Muitas pessoas dizem que eu
faço confusão entre pentecostalismo e neopentecostalismo. Dizem que, na
verdade, é somente o neopentecostalismo que realiza os abusos que eu denuncio,
estando o pentecostalismo “clássico” livre disso tudo.
Esse parecer resulta de certas
distinções que foram feitas no passado
entre o chamado pentecostalismo de “primeira
onda” (com ênfase no batismo do Espírito
acompanhado de línguas estranhas), o pentecostalismo de “segunda onda”, também chamado de “movimento carismático” (com ênfase em curas e milagres) e o
da “terceira onda” (que, além das doutrinas
tipicamente pentecostais e carismáticas, adota ainda a teologia da
prosperidade).
Só pra informar: A expressão terceira onda aplicada ao neopentecostalismo
tem a sua criação atribuída
ao teólogo e escritor americano, autointitulado apóstolo, Charles Peter Wagner
(The third wave of the Holy Spirit. Ann Harbor: Vine, 1988). No Brasil, a história
do pentecostalismo é dividida em três “ondas” pelo sociólogo Paul Freston,
no artigo “Breve história do pentecostalismo brasileiro” (Antoniazzi, Alberto (edit.).
Nem anjos nem demônios: interpretações sociológicas do
pentecostalismo. Petrópolis: Vozes, 1996).
Sem dúvida, essa distinção tem certo valor como forma
de classificação que
auxilia a análise histórica do movimento. Contudo, a observação do cenário atual mostra que,
na prática, a referida diferenciação
tornou-se obsoleta, não fazendo mais qualquer sentido.
Com efeito, como acontece em
qualquer praia em que uma “onda” logo se mistura com outra, o mesmo ocorreu com
o pentecostalismo. Por isso, hoje é possível perceber que a “primeira”, a “segunda” e a “terceira onda se mesclaram, viraram uma vaga só, espumando juntas os mesmos erros e
perigos. Isso faz com que igrejas ligadas ao pentecostalismo clássico exponham
doutrinas e práticas tipicamente atribuídas ao neopentecostalismo (e vice-versa),
tornando difícil separar as duas vertentes. Se existirem exceções (e deve
haver) são tão raras quanto uma pastora submissa ao marido.
Ao que parece, a diferença entre pentecostalismo e
neopentecostalismo, se houver, poderá talvez ser encontrada na eventual ênfase que cada igreja em
particular dá a um erro específico. No alicerce, porém, e em muitos
desdobramentos práticos, todo o movimento se iguala, pois as comunidades que o compõem
adotam os mesmos pressupostos, praticam e pregam basicamente as mesmas coisas,
afirmando a crença na “segunda bênção”, abraçando doutrinas e ensinos
estranhos e buscando as revelações e
os portentos que acreditam ser concedidos por Deus aos seus supostos apóstolos
e profetas.
Autor:
Marcos Ganconato
Artigo extraído do Facebook do
autor