31 de agosto de 2016

O "Day After": o que nos reserva o futuro político pós-PT?


Ofereço um possível cenário para o que pode ocorrer nos meses que se seguirão ao impeachment de Dilma Rousseff, e ao indiciamento de Lula da Silva e sua eventual prisão.

1. O PT vai perder muito de sua força, com vários de seus principais líderes presos ou na iminência de serem presos; os quadros do partido com mais senso de sobrevivência já saíram ou estão para sair do PT, migrando para partidos de centro, como o PMDB, ou de centro-esquerda ou extrema-esquerda, como o PSB, a REDE e PSOL. Somente em São Paulo, 20% dos prefeitos petistas deixaram a sigla recentemente. Por isso, candidatos petistas às eleições municipais têm trocado o tradicional vermelho por outras cores e escondido a estrela, o símbolo do partido. Para os próximos meses, o desafio da legenda será sobreviver, eleitoral e judicialmente.

A heresia da indiferença


A doutrina é uma questão muito importante na vida e na morte. Nossa doutrina determina o nosso destino. Ela não só afeta a nossa visão sobre Deus, mas nosso ponto de vista sobre tudo. Somos seres doutrinais por natureza. Todas as pessoas sustentam algum tipo de doutrina. Contudo, a questão é se a nossa doutrina é bíblica ou não. Consequentemente, não nos atrevemos a sermos indiferentes sobre doutrina. Na verdade, há uma razão de nunca termos ouvido falar de um mártir cristão que era indiferente acerca da doutrina. A indiferença com respeito à doutrina é a mãe de toda heresia em toda a história, e em nosso dia essa indiferença está se espalhando como um incêndio nos púlpitos e bancos de nossas igrejas. Ironicamente, a afirmação de que a doutrina não importa é, na verdade, uma doutrina em si.

30 de agosto de 2016

Pastores-políticos: pode isso, Perkins?


Nos últimos dias, surgiram nas redes sociais várias discussões entre cristãos sobre se seria lícito a um pastor cumular um ofício político, como o de vereador. Esses debates não focavam o aspecto da laicidade do Estado   como por vezes se discute, sobretudo entre os progressistas, se deveria haver algum tipo de impedimento ao exercício de cargo político por pessoas professadamente religiosas. Em vez disso, a conversa girava em torno da ética vocacional cristã: se há várias situações em que se admitem ministros evangélicos bivocacionados (por exemplo, quando exercem o magistério), por que a vocação política seria uma exceção?

Acredito que podemos encontrar muita sabedoria para lidar com este assunto no livro A Treatise of the Vocations (“Um tratado das vocações”), do puritano William Perkins (1558–1602), que apresenta de forma sistematizada e pretensamente exaustiva uma “teologia prática” das vocações.

29 de agosto de 2016

Discernimento e oposição ao mal


O verdadeiro discernimento bíblico é fundamentado no conhecimento e no amor pela verdade. Conforme Paulo disse em 1 Tessalonicenses 5.21, cada crente com discernimento deve agarrar com firmeza aquilo que é bom. Porém, esse não é o único ingrediente. Hoje, muitos pastores e líderes da igreja acreditam que, se eles apenas pregarem a verdade, seu povo será capaz de evitar que o erro se infiltre. Todavia, não é assim que o verdadeiro discernimento funciona. Como Paulo deixou claro aos Tessalonicenses: Abstenham-se de toda forma de mal (1Ts 5.22). 

28 de agosto de 2016

Aos pastores, presbíteros e diáconos que mentiram em sua ordenação


A sua ordenação foi um ato de singular importância. No Conselho da Igreja local, ou numa Reunião do Presbitério, ou num culto público, você respondeu solenemente algumas perguntas, diante de Deus, das autoridades instituídas por Ele, tendo parte da Igreja de Cristo como testemunha. Após ter se comprometido com um claro e audível SIM, você se ajoelhou, num ato de submissão, e demonstrando verbalmente aceitação e compromisso confessional, foram impostas mãos sobre a sua cabeça para a ordenação como um oficial da IPB.

Alguns dias depois você começa em suas conversações a desdizer o que declarou publicamente. Os seus sermões, estudos e simples conversas informais levantam discordância da identidade confessional da IPB. Apresenta-se mais "aberto", mais tolerante, e fala num tom mais inteligente e atraente do que os tradicionais, a quem se refere como obscurantistas e frios. Critica o crescimento da igreja local e da IPB, questiona a rigidez da teologia, bem como o desprezo gratuito pelo neopentecostalismo, e começa a afirmar que precisamos de sermos mais práticos, mais piedosos, mais fervorosos. Entretanto, o seu discurso não é em direção da verdadeira piedade, mas sim, para uma mudança de paradigma. A liderança adota nova linguagem: vivemos para relacionamentos e para uma nova visão! Assim, se investe em estrutura, marketing, slogans, expressões afetivas e menos conteúdo doutrinário, menos profundidade bíblica.

27 de agosto de 2016

O que é ser Pentecostal?


O termo pentecostal está definitivamente incorporado ao dicionário da Igreja Cristã. Desde o início do século 20, quando um grupo de crentes começou a falar em línguas numa missão evangélica em Los Angeles, o movimento pentecostal se espalhou pelos quatro cantos do planeta. Hoje estima-se que as igrejas pentecostais e neopentecostais sejam mais numerosas que as tradicionais. O termo pentecostal é tirado do episódio que ocorreu no dia de Pentecostes em Jerusalém, quando os discípulos do Senhor Jesus foram batizados com o Espírito Santo.

26 de agosto de 2016

Deus não é o autor do pecado


As maneiras diferentes de Deus lidar com os homens

Ele tem misericórdia de alguns, e endurece a outros. Quando se diz aqui que Deus endurece alguns dos filhos dos homens, não se deve entender que Deus, por alguma atitude positiva, endurece o coração de algum homem. Não há uma ação positiva de Deus como se Ele aplicasse algum poder para endurecer o coração. Supor algo assim seria fazer de Deus o autor imediato do pecado. 


25 de agosto de 2016

Quando a Cultura se Torna Evangelho



O relacionamento dos cristãos com a cultura, na qual estão inseridos, sempre representou um grande desafio para eles. Opções como amoldar-se, rejeitar a cultura, idolatrá-la, ou tentar redimi-la, tem encontrado adeptos em todo lugar e época. Em nosso país, com uma cultura tão rica, variada e envolvente, o desafio parece ainda maior nos dias atuais. Como aqueles que creem em Jesus Cristo e adotam os valores bíblicos quanto à família, trabalho, lazer, conhecimento e as pessoas em geral podem se relacionar com esta cultura?

Existem muitas definições disponíveis e parecidas de cultura. No geral, define-se como um conjunto de valores, crenças e práticas de uma sociedade em particular, que inclui artes, religião, ética, costumes, maneira de ser, divertir-se, organizar-se, etc.

24 de agosto de 2016

Restauração: uma necessidade impreterível


Texto base: Ezequiel 37.1-14

INTRODUÇÃO

Panorama histórico

O livro de Ezequiel retrata a história do povo de Israel que havia sido levado prisioneiro para a Babilônia no ano 597 a.C. Em 2 Reis 24.11-18 é relatado que Jerusalém foi invadida pelo exército do rei Nabucodonosor. Logo depois, o próprio Nabucodonosor chega à cidade e subjuga o rei Joaquim e toda a família real, levando-os como prisioneiros.

Foram levados para a babilônia como prisioneiros mais de dez mil judeus, especialmente os de posição elevada na sociedade e os mais inteligentes, deixados para trás apenas os pobres e inferiores. Entre estes prisioneiros estavam soldados militares, os melhores artesãos e todos aqueles com habilidades específicas e capazes de lutar em guerra.

Apesar de os Babilônios terem levado apenas os judeus mais proeminentes, todavia estes permaneceram em uma posição privilegiada na sociedade Babilônica; residiram como colonos, não como escravos, permaneciam juntos e trabalhavam em boas condições, cultivando a terra (Jr 29).

23 de agosto de 2016

Regeneração e suas circunstâncias concomitantes


Devemos considerar a maneira em que a regeneração ocorre, o que é bastante variável. 

(1) Alguns são convertidos de modo bem repentino, como em um momento. Este foi o caso de Zaqueu, do ladrão na cruz, muitos no dia de Pentecostes, e o carcereiro. Com outros, isso acontece morosamente.

(2) Alguns são convertidos por meio de grande terror e consternação, provocados pelo confronto com a lei, morte e condenação, como foi no dia de Pentecostes e com o carcereiro (At 16.27).

22 de agosto de 2016

O Pluralismo do Pós-Modernismo (2/3)


3. As Pressuposições Gerais do Pluralismo Pós-Modernista

O pluralismo tem várias grandes pressuposições que controlam todo um conjunto de ideias inclusivistas:

A. O Abandono da Arrogância Cultural e Teológica

A primeira grande pressuposição é que, segundo a abordagem pluralista, todas as religiões têm que abandonar a sua arrogância teológica. Nenhum grupo religioso pode jactar-se de ser superior ao outro em termos de verdade, porque a religião está associada à cultura. E não existe uma cultura superior à outra. Todas são igualmente boas.

Segundo posso perceber, o cristianismo é altamente relevante na sociedade contemporânea, não para levantar novamente a bandeira do intelectualismo, mas para mostrar a racionalidade da fé cristã, para trazer de volta os fundamentos da sociedade e da moralidade, e para responder a questões que só o cristianismo pode responder. Contudo, convicções como a minha têm sido continuamente questionadas hoje. Num contexto pluralista em que vivemos, ninguém pode dizer uma coisa dessas da sua própria religião. Tudo é relativizado. A crença básica do pluralismo está expressa nestas palavras de McGrath:

21 de agosto de 2016

Santo Sansão


Seguindo a minha tentativa de ressuscitar a reputação de Jefté, eu dirijo a minha atenção agora para Sansão. De certa forma, Sansão é ainda mais difícil de ser reabilitado por causa da sua popularidade (Ou devo dizer, “infâmia”?) nas Bíblias de histórias infantis. Estamos todos familiarizados com a narrativa e a moral: “Não seja como Sansão que cometeu adultério, assassinato e suicídio.”

A caricatura popular é também sustentada por vários comentaristas, como esta seleção de citações demonstra:

Sansão era dominado por lascívia, orgulho e uma paixão por vingança.

Sua vida parece que foi cercada de relacionamentos ilícitos com prostitutas e mulheres de vida fácil.

Suas façanhas demonstram as ações de um jovem delinquente incontrolável.

Seu último ato envolveu uma recusa de deixar Deus operar sua própria vindicação por meios legais, o qual sua oração de morte permanece em triste contraste à oração de morte do nosso bendito Salvador.

20 de agosto de 2016

O enigma da origem do pecado


A questão da origem do pecado, depois da questão da própria existência, é o maior enigma da vida e a cruz mais pesada que o intelecto tem de carregar. A questão “de onde vem o pecado?, ocupou a mente dos seres humanos em todos os séculos e ainda aguarda uma resposta mais satisfatória que a da Escritura. Como a Filosofia não nos ensinou nada novo sobre esse assunto, ela é, falando abertamente, uma forte prova da verdade escriturística de que este mundo é inexplicável sem a queda. Todos os grandes pensadores, mesmo que ignorem Gênesis 3 ou o rejeitem como mito, sem querer dão apoio tácito ou explícito a essa narrativa simples. Como a Filosofia buscou uma solução para o problema em outra direção, ela perdeu o rastro e infelizmente se perdeu. Isso se aplica, antes de tudo, à explicação pelagiana do pecado, às muitas objeções que foram mencionadas acima e serão discutidas detalhadamente em nossa discussão sobre a essência e a propagação do pecado, mas se aplica também a todos os sistemas que atribuem o mal não a um ato volitivo da criatura, mas à natureza da humanidade, ao mundo ou a Deus.

19 de agosto de 2016

Como Evitar Desequilíbrios Religiosos


Os nossos esforços para sermos corretos nos podem conduzir ao erro.

A operação do Espírito, no coração humano, não é inconsciente nem automática. A vontade e a inteligência humana devem ceder e cooperar com as benignas intenções de Deus. Penso que é neste ponto que muitos de nós nos perdemos. Ou tentamos nos tornar santos, e, então, falhamos miseravelmente; ou, então, procuramos atingir um estado de passividade espiritual, esperando que Deus aperfeiçoe nossa natureza, em santidade, como alguém que se assentasse esperando que um ovo de pintarroxo chocasse sozinho. Trabalhamos febrilmente, para conseguir o impossível, ou não trabalhamos de forma alguma. O Novo Testamento nada conhece da operação do Espírito em nós à parte de nossa própria resposta moral favorável. Vigilância, oração, autodisciplina e aquiescência inteligente aos propósitos de Deus são indispensáveis para qualquer progresso real na santidade. Existem certas áreas de nossas vidas em que os nossos esforços para sermos corretos podem nos conduzir ao erro, a um erro tão grande que leva à própria deformação espiritual. Por exemplo:

18 de agosto de 2016

Arrependimento


A questão foi discutida: o que vem primeiro, a fé ou o arrependimento? É uma questão desnecessária, e a insistência de que um antecede o outro é fútil. Não há prioridade. A fé que é para a salvação é uma fé penitente, e o arrependimento que é para a vida é um arrependimento crente. O arrependimento é admiravelmente definido no Breve Catecismo: “Arrependimento para a vida é uma graça salvadora, pela qual o pecador, tendo uma verdadeira consciência de seu pecado e percepção da misericórdia de Deus em Cristo, se enche de tristeza e de aversão pelos seus pecados, os abandona e volta para Deus, inteiramente resolvido a prestar-lhe nova obediência”. A interdependência da fé e do arrependimento é facilmente percebida quando nos lembramos de que a fé é fé em Cristo para a salvação do pecado. Porém, se a fé é dirigida para a salvação do pecado, deve haver ódio pelo pecado e o desejo de ser salvo dele. Tal ódio pelo pecado envolve o arrependimento que consiste essencialmente em voltar-se do pecado para Deus. 

17 de agosto de 2016

O que é a "Liberdade no Espírito"?


Um dos argumentos mais usados para se justificar coisas estranhas que acontecem nos cultos evangélicos neopentecostais é a declaração de Paulo em 2 Coríntios 3:17:

Ora, o Senhor é o Espírito; e, onde está o Espírito do Senhor, aí há liberdade.

O raciocínio vai mais ou menos assim: quando o Espírito de Deus está agindo num culto, Ele impele os adoradores a fazerem coisas que aos homens podem parecer estranhas, mas que são coisas do Espírito. Se há um mover do Espírito no culto, as pessoas têm liberdade para fazer o que sentirem vontade, já que estão sendo movidas por Ele, não importa quão estranhas estas coisas possam parecer. E não se deve questionar estas coisas, mesmo sendo diferentes e estranhas. Não há regras, não há limites, somente liberdade quando o Espírito se move no culto.

16 de agosto de 2016

Quatro Tipos de Fé


Como fenômeno psicológico, a fé, no sentido religioso, não difere da fé em geral. Se a fé em geral é uma persuasão da verdade fundada no testemunho de alguém em quem temos confiança e em quem descansamos, e, portanto, apoia-se numa autoridade, a fé cristã, no sentido mais abrangente, é a persuasão do homem quanto à veracidade da Escritura, com base na autoridade de Deus. Nem sempre a Bíblia fala da fé religiosa no mesmo sentido, e isto deu surgimento às seguintes distinções na teologia.

15 de agosto de 2016

O Apocalipse


INTRODUÇÃO

O livro do Apocalipse pretende ser uma revelação dos eventos que ocorrerão no fim do século e do estabelecimento do Reino de Deus. A teologia básica do livro, portanto, é sua escatologia. Ele declara ser uma profecia das coisas que brevemente têm que acontecer (1:2,3), cujo evento central é a segunda vinda de Jesus Cristo (1:7).

Contudo, a interpretação deste livro tem sido a mais difícil e confusa de todos os livros do Novo Testamento. Ao longo da história da interpretação, várias abordagens distintas têm emergido. A abordagem mais fácil do Apocalipse é seguir sua própria tradição particular, como a opinião verdadeira, e ignorar as outras; mas o intérprete inteligente tem que se familiarizar com os vários métodos de interpretação, para que possa criticar e purificar sua própria opinião.

13 de agosto de 2016

Membros ausentes exercem um efeito tóxico para a igreja


Enquanto eu crescia, sempre ouvi que era melhor ser acusado de um pecado de omissão do que de comissão. Dessa forma, você sempre poderia granjear seu pecado para esquecimento, ignorância ou falta de consideração. O pecado de comissão era o que havia de pior desde que surgisse como deliberado e calculado.

Ausência: somente um pecado de omissão?

Temo que muitos cristãos pensam que não comparecer à igreja regularmente é um pecado de omissão. Se é pecado mesmo, seria um pequeno. Não é muita coisa. “Não traga esse legalismo para cá!”. Aparentemente, isso é o que muitos pastores, presbíteros, diáconos e muitas congregações pensam, uma vez que eles pouco têm feito para corresponder o espantoso número de ausentes.

Por exemplo, em minha denominação, a Southern Baptist Convention [Convenção Batista do Sul], somente um terço da membresia formal de quase 40 mil igrejas nos EUA de fato estão presentes todo domingo. Isso significa que cerca de dez milhões dos que são chamados cristãos, são na verdade ausentes.

12 de agosto de 2016

A Tríplice Operação de Deus, do Homem e de Satanás nas Ações Más


Existe outra maneira da ação divina em atos como esses. Para que essa nos evidencie com certeza maior, temos a calamidade infligida pelos caldeus ao santo Jó 41.20: mortos seus pastores, os caldeus saqueiam-lhe hostilmente os rebanhos (Jó 1.17). Destes, o ato ímpio já abertamente se ostenta; nem nesta operação deixa de ter parte Satanás, de quem a história narra provir tudo isso (Jó 1.12). Mas, o próprio Jó reconhece nisso a ação do Senhor, a quem diz haver-lhe tirado as coisas que tinham sido pilhadas pela instrumentalidade dos caldeus (Jó 1.21).

11 de agosto de 2016

A Eleição em Romanos 9 é de Nações ou Indivíduos?


A chave para entendermos Romanos 9 é a intenção de Paulo. O que ele quer mostrar? A resposta está nos versículos iniciais (v.1-5). Ele está triste porque Israel rejeitou Jesus Cristo. Este fato poderia levantar a questão de que a promessa de Deus havia falhado (v. 6). Paulo evita este problema explicando que a promessa foi feita aos descendentes espirituais de Abraão e não aos seus descendentes físicos. Nem todos de Israel são filhos de Deus (v. 6-7).
  
E estes indivíduos, os descendentes espirituais, a quem as promessas foram feitas, e que serão salvos, foram chamados soberanamente por Deus de entre a nação de Israel. Paulo prova isto mostrando a escolha soberana de Isaque e de Jacó. Eles foram escolhidos enquanto indivíduos, embora, certamente, esta escolha venha a ter algum reflexo em seus descendentes (v. 8-13). O ponto de Paulo é que somente os escolhidos dentre a nação de Israel é que creram (e crerão) em Cristo. São indivíduos escolhidos de entre uma nação, para a salvação. Desta forma, Paulo mostra que as promessas de Deus a Israel não falharam, pois dentre a nação Deus sempre escolheu soberanamente, e não por obras, aqueles israelitas individuais que viriam a crer em Jesus Cristo, como o próprio Paulo.

10 de agosto de 2016

O Ofício de Evangelista


O terceiro ofício listado por Paulo é o de evangelista. Este ofício é frequentemente mal interpretado hoje, pois muitas denominações ainda têm um oficial chamado evangelista. O moderno “evangelista” é alguém que prega o evangelho onde ele ainda não é conhecido. Assim, os plantadores de igreja, missionários e pregadores de rua são frequentemente chamados de evangelistas. De fato, o evangelista moderno gasta a maior parte do tempo fazendo a obra de evangelismo. Contudo, mesmo o título de “evangelista” estando ainda em uso hoje, se deve fazer distinção entre o ofício de evangelista do Novo Testamento e seu conceito moderno. Há várias razões porque o ofício de evangelista durante os primeiros tempos da igreja foi único.

9 de agosto de 2016

A letra mata, mas o Espirito vivifica?


O titulo da postagem alude a mais um velho jargão, aplicado indevidamente nos púlpitos das congregações, por alguns lideres e membros de ministério, que sem quaisquer base e contexto bíblico, empregam-na com o objetivo de verberar contra aqueles que prezam pelas Sagradas Escrituras, estudando-na de forma sistemática e diligente, para aprender do Senhor a sua vontade registrada na Bíblia Sagrada, a fim de manejar bem a Palavra da verdade, não tendo do que se envergonhar. (2 Timóteo 2.15)

Como certa vez afirmou Augustus Nicodemus Lopes:

Quem usa "a letra mata mas o Espírito vivifica" para condenar os teólogos de gabinete, esquece que foram alguns deles que ralaram atrás dos livros e gramáticas para que estes desavisados pudessem entender το γαρ γραμμα αποκτεννει, το δε πνευμα ζωοποιει.

É preciso ler o contexto de 2 Corintios 3.6 para entender esta expressão usada por Paulo.

Caçada Infernal


Texto base: Ap 12.1-17

INTRODUÇÃO

O livro de Apocalipse pode ser dividido em duas partes principais. Na primeira parte, vemos a igreja sendo perseguida pelo mundo em contraste com os juízos de Deus sendo executados sobre os ímpios e na terra (1-11). Na segunda parte, que compreende o capítulo 12 até o 22, vemos a igreja sendo perseguida pelo diabo e seus asseclas  o anticristo e o falso profeta.
    
O tema principal nas duas partes do livro de Apocalipse não é a perseguição do mundo e de Satanás contra a igreja, mas sim, o triunfo de Cristo e da igreja sobre o mundo e o diabo. A igreja triunfa sobre a perseguição do mundo, mas agora, nesta segunda parte do Apocalipse, a perseguição contra a igreja será mais intensa. Satanás não medirá esforços e fará de tudo para dizimá-la (12.17).   

O esboço analítico do  capítulo 12 pode ser dividido em 5 seções:

8 de agosto de 2016

Os Efeitos da Expiação de Cristo


Os efeitos da expiação são imensos. Eles não alcançam apenas o povo de Deus, mas toda a criação. Todas as coisas existentes, de um modo ou de outro, se viram afetadas pela expiação de Cristo. Ela é, sem dúvida, a obra divina mais abrangente.

Em relação a Deus

Podemos dizer que a redenção foi totalmente em relação a Deus. Cristo não pagou resgate a Satanás ou a qualquer outro. Ele estava satisfazendo uma exigência do próprio Deus. Isso não quer dizer que algo da imutabilidade de Deus foi afetado pela expiação. Deus simplesmente dirige, sobre a base do sacrifício, seu amor e bondade ao homem, ao passo que sem o sacrifício, somente a ira seria dirigida ao homem. 

7 de agosto de 2016

A pessoa na sua totalidade (2/2)


TERMOS DO ANTIGO TESTAMENTO

Começamos com a palavra hebraica nephesh, geralmente traduzida como "alma". O léxico hebraico de Brown, Driver e Briggs25 traz dez significados para essa palavra, dos quais são importantes para o nosso propósito os que seguem: "a existência interior do homem", "o ser vivo" (empregado igual­mente para homens e animais),26 "o próprio homem" (frequentemente usado como um pronome pessoal: eu mesmo, ele mesmo, etc.; nesse sentido pode significar o homem como um todo), "sede dos apetites", "sede das emoções". O termo pode, algumas vezes, se referir a uma pessoa falecida, com ou sem meth ("morta"). Diz-se até mesmo que a nephesh morre.

Está claro, portanto, que a palavra nephesh pode significar a pessoa inteira. Edmond Jacob diz o seguinte: "Nephesh é o termo comum para a natureza indivisa do homem, para o que ele é e não apenas para o que tem... Por conseguinte, a melhor tradução em muitos casos é pessoa".27

6 de agosto de 2016

Deus quer que todos sejamos prósperos financeiramente? Sempre?


A prosperidade financeira obedece a normas, regras e métodos estabelecidos. Por outro lado, da perspectiva bíblica, a prosperidade é um dom de Deus. É ele quem concede saúde, oportunidades, inteligência e tudo o mais que é necessário para o sucesso financeiro. E isso, sem distinção de pessoas quanto ao que creem e quanto ao que contribuem financeiramente para as comunidades às quais pertencem. Deus faz com que a chuva caia e o sol nasça para todos, justos e injustos, crentes e descrentes, conforme Jesus ensinou (Mateus 5:45). Não é possível, de acordo com a tradição reformada, estabelecer uma relação constante de causa e efeito entre contribuições, pagamento de dízimos, ofertas e a religiosidade com a prosperidade financeira. Várias passagens da Bíblia ensinam os crentes a não terem inveja dos ímpios que prosperam, pois cedo ou tarde haverão de serem punidos por suas impiedades, aqui ou no mundo vindouro.

5 de agosto de 2016

Falácias Lógicas Bíblicas dos Sinergistas


Os seguintes itens numerados são suposições comuns feitas por sinergistas em rejeitar a escravidão do arbítrio e a graça soberana de Deus na salvação.

Falácia 1. Deus não nos ordenaria a fazer o que não consigamos fazer.

Deus deu a Lei a Moisés, os Dez Mandamentos, para revelar o que o homem não consegue fazer.

a. A Premissa 1 não é bíblica. Deus deu a Lei por duas razões: Para expor o pecado e para aumentá-lo, a fim de que o homem não pudesse ter escusa por declarar a sua própria justiça. Por quê? Porque no contexto, ele NÃO faz justiça.

4 de agosto de 2016

12 razões para eliminar o entretenimento da igreja


Sei que o entretenimento está tão enraizado na cultura evangélica, que parecerá um absurdo a tese que defendo. Mas, além de não estar sozinho na luta contra o "culto show", estou ainda muito bem acompanhado por pastores renomados, como Charles Haddon Spurgeon, que no século XIX, já havia escrito sobre este perigo, alertando que o fermento diabólico do entretenimento acabaria levedando toda a massa em curto espaço de tempo. E é neste estado de lastimável fermentação que se encontra a massa evangélica atual.

Hoje em dia é quase impossível que uma igreja não tenha grupos de coreografia ou cantores para se apresentar durante o culto e nos eventos por ela realizados. Na maioria das igrejas, o período de culto é tomado deste tipo de apresentações, com a desculpa de que "é pra Jesus". Mas, quando analisamos racionalmente e à luz das Escrituras, a verdade é que tais apresentações não passam de entretenimento, com verniz de santidade e capa de religiosidade.

3 de agosto de 2016

A Importância da Oração


Texto base: 1 Timóteo 2.1-7

INTRODUÇÃO

Paulo tratou no capítulo 1 sobre a questão da falsa doutrina que havia sido disseminada na igreja de Éfeso (1.3-7), sobre o verdadeiro propósito da lei que os falsos mestres judaizantes haviam distorcido (1.8-11), e acerca da fidelidade que o jovem pastor e mestre Timóteo deveria manter em relação à fé e ao ministério, opondo-se ao falso ensino. Agora, no capítulo 2, o apóstolo orienta a Timóteo sobre a importância da oração na vida cristã e como ela deveria ser realizada no culto público (vs.1, 8).   

John Stott ressalta que o que se destaca aqui nesse parágrafo é a amplitude universal da responsabilidade da igreja, e que o plano de Deus, e, portanto a nossa responsabilidade, tem a ver com todo o mundo.1

2 de agosto de 2016

Nós nos conheceremos uns aos outros lá?


1. O desejo de reencontrar entes queridos é correto?

Nós nos reconheceremos no céu? Com que frequência esta pergunta é feita. Alguns expressam livremente suas saudades para renovar aquelas felizes associações interrompidas pela  morte  de um ente querido. Outros, porém, são um pouco mais hesitantes ao falar sobre este assunto. Eles querem saber se o desejo de um reencontro é mesmo correto. O fim principal do homem não é "glorificar a Deus e gozá-lo para sempre"? E o salmista não exclamou quem mais tenho eu no céu (Sl 73.25)?

A resposta poderia ser esta: Todos esses anseios pelo reconheci­mento mútuo e uma nova associação, os quais são de um caráter meramente sentimental, que não levam em conta principalmente a honra de Deus em Cristo, devem ser condenados. Mas o desejo do próprio wiedersehen, para que, em companhia daqueles que nos precederam e com os que virão depois de nós juntos possamos louvar ao nosso Redentor, é completamente legítimo. De fato, nós fomos criados para a comunhão. Por isto, eu estou de completo  acordo com o Dr. H. Bavinck que diz (em Gereformeerde Dogmatiek , 3ª ed., Vol. IV, pp. 707, 708, minha tradução): 

1 de agosto de 2016

O Pluralismo do Pós-Modernismo (1/3)


As últimas décadas do século XX têm sido caracterizadas por movimentos filosófico-teológicos que romperam com tudo o que, historicamente, tem sido crido como verdade fundamental, da qual não se poderia abrir mão. Esses movimentos têm tomado vários nomes como: secularismo, relativismo, pós-modernismo e pluralismo.1 Eles são movimentos que caminham juntos, cada um com as suas próprias características, mas há alguns sentidos em que eles se confundem e se sobrepõem. Nenhum deles é ofensivo ao outro. O secularismo é o guarda-chuvas sob o qual todos convergem.2 O curioso é que todos esses ismos estão de alguma forma amarrados à esfera temporal, sem qualquer noção de verdades eternas e sobrenaturais. Não há a ênfase às verdades transcendentais. As coisas estudadas nesses movimentos não ultrapassam a esfera das coisas mensuráveis e verificáveis cientificamente. Embora o modernismo já esteja quase fora de cena, ainda a filosofia Kantiana deixa os rastros do seu ensino de que o Eterno não tem envolvimento no temporal. As coisas da metafísica não têm vez num mundo dominado por um secularismo disfarçado com vários nomes.