31 de agosto de 2016

A heresia da indiferença


A doutrina é uma questão muito importante na vida e na morte. Nossa doutrina determina o nosso destino. Ela não só afeta a nossa visão sobre Deus, mas nosso ponto de vista sobre tudo. Somos seres doutrinais por natureza. Todas as pessoas sustentam algum tipo de doutrina. Contudo, a questão é se a nossa doutrina é bíblica ou não. Consequentemente, não nos atrevemos a sermos indiferentes sobre doutrina. Na verdade, há uma razão de nunca termos ouvido falar de um mártir cristão que era indiferente acerca da doutrina. A indiferença com respeito à doutrina é a mãe de toda heresia em toda a história, e em nosso dia essa indiferença está se espalhando como um incêndio nos púlpitos e bancos de nossas igrejas. Ironicamente, a afirmação de que a doutrina não importa é, na verdade, uma doutrina em si.

Quando as pessoas me dizem que estão em Jesus, mas não na doutrina, digo-lhes que, se elas não estão na doutrina, na verdade não estão em Jesus. Não podemos conhecer Jesus sem conhecer a doutrina, e não podemos amar a Deus sem conhecer a Deus, e a maneira que nós conhecemos a Deus é através do estudo de Sua Palavra. A doutrina vem de Deus, que nos ensina sobre Ele, e pela fé nos leva de volta a Deus em adoração, serviço e amor. A indiferença para com a doutrina é indiferença para com Deus, e indiferença para com Deus é indiferença para com a nossa própria eternidade. Pastores que acreditam que é relevante e legal ser indiferente em relação à doutrina, que minimizam a necessidade e importância da mesma, e que não conseguem pregar e explicá-la em seus sermões, são, na verdade, fracos em oferecer ao seu povo aquilo que irá salvar suas almas. Quem menospreza ou distorce intencionalmente a doutrina na pregação não é legal, humilde ou relevante, mas sim, um arrogante. Não há nada mais importante do que a doutrina; não há nada mais humilhante do que a doutrina; e não há nada que chega mais rapidamente aos nossos olhos fora de nós mesmos e fixa nosso amor em nosso Deus amoroso e misericordioso do que a doutrina que procede de dEle.

A doutrina, entretanto, não é um fim em si mesmo. A doutrina existe para nos ajudar a conhecer, amar, adorar e glorificar o Deus que é. Há poucas coisas que o diabo quer mais do que ter igrejas cheias de pessoas que pensam que são tão simples como um cano de rifle em sua doutrina: pessoas que sejam vazias no momento da aplicação de suas doutrinas. Doutrina entendida corretamente é doutrina aplicada corretamente. Se separarmos a doutrina da nossa vida, a doutrina nos levará à morte. A doutrina é um dom de Deus, e flui a partir das páginas inspiradas de sua Palavra para que possamos amá-lo com todo o nosso ser e ao nosso próximo como a nós mesmos. É por isso que devemos ser dogmáticos em nossa doutrina, não dogmaticamente severos, mas dogmaticamente humildes, procurando conhecer, proclamar e defender a doutrina que nos ensina acerca do nosso amoroso e santo Senhor que se entregou por nós. Devemos ser dogmático em nossa doutrina e dogmática em vivê-la para a glória de Deus. Como Matthew Henry escreveu: “Aqueles que ensinam por suas doutrinas devem ensinar por suas vidas, ou então eles irão derrubar com uma mão o que se edifica com a outra.”




Autor: Burk Parsons
Tradução: Leonardo Dâmaso
Divulgação: Reformados 21




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