29 de agosto de 2016

Discernimento e oposição ao mal


O verdadeiro discernimento bíblico é fundamentado no conhecimento e no amor pela verdade. Conforme Paulo disse em 1 Tessalonicenses 5.21, cada crente com discernimento deve agarrar com firmeza aquilo que é bom. Porém, esse não é o único ingrediente. Hoje, muitos pastores e líderes da igreja acreditam que, se eles apenas pregarem a verdade, seu povo será capaz de evitar que o erro se infiltre. Todavia, não é assim que o verdadeiro discernimento funciona. Como Paulo deixou claro aos Tessalonicenses: Abstenham-se de toda forma de mal (1Ts 5.22). 

A palavra traduzida como abster-se é um verbo muito forte. Apechō significa “manter-se atrás”, “manter a distância”. É a mesma palavra usada em 1 Tessalonicenses 4.3 – abstenhais da prostituição e em 1 Pedro 2.11 – absterdes das paixões carnais. Ele nos chama para uma separação radical de “toda forma de mal”. Isto deve incluir o mau comportamento, é claro. Mas, neste contexto, a referência principal parece ser a respeito do mal em ensinar falsas doutrinas. Quando você identificar algo que não está certo, algo que é mal, falso, errôneo ou contrário à sã doutrina, tendo examinado tudo à luz da Palavra de Deus,  evite. 

A Escritura não permite aos crentes se expor ao mal. Algumas pessoas acreditam que a única maneira de se defender contra uma falsa doutrina é estudá-la, tornando-se conhecedor dela, dominar todas as suas nuances e, então, refutá-la. Eu sei de pessoas que estudam mais as denominações do que a sã doutrina. Alguns cristãos mergulham na filosofia, no entretenimento e na cultura da sociedade. Eles imaginam que tal estratégia irá reforçar o seu testemunho aos incrédulos.

Contudo, enfatizar a estratégia é errado. Nosso foco deve ser o conhecimento da verdade. O erro deve ser evitado.   

Reconheço que não podemos ingressar numa vida monástica a fim de escaparmos da exposição de toda influência maligna. E nem devemos ser pretensos especialistas a respeito do mal. O apóstolo Paulo escreveu: quero que sejais sábios para o bem e símplices para o mal (Rm 16.19).

Na versão King James, 1 Tessalonicenses 5.22 é traduzida como abster-se de toda a forma do mal. A palavra grega traduzida como “forma” é eidos; literalmente, “aquilo que é visto”. A New American Standard fornece o melhor sentido para a passagem, traduzindo como toda forma de mal. Devemos rejeitar o mal para evitar qualquer manifestação dele.

Isso exclui explicitamente o sincretismo. Sincretismo é a prática de misturar ideias de várias religiões e filosofias. Algumas pessoas, mesmo alguns que professam ser crentes, consomem materiais de várias denominações, procurando algo de bom em tudo isso. Seja o que for que eles considerem bom, no final acabam absorvendo o sistema de crenças deles. Eles acabam projetando suas próprias religiões singulares baseadas no sincretismo.

Um sincretista pode tentar usar 1 Tessalonicenses 5.21 para justificar a sua metodologia: Julgai [ou examinai] todas as coisas, retende o que é bom. Afinal, isto é exatamente o que ele está fazendo – analisando tudo. Com efeito, o que ele realmente está fazendo é o oposto do que a passagem exige. O versículo 21 é sustentado pelo versículo 22: abstende-vos de toda forma de mal

Não há como encontrar a verdade na falsa doutrina. Geralmente, há algum ponto de verdade, mesmo na heresia “rankest”. Essa é a estratégia sutil de Satanás. Frequentemente ele sabota a verdade, associando-a com o erro. A verdade “misturada” com o erro é geralmente muito mais eficaz e muito mais destrutiva do que uma contradição honesta da verdade. Se você acha que tudo o que lê ou ouve no rádio e na televisão é um ensinamento correto, então você é um alvo principal da fé imprudente. Se você acha que todo mundo realmente aparece por amor à verdade, então você não entende as ciladas de Satanás. Paulo escreveu que Satanás se transforma em anjo de luz. Portanto, não é muito [surpreendente], pois, que os seus próprios ministros se transformem em ministros de justiça (2Co 11.14-15).

Satanás também disfarça suas mentiras como verdade. Ele nem sempre trava uma guerra aberta contra o evangelho. É muito mais provável que ele ataque a igreja infiltrando astutamente o erro nela. Ele utiliza a estratégia “Cavalo de Tróia”, colocando seus falsos mestres na igreja, onde eles poderão introduzir encobertamente heresias destruidoras (2Pe 2.1). Ele coloca suas mentiras na boca de alguém que diz falar em nome de Jesus Cristo, alguém simpático e cativante; em seguida, ele espalha suas mentiras perversas na igreja em que pode atrair os discípulos de Cristo (At 20.30). Ele dispõe de versículos da Bíblia para corroborar suas mentiras (Mt 4.6). Ele utiliza o engano e a hipocrisia. Ele disfarça a mentira como verdade. Ele ama o sincretismo. Ele faz o mal com uma boa aparência.

É por isso que estamos verificando tudo cuidadosamente para evitar tudo o que for pútrido, corrupto ou errônea. Fazer qualquer coisa aquém disso é fatal. Milhões de pessoas na igreja hoje estão sendo confundidas pela artimanha do “Cavalo de Tróia”, que convida para a integração de ideias seculares com a verdade bíblica. Outros, porém, são facilmente enganados por qualquer coisa rotulada de “cristã”. Eles não examinam cuidadosamente todas as coisas. Eles não se agarram com firmeza na verdade. Eles não evitam o mal. Como resultado, ficam vulneráveis à falsa doutrina e sem defesa contra a fé negligente. 




Autor: John MacArthur
Fonte: Grace to You
Tradução: Leonardo Dâmaso
Divulgação: Reformados 21




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