16 de fevereiro de 2016

Exegese de 2 Pedro 2.1


Ao lermos que os falsos profetas agem “até ao ponto de renegarem o Soberano Senhor que os resgatou” (ton autous agorasanta despoten, 2Pe 2.1), ele não pode ter em mente a redenção (propriamente assim chamada) da maldição de Deus e da morte eterna. Ninguém é redimido a não ser aquele que foi dado pelo Pai a Cristo para que seja redimido, e que, consequentemente, será guardado por ele e para sempre salvo como membro de sua igreja e pertencente a seu povo peculiar.

Antes, ele quer dizer uma libertação do erro e da idolatria mediante um chamado externo do Cristianismo e uma separação para a obra do ministério pela qual foram, em certa medida, conduzidos por Cristo (como o Senhor) que os adquirira e os tomara como seus, chamando-os para sua casa (como os senhores outrora compravam servos e os empregavam nas atividades domésticas). Que esta é a intenção do apóstolo, pode-se coligir de várias considerações:

(1) ele faz menção de um despotou, palavra que significa um senhor e proprietário, em vez de um salvador (a quem pertence a redenção propriamente assim chamada). (2) A palavra agorazein, tomada simplesmente, é usada no sentido de um tipo de livramento e de aquisição. (3) O tipo de redenção aqui em vista é aquele por meio do qual se declara que os que foram adquiridos escaparam “das contaminações do mundo mediante o conhecimento do Senhor e Salvador Jesus Cristo”, mediante o qual conheceram “o caminho da justiça” (vs. 20-21). Isso não se encaixa em nada mais senão no livramento dos erros e idolatrias do paganismo e no chamado à verdade, de cujo afastamento, por meio da apostasia e da introdução de heresias mui perniciosas, lemos que renegaram seu Senhor que os trouxera e os chamara para seu serviço.




Autor: Fraçois Turretini
Trecho extraído do Compêndio de Teologia e Apologética, volume 2, pág 572.