19 de fevereiro de 2016

Sou de uma igreja pentecostal, mas não aguento mais!



Muitos crentes de verdade chegam ao ponto de dizer isso. Para eles, segundo penso, há quatro opções:

1. Permanência com influência. Nessa primeira opção, o crente permanece na igreja em que está, tentando mudar as coisas. Trata-se de uma decisão nobre, mas a experiência mostra que tem poucos resultados. Ademais, essa opção tem se mostrado perigosa, pois, geralmente, com o passar do tempo, os crentes que a adotam ficam indiferentes diante do erro. Aos poucos, sem que percebam, tornam-se menos rígidos em seus julgamentos. A constante e tácita convivência com o desvio faz com que, para eles, o mal se torne normal (e até engraçado). O resultado final é que, sem alimento espiritual e com as faculdades amortecidas, seu testemunho entra em colapso, seu casamento começa e enfrentar crises e seus filhos, quando crescem, correm para o mundo, dizendo que tudo na igreja não passa de representação barata.

2. Ecclesiola in ecclesia. Essa expressão, que significa “pequena igreja dentro da igreja”, foi usada especialmente pelos puritanos da Inglaterra para se referir a pequenos grupos de crentes verdadeiros que se reuniam para cultuar a Deus de maneira correta, sem, contudo, se desligar da igreja maior, cheia de erros, à qual pertenciam. Essa opção pode ser útil, especialmente porque uma ecclesiola seria um bom lugar para levar o visitante, sem passar por constrangimentos. Além disso, talvez seja uma forma de obter alimento verdadeiro. Porém, essa alternativa é perigosa porque pode gerar orgulho espiritual ou até mesmo uma forma de elitização. Ademais, a liderança da igreja maior se indisporá com grupos assim e os problemas serão inevitáveis.

3. Formação de uma nova igreja por um grupo. A vantagem dessa opção é o surgimento quase imediato de uma igreja séria. Porém, os perigos dessa medida a tornam desaconselhável. Isso porque a nova igreja nascerá com a fama de dissidente, enfrentando a forte oposição da igreja de origem. Esta, em regra, não poupará esforços para caluniá-la, enfraquecê-la e até destruí-la. Ainda que possa sobreviver a tudo isso, o sofrimento decorrente dessas investidas deixará marcas que poderiam ser evitadas caso fosse adotado um modo de agir diferente.

4. Saída individual pacífica. De todas as alternativas, essa é a melhor. Nessa opção, o crente simplesmente se desliga da comunidade maculada em que se encontra e se filia a uma igreja séria, onde poderá nutrir comunhão com seus irmãos e cultuar a Deus longe de escândalos, encenações e desordens. Conforme dito, muitos crentes de origem pentecostal têm tomado essa iniciativa e hoje fazem parte de outras igrejas. O senso de terem achado finalmente o seu lar, a alegria de aprender a Palavra de Deus a partir da hermenêutica sadia e o alívio de terem se livrado de um ambiente eclesiástico nocivo, repleto de excessos, fazem desses irmãos os mais gratos e vibrantes crentes que há no meio cristão.

Seja qual for a opção adotada pelo crente que pertence a uma comunidade pentecostal, o fato é que ele não deve, de modo algum, perpetuar sua participação ali de maneira que comprometa seu crescimento espiritual e o de sua família. A santificação é valor inegociável e nenhum tipo de paz pode ser nutrido à parte dela (Hb 12.14).



Autor: Marcos Granconato
Artigo extraído do facebook