O termo pentecostal está
definitivamente incorporado ao dicionário da Igreja Cristã. Desde o início do
século 20, quando um grupo de crentes começou a falar em línguas numa missão
evangélica em Los Angeles, o movimento pentecostal se espalhou pelos quatro
cantos do planeta. Hoje estima-se que as igrejas pentecostais e neopentecostais
sejam mais numerosas que as tradicionais. O termo pentecostal é
tirado do episódio que ocorreu no dia de Pentecostes em Jerusalém, quando os
discípulos do Senhor Jesus foram batizados com o Espírito Santo.
Os pentecostais dizem que receberam uma experiência igual àquela. Eles raciocinam: os discípulos eram crentes, mas receberam o batismo depois, e falaram em línguas, então, há uma conversão operada pelo Espírito Santo, mas o batismo é uma segunda bênção, uma segunda experiência pós-conversão. Dessa forma, para o pentecostalismo, há duas classes de crentes na igreja: os que já chegaram lá e os que ainda não conseguiram. Quem já foi batizado faz parte da elite dos crentes, enquanto que, quem não foi batizado, faz parte de uma categoria inferior de crentes. Estes últimos, frequentemente recebem alguma discriminação por parte dos mais "adiantados", e se veem ameaçados pela pergunta tradicional: "Você ainda não foi batizado no Espírito Santo?".
O Penúltimo Evento Redentivo
Os crentes pentecostais e
neopentecostais afirmam que Atos 2 é a norma para os crentes de todas as
épocas, mas Atos 2.1-4 é a narrativa histórica a respeito do cumprimento da
promessa de Jesus de enviar o Espírito Santo, selando as profecias do Antigo
Testamento e completando o último evento da história da redenção, antes da
segunda vinda. Dois grupos de pessoas foram batizados com o Espírito Santo no
capítulo 2 de Atos. Os 120 discípulos reunidos no cenáculo e a multidão de 3
mil pessoas que se converteram com a pregação de Pedro. Os 120 já andavam com
Jesus e eram convertidos. Os 3 mil não eram crentes, mas se converteram naquele
dia e com certeza também receberam o batismo com o Espírito Santo. Qual deveria
ser a norma para nós hoje? Os 120 que precisaram aguardar até o dia
determinado, ou os 3 mil que não precisavam mais aguardar a descida do Espírito
Santo, uma vez que ele já havia descido? Parece óbvio dizer que o segundo grupo
é padrão, pois também nós vivemos na era após a descida do Espírito.
É preciso fazer uma distinção
entre a descida do Espírito Santo e o dia do Pentecostes. Podemos até dizer
que, num certo sentido, uma coisa nada tem a ver com a outra. O Pentecostes
significa quinquagésimo, pois acontecia 50 dias depois da Páscoa. Também era
chamada de festa das semanas, por acontecer 7 semanas depois da Páscoa. Mas, a
comemoração mais comum era por causa das colheitas. A única relação entre o
Pentecostes e o Batismo com o Espírito Santo foi que Deus resolveu enviar o
Espírito Santo naquele dia sobre os discípulos, provavelmente aproveitando a
ocasião em que haveria pessoas de várias partes do mundo em Jerusalém. Os
judeus celebravam o Pentecostes como o aniversário da dádiva da lei no Sinai,
data, segundo criam, no quinquagésimo dia depois do êxodo. Aquele foi o momento
sublime em que Deus selou a Aliança com a nação de Israel, mas agora, no
Pentecostes, algo de proporções ainda maiores estava acontecendo. Deus estava
selando sua Aliança com a igreja de todos os povos.
Atos 2.1-4 tem sua importância
não por causa da festa do Pentecostes em si, mas pelo fato de que Deus cumpriu
mais um evento da história da redenção naquele dia. O nascimento de Jesus foi o
primeiro evento histórico da redenção. O próximo evento foi sua morte, depois
sua ressurreição, por fim sua ascensão, e então, a descida do Espírito Santo.
Depois disso, só resta a segunda vinda. Portanto, o evento que aconteceu no dia
de Pentecostes foi o último da histórica atividade salvadora de Jesus. Assim
como a morte de Jesus e sua ressurreição, são impossíveis de serem repetidas; também o evento da descida do Espírito Santo não se repete. Mas, do mesmo modo
como os efeitos da morte e da ressurreição de Jesus estão presentes em todas as
épocas, também os efeitos da descida do Espírito Santo estão presentes em todas
as épocas, e disponíveis a todas as pessoas. Sem a descida do Espírito Santo, a
obra redentora de Jesus não estaria acabada, e sua promessa não teria sido
cumprida. E mesmo a promessa do Antigo Testamento do derramamento do Espírito
Santo passaria em branco. Tudo, porém, se cumpriu no dia do Pentecostes, e como
cumprimento, podemos dizer que se cumpriu de uma vez por todas. Os efeitos da
vinda do Espírito Santo permanecem na igreja, dessa forma não precisamos pedir
ao Pai que nos dê o Espírito Santo, ou que faça o Espírito descer, pois ele já
desceu. Pedir que Deus envie o Espírito Santo, seria algo semelhante a pedir
que Deus faça Jesus morrer de novo.
Autor: Leandro
Lima
Fonte: Pensamentos Reformados