5. UMA ANÁLISE HISTÓRICA E TEOLÓGICA DA
CESSAÇÃO DAS LÍNGUAS
Na terceira parte deste ensaio, afirmei que o dom de línguas foi concedido e restrito ao período apostólico. Tendo
cumprido o seu propósito na história, com a expansão da igreja no mundo, e a
conclusão do cânon das Escrituras, as línguas não foram mais necessárias e,
portanto, cessaram. Quero elencar, pois, quatro argumentos que comprovam a cessação
das línguas. Senão vejamos:
1) As línguas eram um dom
miraculoso, e a fase dos milagres também cessou no período apostólico
No pentecostes, os apóstolos foram miraculosamente
capacitados pelo Espírito Santo a falar em idiomas estrangeiros que
desconheciam. Isso foi um milagre excepcional! O mesmo ocorreu com outras
pessoas que falavam apenas um idioma e foram capacitadas sobrenaturalmente por
Deus a falar em outras línguas que desconheciam (veja At 10.44-46; 19.1-7).
Todavia, o último milagre registrado no Novo Testamento foram as curas de Paulo
e do pai de Públio na ilha de Malta, por volta do ano 58 d.C. (At 28.1-10).
Do ano 58 ao 96, quando João
escreveu o livro de Apocalipse, nenhum milagre foi registrado. Os dons de
milagres, como o de línguas e curas, são mencionados apenas em 1 Coríntios, uma
das primeiras epístolas a ser escrita. Duas epístolas posteriores, Efésios e
Romanos, versam cabalmente sobre os dons do Espírito — no entanto, não fazem
qualquer referência aos dons de milagres. Naquele momento, os dons miraculosos
já eram considerados pertencentes ao passado (Hb 2.3-4). A autoridade e a
mensagem dos apóstolos não precisavam mais de confirmação. Antes do fim do
século 1, todo o Novo Testamento estava escrito e circulava pelas igrejas. Os
dons de revelação haviam cumprido seu propósito e cessaram. Ao findar a era
apostólica, com a morte de João, os sinais identificadores dos apóstolos já
tinham se tornado questionáveis (2Co 12.12).46
Embora os dons de cura e milagres
tenham cessado, Deus, ainda hoje, cura e realiza milagres como resposta
de oração. Deus não confere mais os dons de cura e milagres a pessoas individuais como
Pedro e Paulo como no período apostólico. Algumas curas e milagres que
ocorreram após o século 1, e que ocorrem atualmente, são orações de crentes que
são respondidas pelo agir soberano de Deus.
2) As línguas foram um sinal
do juízo de Deus para os judeus incrédulos
John
MacArthur sintetiza:
Deus havia começado uma nova obra que
incluiria os gentios. O Senhor falaria agora a todas as nações em suas línguas.
As barreiras foram derrubadas. Assim, o dom de línguas simbolizava não apenas a
maldição divina sobre a nação desobediente, mas também a bênção de Deus sobre o
mundo todo.
As línguas eram, portanto, o sinal da
transição entre a Antiga e a Nova Aliança. Com o estabelecimento da igreja, um
novo dia raiou para o povo de Deus. Ele se comunicaria em todas as línguas.
Contudo, uma vez que o período transicional passasse, o sinal se tornaria
desnecessário.47
Palmer Robertson complementa:
As línguas serviram para demonstrar que
o cristianismo, embora procedente do judaísmo, não deveria ser distintivamente
judeu. [...] Agora que a transição [entre a Antiga e a Nova Aliança] estava
completa, o sinal da transição não tinha mais valor permanente para a vida da
igreja. Hoje, não há necessidade de um sinal para comprovar que Deus está se
movendo de uma única nação, Israel, para lidar com todas as nações. Esse
movimento tornou-se um fato consumado. Assim como ocorreu com o ofício dos
apóstolos como lançadores dos alicerces da igreja, assim também o dom
transicional de línguas cumpriu a função de sinal da aliança para o povo de
Deus da Antiga e da Nova Aliança. Havendo desempenhado seu papel, ele não tinha
mais utilidade entre o povo de Deus.48
3) O dom de línguas era
inferior à profecia
O objetivo das línguas,
primordialmente, era servir como um sinal (14.22), e não podia edificar a
igreja de modo adequado, pois, na maioria das vezes, era usado erroneamente
para a edificação pessoal, e não coletiva (14.4). A igreja existe e se reúne
para cultuar a Deus com o propósito da edificação coletiva, e não
para a satisfação pessoal através de experiências espirituais. A
utilidade das línguas na igreja era transitória e, portanto, não era um dom
permanente.
4) A história assegura a
cessação das línguas
As línguas são mencionadas apenas em
Marcus, Atos e 1 Coríntios. Nas outras doze cartas que escreveu, Paulo não faz
menção das línguas. Da mesma forma, Pedro, Tiago, João e Judas também não
mencionaram nada sobre as línguas em suas cartas.
As línguas foram conferidas para um
breve período. Logo que a igreja se estabeleceu, não houve mais a necessidade
das línguas. Elas cessaram. Livros após a fase apostólica também não mencionam
nada acerca das línguas. Crisóstomo, um dos pais da igreja, asseverou que as línguas
cessaram em sua época, no século 4. Ele descreveu as línguas como uma prática
incerta, e declarou:
O obscurecimento é produzido
por nossa ignorância dos fatos referidos e por sua cessação, pois eles ocorriam
anteriormente, mas não ocorrem em nossos dias.49
Agostinho, um dos maiores teólogos da história da igreja, escreveu sobre as línguas como um sinal remoto aos apóstolos. Ele disse:
Nos primeiros anos, “o Espírito Santo
desceu sobre os que creram, e eles falaram em línguas” que não haviam aprendido,
“conforme o Espírito Santo lhes concedia que falassem”. Esses sinais
eram adequados aquele momento, pois era necessário haver aquele sinal do
Espírito Santo em todas as línguas, para mostrar que o evangelho de Deus
deveria ser comunicado em todas as línguas da terra. Isso foi realizado
como um pressagio e, então, desapareceu.50
Continuando, Agostinho disse ainda:
Ora, irmãos, se alguém foi batizado em
Cristo e crê nele, mas não fala nas línguas das nações, devemos afirmar que
essa pessoa não recebeu o Espírito Santo? Deus não permita que nosso coração
seja tentado por essa infidelidade. [...] Por que será que ninguém fala nas
línguas das nações? Porque a própria igreja fala agora as línguas das nações.
Anteriormente, a igreja era uma única nação, onde se falava nas línguas de
todos. Por falar nas línguas de todos, isso significava o que viria a
acontecer: ao crescer entre as nações, ela falaria as línguas de todos.51
Não obstante, a história relata que,
nos primeiros 500 anos da igreja, apenas pessoas que seguiam movimentos
heréticos e fanáticos como o montanismo, Jansinismo e os shakers, “falaram em
línguas”. Apesar de ser continuacionista, Carson admite que “pelo menos em
relação à igreja primitiva, parece que as línguas eram extremamente raras
depois do início do segundo século”.52 W.A. Criswell corrobora:
Na longa história da igreja, depois dos dias dos apóstolos, onde
quer que o fenômeno da glossolalia surgisse, era encarado como uma heresia. A
glossolalia foi, sobretudo, confinada aos séculos 19 e 20. Mas,
independentemente de onde e como surgiu, ela nunca foi aceita pelas igrejas
históricas da cristandade. Foi universalmente repudiada por essas igrejas como
aberração doutrinária e emocional.53
Thomas R. Edgar tece uma observação
crucial:
Visto que esses dons e sinais cessaram,
recai totalmente sobre os carismáticos [pentecostais e neopentecostais] o dever
de provar a validade de seus dons. Por muito tempo, os cristãos têm presumido
que os não pentecostais e neopentecostais devem apresentar evidências bíblicas
incontestáveis de que os dons de sinais miraculosos teriam de cessar.
Entretanto, os nãos carismáticos não têm que provar nada, pois seus postulados
já foram comprovados pela história. Isto é um fato irrefutável, admitido por
muitos pentecostais. Assim, os neopentecostais devem comprovar biblicamente que
os dons de sinais ressurgiram na era da igreja e que os fenômenos
contemporâneos são esse ressurgimento. Em outras palavras, eles precisam provar
que suas experiências comprovam o ressurgimento dos dons inativos por quase
1900 anos.54
Portanto, desde Montano até a Rua
Azuza, todas as manifestações de línguas não foram consideradas genuínas, mas
sim, como uma falsificação do verdadeiro dom de línguas.
E AS NOVAS
LÍNGUAS?
O dom de línguas não ressurgiu com
o movimento pentecostal, no final do século 19? E o fenômeno das línguas
atuais? É verdadeiro ou falso?
Indubitavelmente, as “línguas” faladas
hoje são falsas! A glossolalia moderna é uma deformação, pois não demonstra
nenhum idioma verdadeiro. É simplesmente uma invenção de palavras inexistentes;
é falar de maneira ininteligível. Depois de alguns anos
pesquisando sobre a glossolalia atual, e visitando segmentos pentecostais e
neopentecostais em vários países, o professor de linguística da universidade de
Toronto William Samarin, concluiu:
Não há mistério sobre a glossolalia.
Amostras gravadas são fáceis de se obter e analisar. Elas sempre acabam por ser
a mesma coisa: sequências de sílabas, compostas de sons retirados de
todos aqueles que o orador conhece, reunidos mais ou menos ao acaso, mas que,
no entanto, surgem como unidades semelhantes a palavras e frases por causa do
realismo, do ritmo e da melodia semelhante à linguagem. Glossolalia é,
de fato, como a linguagem, em alguns aspectos, mas isso é só porque o orador
[inconscientemente] quer que seja como linguagem. No entanto, apesar das
semelhanças superficiais, a glossolalia não é fundamentalmente uma linguagem.
Todos os tipos de glossolalia que já foram estudados não produziram recursos
que cheguem a sugerir que eles refletem algum tipo de sistema de comunicação.
[...] Glossolalia não é um fenômeno sobrenatural. [...] Na verdade, qualquer um
pode produzir glossolalia se for desinibido e descobrir qual é o truque.55
Em contrapartida, diferente da
xenoglossia [idiomas estrangeiros], a glossolalia falada pelos pentecostais e
neopentecostais produz sensações agradáveis. Muitos afirmam que a vida cristã
se tornou melhor quando passaram a falar em línguas. Geralmente os relatos são
similares. Um testemunho fictício esboça um pouco da experiência de "falar em
línguas". Mariana declara:
Quando comecei a falar em línguas, me
senti mais renovada! Tornei-me uma pessoa melhor; sou mais alegre e sinto uma
paz interior inexprimível! Sou mais perceptiva a presença de Deus. Eu era uma
pessoa fraca; hoje, me sinto forte e capacitada espiritualmente para fazer a
obra de Deus!
A evidência para confirmar relatos
dessa natureza é duvidosa! Alguém poderia atestar, com integridade, que aqueles
que falam em línguas vivem para Cristo de forma mais piedosa do que aqueles que
não falam em línguas? As “igrejas” neopentecostais são mais sólidas e
espiritualmente superiores que as demais igrejas de crentes tradicionais que
não falam em línguas? O que dizer, então, dos inúmeros escândalos
envolvendo pregadores, pastores e cantores neopentecostais que, nestes últimos
anos, demonstraram ser moralmente corrompidos pelo pecado? Aliás, escândalos que
foram comprovados por investigação policial!
E o que dizer de crentes que cessaram
de “falar em línguas” e relataram que, desde então, não sentiram mais alegria,
paz, poder e renovo espiritual enquanto não abandonaram o pentecostalismo e,
especialmente, o neopentecostalismo? Por que, na maioria das vezes, a
experiência de fazer parte do movimento neopentecostal redunda, com o passar do
tempo, em decepção? A medida que as experiências místicas se tornam mais
difíceis de repetir-se, e as “bênçãos do evangelho da prosperidade
triunfalista” são vetadas, a tendência à frustração e ao desligamento destas
“igrejas” se torna inevitável.
Apesar de sustentaram muitos benefícios
espirituais que o falar em línguas promove, os pentecostais e neopentecostais
referem-se ao efeito que a experiência produz neles,
e não como a experiência faz com que se tornem crentes melhores, mais bíblicos
e mais equilibrados. Todavia, o resultado externo que estas experiências
subjetivas produzem no corpo não demonstra novo nascimento ou conversão. O
verdadeiro crente é identificado pelas boas atitudes e por sua observância aos
preceitos das Escrituras.
Não obstante, os pentecostais e
neopentecostais não podem ratificar que as línguas que praticam correspondem ao
verdadeiro dom de línguas descrito no Novo Testamento. Desde então, não surgiu
nenhum caso verdadeiro de que um pentecostal ou neopentecostal tenha falado em
um idioma humano traduzível.
O linguista William Samarin disse que é
muito duvidoso que os casos alegados de xenoglossia [línguas estrangeiras]
entre os carismáticos sejam verdadeiros. Sempre que se tenta verificá-los,
descobre-se que os relatos foram muito distorcidos ou que os “testemunhos” são
incompetentes ou não confiáveis do ponto de vista linguístico.56 Uma
vez que não possuem evidências de que as línguas modernas correspondem ao
verdadeiro dom de línguas, os pentecostais e neopentecostais somente declaram
que "falam em línguas". Portanto, como explicar e entender o fenômeno das
novas línguas? Existem três maneiras. Vejamos, pois:
1) As línguas modernas podem
ser de origem demoníaca
Não creio que todas as manifestações de
falsas línguas hoje podem ser atribuídas a influência do diabo. Por outro lado,
estou cônscio de que Satanás encontra-se muitas vezes por trás de fenômenos que
são atribuídos a obra do Espírito Santo. Creio que muitos crentes são
influenciados pelo diabo a falar em “falsas línguas”. Satanás está por trás da
falsa religião (1Co 10.20), e sua maior artimanha é fraudar a verdade (2Co
11.13-15). Por negligenciarem o estudo das Escrituras, muitos crentes são
enganados pelo diabo através de doutrinas e práticas heréticas (1Tm 4.1).
As línguas extáticas são comuns nas
religiões pagãs. Há registros da África Oriental em que pessoas possessas
por demônios falam fluentemente em suaíli ou inglês, embora em circunstâncias
normais essas línguas não sejam entendidas. Entre o povo tonga (África), quando
um demônio é exorcizado, geralmente canta-se uma música em zulu, ainda que os
tongas não entendam zulu. O exorcista supostamente fala em zulu por um “milagre
das línguas”.
Hoje, as línguas extáticas são
encontradas entre muçulmanos, esquimós e monges tibetanos. Um laboratório de
parapsicologia da Escola de Medicina da Universidade da Virgínia relata casos
de pessoas que falam em línguas entre os praticantes do ocultismo.
Esses são uns poucos exemplos da
tradição multissecular da glossolalia que continua hoje entre pagãos, hereges e
ocultistas. A possibilidade de influência satânica é uma questão séria, e não
deveria ser descartada irrefletidamente pelos carismáticos. 57
2) As línguas modernas podem
ser uma prática aprendida
Acredito que a maioria dos crentes que
falam em “línguas” se enquadra nessa categoria. Existem pastores que ensinam
como falar em “línguas”. Certa vez, em um culto de “busca do Espírito Santo”
numa IEQ [Igreja do Evangelho Quadrangular], o pastor solicitou que aqueles que
falavam em línguas fossem a frente do “altar” e fizessem uma roda, e os que não
falavam em línguas se adentrassem nela.
Em seguida, o pastor orientou aos que
não falavam em línguas a fecharem os olhos e rogarem a Deus que fossem “batizados
com o Espírito Santo” e falassem em línguas. Feita a oração, o pastor instruiu
os que não falavam em línguas a vociferarem continuamente glória, glória,
glória, até falarem em línguas. Enquanto não falassem, não poderiam cessar o
brado. Esta era a “receita” para se falar em línguas, ou seja, glorificar a
Deus! Isto durou cerca de 20 minutos. Porém, ninguém dentro da roda alegou ter
falado em “línguas”.
No livro The Psychology of
Speaking in Tongues (A Psicologia de Falar em Línguas), John Kildahl
concluiu, após estudar exaustivamente sobre o assunto, que a glossolalia é uma
habilidade aprendida. Estudos psicológicos demonstram que, mesmo com uma
instrução mínima, qualquer pessoa pode aprender a falar em “línguas”.
3) As línguas modernas podem
ser induzidas psicologicamente
John MacArthur esclarece:
Alguns dos casos mais estranhos de
falar em línguas foram explicados como aberrações psicológicas. Quem fala em
línguas entra no automatismo motor, que é descrito clinicamente como o
desligamento radical e íntimo da pessoa em relação àquilo que a rodeia. O
automatismo motor resulta na dissociação de quase todos os músculos voluntários
do controle consciente.
Você já viu alguma reportagem mostrando
jovens adolescentes em shows de rock? Devido à
emoção, ao ardor e ao barulho, eles abrem mão do controle voluntário das cordas
vocais e dos músculos. Caem ao chão como em um ataque.
A maior parte das pessoas, em uma
ocasião ou outra, passa por momentos em que se sente um pouco desligada, aturdida
e fraca. Sob certas condições, particularmente quando há grande fervor
emocional, uma pessoa pode passar com facilidade a um estado em que perde o
controle consciente do corpo. A glossolalia pode resultar desse estado.58
A euforia que muitos [não todos] sentem
quando falam em línguas pode estar relacionado à hipnose. “A possibilidade da
hipnose constitui o elemento indispensável da experiência de glossolalia. Se
alguém pode ser hipnotizado, ele se encontra nas condições adequadas para falar
em línguas”.59
Muitos crentes são instruídos
explicitamente por líderes religiosos que possuem algum conhecimento de hipnose
a submeterem-se à “renúncia passiva do controle de si mesmos”. Eles são
orientados a se libertarem de si mesmos e a não resistirem ao controle da voz.
Desse modo, os crentes são treinados a pronunciarem poucas sílabas e permitirem
a fluência, isto é, não pensarem no que estão dizendo, mas apenas dizer.
Charles Smith, falecido dirigente do
Master’s Seminary, nos EUA, escreveu sobre o fenômeno moderno da glossolalia.
Ele disse que as línguas podem ser produzidas por “automatismo motor”,
“êxtase”, “hipnose”, “catarse psíquica”, “psique coletiva” ou “estímulo da
memória”.60
Estudos psicológicos confirmam que
pessoas ingênuas, passíveis de sugestões, e dependentes de pessoas, como
líderes espirituais, são as mais capacitadas a falarem em línguas. É importante
ressaltar que nem todas as pessoas que falam em línguas se encontram nessa
categoria; entretanto, a maioria delas se enquadra perfeitamente na indução
psicológica.
Diante de tudo, é impossível fugir
desta realidade: As novas línguas não correspondem ao verdadeiro dom de línguas
descrito na Escritura. Na verdade, estas línguas são uma fraude!
CONCLUSÃO
Antes da expansão do movimento
pentecostal, que se deu por ocasião do evento na Rua Azuza, nos EUA, bem no
início do século 20, os primeiros pentecostais, como Charles Fox Parham e Agnes
Ozman, pensaram que haviam recebido do Espírito Santo a habilidade sobrenatural
de falar em línguas estrangeiras.
Os primeiros pentecostais acreditavam
que a glossolalia foi dada à igreja com o propósito de evangelizar o mundo.
Muitos deles foram para campos missionários estrangeiros esperando plenamente
que o Espírito Santo lhes desse a língua dos povos nativos de forma
sobrenatural. A expectativa inicial e a experiência resultante foram uma amarga
decepção para aspirantes a missionários que não quiseram investir em anos de
estudo de outro idioma.61
Quando perceberam que as línguas que
falaram eram falsas, os primeiros pentecostais foram obrigados a fazer uma
escolha. Eles poderiam continuar falando em falsas línguas e fingir que elas
correspondiam ao verdadeiro dom de línguas, apesar da evidência que demonstrava
o contrário, ou poderiam criar uma nova definição das línguas para sanar o
fracasso de suas experiências no campo missionário. Eles escolheram redefinir o
significado das línguas. Falar de maneira ininteligível e irracional é a
explicação pentecostal e neopentecostal para o “dom de línguas”
contemporâneo.
Uma palavra final de
encorajamento aos meus irmãos pentecostais e neopentecostais que falam em “línguas”
Para os irmãos pentecostais e
neopentecostais que leram atentamente este ensaio, entenderam todas as
implicações, concluíram que as línguas que são faladas hoje são uma fraude, e
que falam estas “línguas”, meu conselho é que vocês suprimem este hábito
equivocado de uma vez por todas! Não é pecado nem, tampouco, “esfriar
espiritualmente”; pelo contrário, agir assim denota amadurecimento espiritual
nesta questão.
As falsas línguas não produzem fervor
espiritual. Um crente fervoroso é alguém que vive uma vida de comunhão com Deus
em oração, leitura, meditação e estudo das Escrituras e obediência aos
preceitos Deus; um crente fervoroso é alguém que é ativo no serviço cristão e
usa seus dons para a edificação da igreja; um crente fervoroso é alguém que,
sobretudo, ama os seus irmãos.
Meu desejo e minha oração é que este
ensaio possa esclarecer muitos irmãos pentecostais e neopentecostais em relação
às falsas línguas. Que muitos destes irmãos possam aprender a serem crentes mais
equilibrados e amantes não somente das Escrituras, mas, principalmente, do Deus
que as Escrituras nos apresentam.
NOTAS:
46. John MacArthur. Caos Carismático, pág 306-307.
47. Ibid,
pág 308.
48. Palmer Robertson. The Westminster Theological Journal 38, pág 56.
49.
Chrisóstomo. Homilies in First
Corinthians, pág 168.
50. Agostinho. Homilies
on the First Epistle of John, pág 97.
51. Agostinho. Lectures
or tractates on the gospel according to St. John, pág 195.
52. D. A. Carson. A manifestação do Espírito. A contemporaniedade dos dons à luz de 1
Coríntios 12-14, pág 168.
53. W. A. Criswell. Facts Concerninting Modern Glossolalia, em The Holy Spirit in today
Church, pág 90-91.
54. Thomas R. Edgar. The cessation of the sign gifts, pág 374.
55. William Samarin. Tongues of men and angels, pág 227-228.
56. Ibid,
pág 112-113.
57. John MacArthur. Caos Carismático, pág 319.
58. Ibid,
pág 322.
59. John Kildhal. The psychology of speaking in tongues, pág 54.
60. Charles Smith. Tounges in biblical perpective, capítulo 5.
61. Kenneth L. Nolen. Encyclopedia of Psychology and Religion, pág 349.
Autor: Leonardo Dâmaso
Divulgação: Reformados 21