recém-convertido. Eles precisam
ser bem ensinados.
Porém, não somente isso, mas
eles precisam de bons modelos. Quando a doutrina em que são ensinados não
sincroniza com os modelos que veem, eles ficam confusos. Ausentes não são
somente testemunhas reversas, são modelos reversos. Eles desrespeitam e
desobedecem várias passagens das Escrituras e falham no caráter da imagem de
Deus em quase todo aspecto básico, mesmo que aleguem ser filhos adotados.
Em sua arrogância, os ausentes
estão efetivamente dizendo aos recém-convertidos: “Todas essas coisas que você
está lendo na Bíblia não são realmente necessárias. Você pode viver sem o
encorajamento de outros. Você pode viver sem sacrificar a si mesmo para servir
e amar outros cristãos. Você pode viver sem ensinar ou pregar. Você pode viver
sem pastores”.
3. Eles desencorajam os que são presentes regularmente
Terceiro, ausentes
desencorajam os que são presentes regularmente. Os que são presentes
regularmente se sacrificam para manter sua aliança com a igreja local. Eles dão
seu dinheiro e tempo para suprir as necessidades dos outros membros do corpo, o
que não é, no mínimo, fácil. Os ausentes não fazem essas coisas, pelo menos não
com regularidade. Então, quando uma igreja permite que os ausentes permaneçam
como membros, o significado de membresia é cortado, o que fere e desencoraja os
fiéis.
Além do mais, os ausentes
roubam da igreja sua necessidade de serviço, o que também tende a desencorajar
mais fiéis presentes. Com certeza, uma igreja de 100 membros, onde todos os que
estão trabalhando para a glória de Deus com os dons que Deus tem dado a eles, é
exponencialmente mais forte que uma igreja com 35 presentes e 65 ausentes. Os
ausentes, involuntariamente, deslocam todo o fardo para uns poucos, um fardo
que aqueles poucos não deveriam estar carregando sozinhos.
4. Eles preocupam seus líderes
Quarto, ausentes preocupam
seus líderes. Hebreus 13.17 diz: Obedecei aos vossos guias e sede submissos
para com eles; pois velam por vossa alma, como quem deve prestar contas. À luz
desse versículo, um pastor fiel, ou um presbítero, deveria se sentir
responsável pelo estado espiritual de cada membro do seu rebanho. Como um pai
preocupado com seu filho não ter chegado em casa tarde da noite, um bom pastor
não descansa até que todas suas ovelhas estejam contadas. Os ausentes fazem
essa tarefa ser quase impossível.
Enquanto o tempo e a coragem
são necessários para tratar o problema dos ausentes, cada pastor ou presbítero
deveria sentir um fardo de remover esses ausentes e curar os efeitos tóxicos
que eles têm no evangelismo, nos recém-convertidos, nos fiéis presentes e nos
pastores da igreja. O pagamento? Conforme a membresia da igreja, cada vez mais,
consiste somente naqueles que fielmente estão presentes e contribuindo para a
vida do corpo, a igreja começa a lembrar o propósito que Deus quis para o
corpo: uma demonstração da sua sabedoria que carrega o Cabeça da Igreja, Jesus
Cristo.
Autor: Matt
Schmucker
Tradução: Matheus
Fernandes
Revisão: Yago
Martins
Fonte:
Voltemos ao Evangelho