O terceiro ofício listado por
Paulo é o de evangelista. Este ofício é frequentemente mal interpretado hoje, pois muitas
denominações ainda têm um oficial chamado evangelista. O moderno “evangelista”
é alguém que prega o evangelho onde ele ainda não é conhecido. Assim, os
plantadores de igreja, missionários e pregadores de rua são frequentemente
chamados de evangelistas. De fato, o evangelista moderno gasta a maior parte do
tempo fazendo a obra de evangelismo. Contudo, mesmo o título de “evangelista” estando
ainda em uso hoje, se deve fazer distinção entre o ofício de evangelista do
Novo Testamento e seu conceito moderno. Há várias razões porque o ofício de
evangelista durante os primeiros tempos da igreja foi único.
(1) Todos os evangelistas
nomeados no Novo Testamento (exceto talvez Estevão e Filipe) tinham ministérios
que estavam intimamente ligados à obra dos apóstolos (Barnabé, Timóteo,
João, Marcos, Tito, Silas, Lucas). Eles frequentemente trabalhavam como
assistentes especiais dos apóstolos. Quanto a Tito, é meu companheiro e
cooperador convosco; quanto a nossos irmãos, são mensageiros das igrejas e
glória de Cristo (2 Co 8:23).
(2) Os evangelistas do Novo
Testamento tinham recebido poderes sobrenaturais do Espírito para operar sinais
e milagres (Estevão – At 6:8; Filipe – At 8:13; Barnabé – At 14:3). Os
dons miraculosos foram necessários para autenticar a mensagem do evangelho a
cada vez que havia nova revelação (cf. Êx. 4:5; 1 Re. 17:4; Jo 17:4; 2 Co.
12:12; etc.); durante o período de fundação da igreja. Por causa de sua
habilidade para operar milagres e da intima conexão com o apostolado, o ofício
de evangelista foi considerado temporário e fundador pelos primeiros teólogos e
comentaristas reformados. A Forma de Governo da Igreja Presbiteriana nos
Padrões de Westminster afirma:
“Os ofícios que Cristo designou para a edificação de sua igreja, e o aperfeiçoamento dos santos, são, alguns extraordinários, como apóstolos, evangelistas e profetas, que cessaram. Outros ordinários e perpétuos, como pastores, mestres, diáconos e outros líderes da igreja.”
“Os ofícios que Cristo designou para a edificação de sua igreja, e o aperfeiçoamento dos santos, são, alguns extraordinários, como apóstolos, evangelistas e profetas, que cessaram. Outros ordinários e perpétuos, como pastores, mestres, diáconos e outros líderes da igreja.”
(3) Os evangelistas do Novo
Testamento frequentemente se envolviam em obras especiais. Quando os apóstolos
tinham um trabalho especial para fazer, eles escolhiam um evangelista para a tarefa.
Eles eram em certo sentido vigários apostólicos; isto é, eram homens investidos
com poderes especiais para um propósito específico. Eles desempenharam tarefas
ministeriais que somente alguém especialmente comissionado por um apóstolo
poderia fazer. Os enviados se igualam aos apóstolos como superintendentes das
igrejas. Espero, porém, no Senhor Jesus, mandar-vos Timóteo, o mais breve possível,
a fim de que eu me sinta animado também, tendo conhecimento da vossa situação. (Fp 2:19). Paulo ordenou Tito para constituir presbíteros em cada cidade (Tt 1:5; cf. At 15:22; 2 Tm 4:9; Tt 3:12).
(4) Sempre que Paulo lista os
oficiais da igreja, ele sempre coloca o evangelista antes do pastor. Esta
posição é logicamente determinada pelas habilidades do evangelista para operar
sinais e milagres e suas funções como representantes apostólicos para
inspecionar as igrejas, designar presbíteros e assim por diante.
Dado o testemunho da Escritura
com respeito ao ofício de evangelista, ou se considera este ofício temporário
(como o fez João Calvino e os teólogos de Westminster), deve-se perguntar
se aqueles dons sobrenaturais associados a este ofício e a íntima conexão com
os apóstolos cessaram enquanto o ofício em si continua. Essa última opinião,
apesar de popular, deve ser rejeitada pela simples razão de que nós não temos o
direito bíblico de remover os aspectos principais de um ofício cuidadosamente
definido na Escritura sem autorização divina. Os homens que hoje estão
envolvidos no trabalho missionário e na plantação de igreja são presbíteros
docentes que estão focando uma grande parte de sua atenção sobre o evangelismo.
Eles são pastores evangelistas, não evangelistas de acordo com a estrita
definição bíblica do termo. Quando Timóteo foi ordenado ao pastorado, Paulo o ordenou:
faze a obra de um evangelista (2 Tm 4:5). Obviamente, os elementos do
ofício de evangelista que não são particulares ao primeiro século, tais como a
pregação do evangelho em novas áreas e o estabelecimento de novas igrejas continua. Porém eles continuam através do ofício não extraordinário e perpétuo
de pastor.
Autor: Brian
Schwertley
Fonte: Extraído
de Spiritual Gifts, Part 3 – Evangelist. Copyright © 2004, Haslett, MI.
Tradução: Márcio
Santana Sobrinho
Via: Monergismo