A SEGUNDA PÉROLA
A
Relação entre Circuncisão e Batismo
A circuncisão é a segunda
pérola no cordão da boa e necessária inferência. Qual é exatamente a
contrapartida da circuncisão na Nova Aliança? É o batismo em água? O que
exatamente diz a Escritura sobre as implicações da circuncisão na Nova Aliança?
A
Circuncisão Física e a Circuncisão do Coração
Em Romanos 2:28-29,
encontramos que a circuncisão sempre intencionou representar a obra interior do
Espírito no coração. De acordo com os princípios de interpretação tipológica, a
circuncisão física é o tipo e a regeneração é o antítipo ou cumprimento. Essa
foi a definição de um verdadeiro judeu, seja de ascendência judaica ou
gentílica. O sinal exterior da circuncisão deveria simbolizar o que Deus
desejava interiormente no coração. Porém, mais do que isso, a realidade do
símbolo também tinha que estar presente para que uma pessoa fosse um verdadeiro
judeu ou para receber todas as bênçãos da Aliança de Deus.
Esta mesma verdade é ensinada em Romanos 9:6-8, onde Paulo diz que nem todos os que são de Israel são israelitas. Esta é mais uma referência à ideia do remanescente fiel que começou na nação física dos descendentes de Abraão e chegou a ser concretizado nos membros da Nova Aliança ou igreja. Isso é explicado em Romanos 4:12, onde a “semente” prometida de Abraão não consiste daqueles que são da descendência física apenas, mas daqueles que são da fé de seu pai Abraão. Estes, e estes somente, são o cumprimento da “semente” (Romanos 4:23). Aqueles que são da fé, judeus e gentios, são a “semente” de Abraão. Em todas essas Escrituras, os verdadeiros judeus, ou “semente” de Abraão em cumprimento da promessa de Deus a ele, são aqueles que têm a circuncisão do coração pelo Espírito, a qual é exibida pela fé em Cristo.
A
Circuncisão do Coração e o Batismo
Qual é então a contrapartida
da circuncisão na Nova Aliança? O texto mais citado para vincular a circuncisão
e o batismo em água é Colossenses 2:9-12:
Porque nele habita
corporalmente toda a plenitude da divindade; 10 e estais perfeitos nele, que é
a cabeça de todo o principado e potestade; 11 no qual também estais
circuncidados com a circuncisão não feita por mão no despojo do corpo dos
pecados da carne, pela circuncisão de Cristo; 12 sepultados com ele no batismo,
nele também ressuscitastes pela fé no poder de Deus, que o ressuscitou dentre
os mortos.
Esse texto, no entanto, tem
sido mal interpretado por muitos pedobatistas pactuais. Paulo ensina que todos os cristãos têm recebido a circuncisão, a circuncisão de Cristo. O que é “a
circuncisão de Cristo”? Isso pode ser interpretado como a morte de Cristo
objetivamente ou a circuncisão do coração do crente por Cristo. De qualquer
forma, Paulo está falando da maneira pela qual o crente tem sido “também
circuncidado” através da morte e ressurreição de Cristo. Por causa da morte de
Cristo, recebemos uma circuncisão melhor do que a dos judaizantes, ... no despojo do corpo dos pecados da carne [...] Sepultados com ele no batismo, nele também
ressuscitastes pela fé [ênfases adicionadas] no poder de Deus, que o ressuscitou dentre os mortos (Colossenses
2:11-12).
Aqui está um vínculo
definitivo entre circuncisão e batismo. Os Cristãos têm sido circuncidados
“também” por serem sepultados com Cristo no batismo. Mas Paulo está se
referindo apenas a água real do batismo como o cumprimento direto da
circuncisão? Citando Paulo: De modo nenhum!. Esta circuncisão realizada é
“feita sem mãos”. Não há mão humana envolvida na sua administração, seja por
faca ou pela água. Sua definição completa do cumprimento Cristão da circuncisão
é no despojo do corpo dos pecados da carne... Sepultados com ele no batismo,
nele também ressuscitastes pela fé [ênfases adicionadas] no poder de Deus, que
o ressuscitou dentre os mortos (Colossenses 2:11-12).
Para resumir, a circuncisão do
Cristão é aquela união com a morte e ressurreição de Cristo, simbolizado pelo
batismo, o que é evidenciado pela fé exterior. Os versículos 13 e 14 também
apoiam este ponto de vista, definindo os que receberam a “circuncisão”, como
aqueles que realmente experimentaram o novo nascimento e a remissão dos
pecados. Esta nova vida de fé é a circuncisão do coração na Nova Aliança, “a
circuncisão de Cristo”, que cumpre o tipo da circuncisão na Antiga Aliança.
Somente essas pessoas estavam “sepultadas com Cristo no batismo”, de acordo com
essa passagem, porque seu coração havia sido circuncidado; e isso era exibido
por sua fé. Seu batismo em água simbolizava o precedente batismo espiritual.
Alguns pedobatistas consideram
a união com Cristo no batismo em Romanos 6:3-4 como referência secundária ao
batismo em águas, considerando-o principalmente uma referência à regeneração.
No entanto, contraditoriamente, eles usam o mesmo conceito de união com Cristo
no batismo em Colossenses 2:11-12 como referência principal para a relação do
batismo em águas para a circuncisão, em vez de sua clara intenção de relacionar
a circuncisão à regeneração. Minha conclusão é que Paulo definiu a circuncisão
dos cristãos em Colossenses 2:9-12 principalmente como a união com Cristo pela
fé, secundariamente simbolizado no seu batismo em água, como em Romanos 6:3-4.
Se a circuncisão é o sinal e
selo da aliança Abraâmica, qual, então, é a sua contrapartida na Nova Aliança?
Eu acredito que as Escrituras a definem como a circuncisão do coração pelo
Espírito exibida em fé. É por isso que Paulo proibiu a circuncisão física. Eles
haviam recebido a sua realidade no novo coração (Gálatas 3:3). Paulo diz aos
Gálatas que eles não precisam da circuncisão para entrar na relação de aliança
com Deus, porque já entraram naquela relação de aliança pela circuncisão de
Cristo, um novo coração, pela união com a Sua morte e ressurreição. Portanto,
como a circuncisão (a sombra ou tipo) era o sinal de entrada no Pacto de Abraão
e o selo da fé salvadora de Abraão, assim a regeneração (a substância ou
antítipo) é o sinal de entrada na Nova Aliança e o selo da fé do crente
(Efésios 1:13-14; João 3:5-6).
O batismo, então, é o
cumprimento indireto da circuncisão física somente através de sua associação
com o cumprimento direto, a circuncisão espiritual. É por isso que vemos somente
batismo de confessores no registro do novo Testamento. Era fácil saber quem
entrava no Pacto de Abraão; eles eram nascidos na casa e eram circuncidados
exteriormente. Mas, como se pode saber se alguém entrou na Nova Aliança e passou
pela circuncisão espiritual? Somente pelo seu arrependimento e fé, simbolizados
pelo sinal exterior da circuncisão e purificação realizadas – o batismo em
águas. Atos 2:37-42 é a prova exegética clara que os únicos batizados foram
aqueles que receberam a palavra de Pedro em arrependimento e fé em Cristo (Atos
2:38, 39, 41). Eles demonstraram exteriormente a circuncisão interior, e, em
seguida, eram batizados. É assim que Cristo ordenou construir a Sua Igreja
(Mateus 16:16-18; 28:19).
O batismo em água, então, é o
sinal exterior da circuncisão interior do coração, em vez de ser a
contrapartida exterior da circuncisão exterior na carne. Assim como a
“semente” de Abraão na Antiga Aliança entrava inicialmente na aliança pela
circuncisão física e o confirmava pela circuncisão espiritual, a sua “semente”
na Aliança Nova inicialmente entra no pacto pela circuncisão espiritual e a
confirma através do batismo. Aos descendentes físicos da “semente” de Abraão na
Nova Aliança não deve ser permitido o sinal do batismo até que eles demonstrem
pela fé que eles também se tornaram a “semente” espiritual de Abraão. O livro
de David Kingdon, Children of Abraham (Filhos de Abraão), é um estudo mais
aprofundado desse conceito. A regeneração pelo Espírito, e não o batismo da
“semente” infantil de crentes, é o cumprimento da promessa de dar uma multidão
de nações a Abraão como seus descendentes. A fé vem primeiro como a evidência
de regeneração, em seguida, vem o batismo, e não o contrário.
A TERCEIRA PÉROLA
Textos
Específicos de Prova
Tendo concluído, até agora,
que a “semente” de Abraão na Nova Aliança consiste somente daqueles “da fé” e
do Espírito, e que a circuncisão da Nova Aliança não é a de Abraão, mas a
circuncisão de Cristo na regeneração, evidenciada pela fé e externamente
simbolizada pelo batismo, permita-me agora lidar com a pérola de específicos
textos de prova que têm sido utilizados para apoiar o batismo de filhos da
Aliança.
Atos
2:39
Porque a promessa vos diz respeito a vós, a vossos filhos, e a todos os que estão longe, a tantos quantos Deus nosso Senhor chamar.
Este é um texto fundamental para o batismo infantil. Pedobatistas como Berkhof, Murray e Marston às vezes cortam o texto em A promessa é para vós e para os vossos filhos..., exclamando que esses judeus assumiram imediatamente que o sinal pactual do batismo era para seus filhos. No entanto, o texto também inclui todos os que estão longe, a tantos quantos Deus nosso Senhor chamar. Duas coisas devem ser definidas neste texto: (1) qual é a “promessa” e (2) quem deve recebê-la?
Primeiro, a palavra epaggelia (promessa), no v. 39, é usada no
contexto para identificar a promessa do Espírito Santo, através da mediação de
Cristo, evidenciada exteriormente através do arrependimento e fé (v. 38; veja
também Lucas 24:49; Atos 1:4 e Atos 2:33). Se alguém aponta que estes eram
judeus que pensariam de imediato sobre a promessa feita a Abraão e sua
“semente”, ele estaria certo. Pois nós encontramos que a “promessa” a Abraão
incluía o derramamento do Espírito em sua “semente”, judeus e gentios (Gálatas
3:14), dado apenas para aqueles que creem (Gálatas 3:22).
Indo mais longe, somos
herdeiros de acordo com a “promessa” e a descendência de Abraão se e somente se pertencermos a Cristo (Gálatas 3:14, 29). Romanos 4:16 afirma que a
“promessa” a Abraão é assegurada a todos e cada um da “semente” de Abraão,
judeus e gentios, pela fé, para que seja segundo a graça e não segundo a carne.
Romanos 9:6-8 declara que é somente os filhos da “promessa” (ou seja,
regenerados pelo Espírito Santo) que são considerados como “semente” de Abraão
e o verdadeiro Israel. E isso está no contexto da eleição soberana, que
determina quem recebe a “promessa”, até mesmo dentro da família da aliança de
Isaque.
Para resumir, a “promessa”
feita a Abraão de que ele se tornaria “o pai de muitas nações” se cumpre na Nova
Aliança pelo seguro derramamento do Espírito prometido sobre a sua “semente”, que vem a Deus através do arrependimento e fé na mediação perfeita de Jesus
Cristo. Somente aqueles que recebem a “promessa” do Espírito através do
arrependimento e fé em Cristo são verdadeiramente a “semente” de Abraão e
“herdeiros”. Somente estes têm o direito ao sinal da Nova Aliança, que é o
batismo.
Mais uma vez, a quem é
oferecida a promessa do Espírito, por meio do arrependimento e da fé em Cristo
em Atos 2:38? A todos aqueles mencionados no versículo 39, a vós, a vossos
filhos, e a todos os que estão longe, a tantos quantos Deus nosso Senhor
chamar. Mas essa é uma garantia indiscriminada que cada um daqueles mencionados
certamente receberá a promessa? Não. Apenas a quantos Deus nosso Senhor
chamar. Aqui está a condição para receber a promessa: o chamado eficaz de
Deus.
A verdadeira questão é: a quem
hosous an (a quantos) se refere? Será
que hosous an (a quantos) refere-se
apenas aos que estão longe (geralmente entendidos como uma referência aos
gentios) ou refere-se a toda a frase, incluindo a vós, a vossos filhos? De
acordo com o léxico grego por Arndt e Gingrich, hosous an introduz uma cláusula
relativa condicional que denota a ação do verbo como dependente de alguma
circunstância ou condição. Ou seja, nomeadamente, a vontade soberana de Deus no
chamado eficaz expressa no subjuntivo de proskaleo
(pode chamar). Hosous é o plural
masculino acusativo para o verbo proskaleo.
E desde teknois, humin e pasin (filhos,
vós e todos) são coletivamente oferecidos a promessa pela utilização da
conjunção kai (e), nós podemos
referir a esses três plurais dativos como o objeto indireto composto. Além
disso, como teknois e pasin são masculinos, hosous an (a quantos) pode legitimamente
modificar ambos. Portanto, a todas as três classes são oferecidas a promessa do
Espírito através do arrependimento e fé. No entanto, em hosous an, a condição do recebimento por todos os três devem
depender do soberano chamado eficaz de Deus. Não há maior promessa para os
filhos daqueles a quem se dirigia do que aos pais judeus e gentios presentes.
Nem todos aqueles endereçados receberam a promessa e foram batizados, mas
apenas aqueles que “receberam” a palavra de Pedro em arrependimento e fé, pelo
chamado eficaz de Deus, incluindo os filhos (2:41).
Uma objeção à minha linha de
raciocínio é que não haveria necessidade de mencionar e a vossos filhos, se
eles devessem receber a mesma promessa como seus pais teriam sido incluídos no
vós, que se dirige à multidão. Portanto, o argumento segue, a menção de e a
vossos filhos é uma prova da continuação do conceito de família da Aliança e
da aplicação do sinal do pacto sobre os filhos da mesma. No entanto, a simples
menção de filhos como uma categoria separada indica que o apóstolo queria
enfatizar que não houvesse mal-entendido, de modo que eles não recebessem o
batismo, a menos que eles se arrependessem e cressem como o versículo 38 exige
claramente. A segunda resposta a essa objeção é que todos aqueles que eram
batizados participavam da Ceia do Senhor imediatamente depois (v. 42). Se os
filhinhos fossem batizados com seus pais, eles também participariam do partir
do pão? A objeção não se sustenta.
Outra objeção comum define que
Atos 2:39 deve primeiro ser lido através dos olhos da aliança Abraâmica.
Entretanto, é minha convicção de que a revelação mais completa da Nova Aliança
deve definir como a aliança Abraâmica é cumprida, ao invés de deixar a aliança
Abraâmica interpretar a revelação do cumprimento da Nova Aliança. É um
princípio de interpretação que está em questão aqui. Nós ensinamos este
princípio às nossas crianças, descrevendo a relação entre os Testamentos, com
um pouco de rima:
O Novo está no Antigo velado.
O Antigo está no Novo
revelado.
Atos 2:38-39 e 41 apoiam o
princípio de que a revelação da Nova Aliança deve definir os participantes de
seu cumprimento na Nova Aliança do Pacto de Abraão e não vice-versa. Apenas
aquelas crianças no meio da multidão que receberam a palavra de Pedro foram
batizadas. Não há outra possibilidade exegética no texto e contexto.
Independentemente da sua
idade, apenas aqueles que receberam a palavra de Pedro e reivindicaram a
promessa de Deus foram batizados. Não há nenhuma menção nesta passagem de bebês
sendo batizados juntamente com seus pais. Na verdade, essa passagem depende
explicitamente da recepção da promessa do Espírito sobre o soberano chamado
eficaz de Deus, que é evidenciado pelo arrependimento e fé. Estes e somente
estes foram batizados em comunhão da igreja.
Atos 2:39 define o cumprimento
da “promessa” apenas naqueles que são eficazmente chamados por Deus, aqueles
que recebem a Palavra em arrependimento e fé. Somente estes devem ser
batizados.
Os
Textos de “Batismos de Casas”
A questão do batismo de casas
tem sido muito utilizada para apoiar o pedobatismo. Estes são os batismos das
casas de Cornélio, de Lídia, do carcereiro de Filipos, Estéfanas e Crispo.
A
Casa de Cornélio (Atos 10:22; 11:12, 14)
O relato de Pedro pregando o
Evangelho na casa de Cornélio não apoia o batismo infantil. Pedro pregou o
Evangelho a toda a casa, e “toda” a casa foi salva. Como sabemos disso? Atos
10:44 e 11:15 o testificam. O Espírito Santo desceu sobre “todos” eles e levou-os
ao arrependimento e fé (11:17-18). Na verdade, Pedro explicitamente declarou em
10:47 que ele batizou somente aqueles que também receberam como nós o Espírito
Santo. Esta extensão do Pentecostes para os gentios claramente definiu quem
foi batizado. Não há nenhuma menção de infantes no domicílio, mas somente
aqueles que ouviam a palavra (10:44). Bebês podem ser regenerados por Deus
(por exemplo, João Batista), e alguns podem ter estado presentes. Mas eles não
são capazes de ouvir o Evangelho e de falar em línguas e magnificar a Deus (Atos 10:46). Apenas as pessoas que fizeram isso receberam o batismo como um
sinal da “promessa” Abraâmica do Espírito (Gálatas 3:14). Concluo que o
episódio na casa de Cornélio não apoia o batismo infantil, mas
também é um forte indicador para o batismo de discípulos/confessores.
Casa
de Lídia (Atos 16:15)
O caso de Lídia é
inconclusivo. Onde estava o marido de Lídia? Ela pode não ter se casado de modo
algum. Apenas mulheres são mencionados na margem do rio. E parece que ela e sua
família foram batizados no rio antes que ela levasse Paulo de volta para sua
casa. Isso abre a possibilidade de que haviam apenas mulheres em sua casa (cada
membro que esteve, provavelmente, na margem do rio com ela), e que ela era uma
comerciante solteira ou viúva. Mesmo que isso não seja inteiramente exato, não
há nenhuma menção de bebês ou crianças mais velhas em sua casa. Mesmo muitos
pedobatistas tomam essa instância de batismo de casas como inconclusiva para a
posição deles.
Casa
do Carcereiro de Filipos (Atos 16:30-34)
O relato do carcereiro de
Filipos é provavelmente a melhor possibilidade para a inclusão de infantes no
batismo de casas. Toda a sua casa foi batizada, mas é errado aplicar a promessa
do versículo 31 ao “batismo da Aliança” à família baseada na fé do carcereiro.
Isso é claramente demonstrado nos versículos seguintes, onde está registrado
que Paulo e Silas pregaram o Evangelho a todos os que estavam em sua casa (v.
32) e que toda a sua casa (v. 34) acreditou em Deus com ele.
Há um problema de tradução com
este texto que precisa ser examinado. J. A. Alexander concorda que o v.
31 é simplesmente uma promessa de salvação pela fé para o carcereiro e sua
família sobre a crença por ambos. O versículo 34 é mais complicado. As
traduções NVPA, NVI, VKJ, Williams e Beck indicam que a fé que foi
compartilhada por toda a sua família foi a base para a alegria deles tendo
crido em Deus... com toda a sua casa. No entanto, o particípio é masculino,
singular e parece descrever a fé do carcereiro: ele se alegrou muito com toda
a sua casa, tendo crido [isto é, o carcereiro] em Deus. A ênfase parece ser
que a família se alegrou com ele porque ele havia crido (RSV, NEB).
Mesmo que a última
interpretação seja correta, ainda temos o problema da alegria dos infantes. É
verdade que as crianças podem detectar e participar da alegria em uma casa. Mas
infantes podem se alegrar porque eles percebem que o pai creu em Deus? Essa
pode muito bem ser a base para a alegria de toda a família. No entanto, por
causa do contexto de pregação da Palavra a todos na casa e porque todos foram
consequentemente batizados, eu creio que a alegria deles era a mesma do
regozijo do carcereiro, a evidência de uma fé recém-encontrada e redenção
expressa na alegria da regeneração pelo Espírito Santo. Porque todos eles
ouviram o Evangelho, foram batizados e se alegraram, é uma conclusão legítima
de que todos eles creram. Ele e toda a sua casa foram batizados porque todos
creram. Infantes podem ouvir a Palavra e responder em fé? Não. Se crianças
estavam presentes, sobre o que não há nenhuma prova, o contexto nega que elas
foram batizadas. De fato, o contexto sugere que nenhum infante estava presente.
Este caso de batismo de casa realmente dá apoio ao batismo de confessores.
Casa
de Crispo (Atos 18:8)
Um caso relatado que apoia a
mesma conclusão, refiro-me à família de Crispo. Aqui há um relato definitivo a
respeito do batismo, no qual toda a família, juntamente com Crispo, creu no
Senhor. Também deve ser notado que, no mesmo versículo, os outros Coríntios que
foram batizados, primeiramente creram. Parece evidente que toda a família creu
em primeiro lugar e, depois, foram batizados. Este caso também apoia
positivamente o batismo de confessores dentro das famílias.
Casa
de Estéfanas (1 Coríntios 1:16)
O último batismo de casas
mencionado no Novo Testamento é o de Estéfanas, por Paulo. A ênfase deste texto
é que os crentes batizados estavam em divisão e controvérsia sobre quem os
batizara. Parece que eles eram capazes de saber quem os batizou, excluindo
assim as crianças. Além disso, 1 Coríntios 16:15 descreve a família de
Estéfanas como tendo se dedicado ao ministério aos santos. Os bebês não podem
conscientemente dedicarem-se de tal maneira. No entanto, mesmo se isso não
impede as crianças na família de Estéfanas, o máximo que se pode dizer é que
não sabemos se as crianças estavam presentes. Na melhor das hipóteses, esse
relato não é conclusivo para o batismo infantil.
Em resumo, os relatos das
casas de Lídia e Estéfanas não são conclusivos, enquanto que os relatos das
casas de Cornélio, Crispo e do carcereiro apontam para a crença
consciente e regeneração antes do batismo. Portanto, concluo que o peso dos
batismos de casas inclina-se para o batismo de confessores.
Autor: Fred A. Malone
Fonte: founders.org
Tradução: Camila Almeida
Via: Estandarte De Cristo
Fred Malone é o pastor da Primeira Igreja Batista em Clinton, Louisiana. Ele recebeu o grau de Mestre em Divindade pelo Reformed Theological Seminary e PhD pela Southwestern Baptist Theological Seminary. Dr. Malone também serve como administrador do Southern Baptist Theological Seminary.