TEXTO
BASE: Apocalipse 3.14-22
INTRODUÇÃO
A carta
de Jesus a igreja de Laodicéia é a carta mais severa de todas as outras cartas às
igrejas da Ásia Menor. Esta carta não contém um elogio sequer de Cristo. Há
somente críticas e ríspidas palavras de exortação.
Michael Wilcock diz que a indiferença de Laodicéia é a pior condição em que uma igreja pode cair.
A situação de Laodicéia é pior que a de Sardes onde, pelo menos, existia um fio
de vida. A única coisa boa em Laodicéia é a opinião da igreja sobre si mesma e,
ainda assim, completamente falsa.1
A igreja de Laodicéia representa duas verdades
essenciais: 1) É a igreja que, na doutrina ou na prática, vive como se não
tivesse a Cristo como Senhor. 2) É a igreja num todo, a igreja contemporânea,
isto é, a igreja dos últimos dias, que será apóstata e
antecederá a segunda volta de Cristo (1Tm 4.1; Tm 4.3-4; 1Pe 2.1-3).
O esboço analítico desta seção pode ser dividido em 6 partes:
1. Introdução da carta a igreja de Laodicéia (3.14)
2. A descrição que Cristo faz da igreja de Laodicéia (3.15-16)
3. A censura de Jesus a igreja de Laodicéia (3.17-18)
4. A descrição de Cristo como um mercador espiritual (3.18)
5. Os imperativos de Cristo a igreja de Laodicéia (3.19-20)
6. A promessa de Cristo a igreja de Laodicéia (3.21-22)
O esboço analítico desta seção pode ser dividido em 6 partes:
1. Introdução da carta a igreja de Laodicéia (3.14)
2. A descrição que Cristo faz da igreja de Laodicéia (3.15-16)
3. A censura de Jesus a igreja de Laodicéia (3.17-18)
4. A descrição de Cristo como um mercador espiritual (3.18)
6. A promessa de Cristo a igreja de Laodicéia (3.21-22)
EXPLANAÇÃO
1. Introdução da carta a igreja de Laodicéia (3.14)
1.1 O
remetente e o destinatário da carta (vs.14a)
A palavra “anjo,
no grego, άγγελος (aggelos), significa mensageiro, aquele que anuncia ou ensina algo. Neste caso se refere ao pastor da igreja em Laodiceia”.2 Conforme é descrito no texto, Jesus instruiu João
a escrever uma breve carta destinada ao pastor da igreja em Laodicéia.
APLICAÇÃO
PRÁTICA
Foi o Senhor Jesus
quem instituiu ao pastor a responsabilidade de ser o líder da igreja (Ef 4.11). O
pastor deve ser o exemplo de um homem de Deus para a igreja (Hb 13.7). Como líder de um povo,
o pastor tem maior responsabilidade e precisa amiudamente rever seus
conceitos, suas falhas, seus pecados e, em seguida, se arrepender. Depois de restaurado, o pastor deve fazer o mesmo com a igreja, convocando-a a se arrepender constantemente e a empenhar-se por uma vida piedosa.
1.2 O
contexto da cidade de Laodiceia (vs.14a)
No
mundo antigo, havia seis cidades que se chamavam Laodicéia. A que João menciona em Apocalipse, para distingui-la das outras, se chama Laodicéia sob o Licus, que era um rio onde esta cidade ficava as suas
margens. Esta
cidade foi fundada cerca do 250
a .C. por Antíoco da Síria, que dera o nome de sua esposa
Laodiceia a cidade.3 Laodiceia era importante pela sua localização.
Ficava no meio das grandes rotas comerciais. Era uma cidade rica e opulenta.4
Laodicéia era uma das cidades mais ricas do
mundo antigo. Era o lar dos milionários. “Na cidade havia teatros, um estádio e um ginásio equipado com banhos. Era
a cidade de banqueiros e transações comerciais. William Hendriksen ressalta que esta cidade era tão rica que chegou
a rejeitar a ajuda do governo após ter sido parcialmente destruída por um
terremoto no ano 61 d. C”.5
Laodicéia era um grande centro de
indústria de tecidos. Lá se produzia uma lã especial que era famosa no mundo inteiro.
As ovelhas que pastavam nos arredores de Laodicéia tinham sua lã suave, de cor
violeta escura. Lá se produzia mantos muito baratos. Uma de suas especialidades
era uma túnica chamada trimita,
pela qual alguns chamavam Trimitaria à cidade.
Havia também em Laodicéia um centro médico muito famoso.
Fabricava-se ali dois unguentos quase milagrosos para os ouvidos e os olhos. O
pó frígio para fabricar o colírio era o remédio mais importante produzido na
cidade. Esse colírio era exportado para todos os centros populosos do mundo.6
O nome Laodicéia é mencionado somente uma vez
em todo o Novo Testamento – em Colossenses 4.13. Por ser próxima da cidade de
Colossos, há uma grande possibilidade de Epafras ter sido o fundador da
igreja em Laodicéia (Cl 1.7; 4.12-13). Se observarmos ainda Colossenses 4.12-13, podemos notar que
Paulo havia enviado uma carta à igreja de Laodiceia. O apóstolo orienta aos
colossenses para que a carta destinada a eles também
fosse lida na igreja de Laodicéia, e, a de Laodicéia, também fosse lida na
igreja de Colossos, fazendo, assim, um rodízio destas duas cartas nas igrejas.
Todavia, não há descrito em nenhuma das cartas
de Paulo que ele teria visitado a igreja de Laodicéia. É bem provável que
após ter sido solto de sua prisão em Roma, o apóstolo tenha visitado Colossos
(Fm 22) e até mesmo Laodicéia, pois ambas eram cidades vizinhas.
1.3 O caráter do Cristo glorioso (vs.14b)
Jesus se apresenta a igreja de Laodicéia
através de três aspectos que expressam a sua grandiosidade. A primeira
expressão utilizada pelo Senhor para descrever a si mesmo é o amém. Simon Kistemaker salienta que o
amém traz a ideia daquilo que é verdadeiro e fidedigno.
É o “sim” enfático como uma resposta afirmativa
a uma oração ou a conclusão de uma doxologia (Rm 1.25; 9.5; 11.36; 16.27; Gl
618; Ap 1.7; 5.14; 7.12; 19.4). O amém veio a ser personificado no texto
hebraico como o “Deus do Amém”, pela tradução, o “Deus da verdade” (veja Is 65.16; 2Co 1.20).7
A segunda expressão – a testemunha fiel e verdadeira – é uma tradução do mesmo termo
hebraico Amém. “As letras que formam
esta palavra em Hebraico simbolizam três palavras: EL MELECH NEEMÁN, que
traduzido é DEUS, REI, FIEL, a testemunha
fiel e verdadeira”.8 Por fim, a terceira expressão que Jesus
utiliza para descrever a si mesmo é o
princípio da criação de Deus.
Com essa afirmação, não devemos entender que Jesus foi um ser criado por Deus, como declara o arianismo. “A
palavra grega αρχή (arche), traduzida
como princípio, refere-se literalmente
a Cristo como o iniciador ou a causa da criação”.9 Indubitavelmente, o que Jesus está enfatizando
aqui é simplesmente a sua soberania na criação de todas as coisas, na qual Ele
tem todo controle (Jo 1.1-3; Cl 1.15-18; Hb 1.2). Portanto, a melhor tradução
desta passagem seria a tradução das versões NVI, BJC e NTLH.
NVI: Estas são as palavras do Amém, a testemunha fiel e
verdadeira, o soberano da criação de Deus.
BJC: Eis a mensagem do Amém, a testemunha fiel e
verdadeira, o governante da criação de Deus.
NTLH: Esta é a mensagem do Amém, da testemunha fiel e
verdadeira, daquele por meio de quem Deus criou todas as coisas.
2. A descrição que Cristo faz da igreja de Laodicéia (3.15-16)
Jesus avalia e apresenta a condição
espiritual em que a igreja de Laodicéia se encontrava. Senão vejamos:
2.1 Apatia espiritual (vs.15)
Jesus detecta indiferença na igreja. O termo obras denota a condição
espiritual da igreja em geral. Esse termo aparece também nas outras seis cartas
(2.2, 19; 3.1, 8). Aqui, tem o mesmo significado que na carta
à igreja de Sardes (vs.1), que expressa as obras pífias e insignificantes dos crentes da igreja de Laodiceia. Jesus acentua uma premente reprovação para a igreja de Sardes e Laodicéia.
George Ladd escreve:
George Ladd escreve:
A carta não menciona
perseguições por funcionários romanos, dificuldades com os judeus ou qualquer
tipo de falsos mestres dentro da igreja. Laodicéia era muito parecida com Sardes:
um exemplo de Cristianismo nominal e acomodado. A maior diferença é que em
Sardes ainda havia um núcleo que tinha preservado a fé viva (3.4), enquanto que
toda a igreja de Laodicéia estava tomada pela indiferença. Provavelmente muitos
membros da igreja participavam ativamente da alta sociedade, e esta riqueza
econômica exerceu uma influência mortal sobre a vida espiritual da igreja.10
Simon Kistemaker complementa, enfatizando que os
poucos fiéis em Sardes eram como pedaços de lenha meio queimada sobre cinzas;
os de Laodicéia não eram nem frio nem quente.11
2.2 Um contraste insofismável (vs.15-16)
O abastecimento de água em Laodicéia vinha das
cidades vizinhas Hierápolis e Colossos por meio de um sofisticado sistema de
arquedutos,12 que são tubos conectados a uma fonte distante.13
Hierápolis era famosa pelas primaveras quentes, e Colossos pelo córrego de
água fria, pura e refrescante vinda da montanha.14
Hierapólis fornecia águas de qualidade
medicinal para Laodicéia.15 Porém, quando as águas chegavam a
Laodicéia “em seu curso sobre o planalto tornava-se morna. Tanto as águas
quentes de Hierápolis quanto as águas frias de Colossos eram terapêuticas, mas
as águas mornas de Laodiceia eram intragáveis.16 Sendo assim, Jesus utiliza a geografia da cidade de Laodicéia para elucidar um
contraste “entre as águas quentes medicinais de Hierápolis e as águas frias e
puras de Colossos”.17 Note que o Senhor descreve a vida espiritual desta igreja em
três adjetivos: morno, quente e frio.
William
Barclay corrobora que a palavra morno,
no grego ζεστός (jliaros), traz a ideia de algo que
provoca náuseas. A palavra frio κρύο (psujros), significa frio ao ponto de congelamento. E a palavra quente καυτό (tsestos),
denota quente até o ponto de ebulição.18
O problema da igreja de Laodicéia não era teológico
nem moral. Não havia falsos mestres, nem heresias. Também não há menção na
carta de perseguidores. O que faltava à igreja era fervor espiritual. A vida
espiritual da igreja era morna, indefinível e apática, diz Hernandes Dias
Lopes.19 John Macarthur acentua que a igreja de
Laodicéia não era nem fria,
rejeitando abertamente a Cristo, e nem quente,
cheia de zelo espiritual. Em vez disso, seus membros eram mornos, hipócritas que professavam conhecer a
Cristo, mas que não pertenciam verdadeiramente a Ele.20 Champlin, por sua vez, enfatiza que a mornidão dos Laodicenses se dava ao fato que sua fonte de
satisfação e razão de vida estava fora de Cristo, embora também não se
dispunham em rejeitá-lo aberta e decisivamente.21
Portanto,
devido ao estado lastimável da igreja, Jesus diz que está a ponto de vomitá-la da sua boca. Ele não diz que vai vomitá-la,
mas que está prestes ou irá vomitá-la. Vemos com isso a expressão da
bondade, paciência e misericórdia de Jesus. Antes de vomitar a igreja, que
indica executar o seu juízo, Ele espera que, após a leitura desta carta, os
Laodicenses se arrependam de sua indiferença.
APLICAÇÃO
PRÁTICA
A vida cristã tépida provoca náuseas em Jesus!
A indiferença espiritual é pior do que a frieza.22 Existem muitos
cristãos que são ateus na prática. Agem como se Deus não existisse, vivendo a
vida tibiamente como a igreja de Laodicéia. Creem que Deus existe, mas o negam
com suas atitudes. É bem mais autêntico ser um ateu, frio e declarado, do que ser um cristão apático e incrédulo na igreja.
Alguém que nunca fez uma profissão de fé e tem
a consciência de sua completa falta de vida moral é muito mais fácil de ser
ajudado do que alguém que se julga cristão, mas que não tem uma verdadeira vida
espiritual.23 Um cristão morno
não tem vida de oração. É inconstante. Não estuda as Escrituras. É pouco
presente nas reuniões da igreja e não é ativo no serviço cristão. Esse é o
retrato do dito cristão que não é frio ou quente, mas sim, morno!
3. A censura de Jesus a igreja de Laodicéia (3.17-18)
Depois de avaliar e apresentar a condição
espiritual da igreja de Laodicéia, Jesus, agora, a reprova severamente.
3.1 Uma falsa confiança (vs.17-18)
Vemos desta vez um Jesus inflexível com a igreja! Ele a reprova asperamente por tamanha presunção e soberba. A
igreja de Laodicéia era uma igreja rica. Eles pensavam que pelo fato de serem
ricos materialmente, também eram ricos espiritualmente. Eles se consideravam uma igreja grandemente abençoada!
Laodicéia era o lar das pessoas felizes e autossatisfeitas. Tinham tudo que o dinheiro pode proporcionar e não possuíam
necessidade alguma, pois diziam: Somos
ricos, estamos bem de vida e temos tudo o que precisamos! (NTLH)
Parafraseando, era como se eles dissessem: Nós conquistamos tudo
por nós mesmos!
No entanto, Jesus enuncia que esta felicidade e autossatisfação que possuíam eram falsas, e que, na verdade, eles eram infelizes e miseráveis, dignos de condolência.
No entanto, Jesus enuncia que esta felicidade e autossatisfação que possuíam eram falsas, e que, na verdade, eles eram infelizes e miseráveis, dignos de condolência.
Laodicéia
tinha orgulho de sua riqueza por ter o maior centro bancário de toda Ásia Menor
situado na cidade, que por sinal rendia muito dinheiro ao comércio e
aos trabalhadores em geral pelas importantes transações comerciais que ali eram
feitas. Contudo, diante de toda esta opulência, Jesus diz que os Laodicenses estavam
enganados a respeito de si mesmos e que, na verdade, eram pobres espiritualmente. Eles não tinham Jesus como a sua riqueza. Laodicéia se orgulhava da mega indústria de tecidos que possuía e da roupa que
fabricava, que era exportada para o mundo inteiro, mas, espiritualmente, diz
Jesus, eles estavam nus.
Laodicéia
tinha também um imenso orgulho do famoso colírio que produzia e exportava para
todo o mundo como o remédio mais eficaz para doenças nos olhos. “No Oriente, as
doenças nos olhos eram muito freqüentes, e eram causadas pela forte irradiação
solar, por constante poeira, pela escassez de água e pela falta de higiene. Por
isso havia muitos cegos naquela época”.24 Todavia,
Laodicéia era cega, pois não via a
luz de Cristo. Tinha o remédio para curar os outros, mas não podia curar a si
mesma. Laodicéia não enxergava a sua própria
desgraça diante de Cristo! Michael Wilcock escreve:
Em outras cidades da Ásia
temos observado que o estado da igreja geralmente corresponde ao estado da
cidade. Em Laodicéia, entretanto, isso não se repete; há um contraste entre a
cidade e a igreja. A igreja é a imagem da cidade revertida como em um negativo.
Financistas, médicos e fabricantes de tecidos se encontram entre os cidadãos
mais notáveis da cidade; porém a igreja é considerada infeliz, miserável,
pobre, cega e nua.25
APLICAÇÃO
PRÁTICA
O autoengano e a autossatisfação são uma
tragédia. “Laodiceia considerava-se rica, mas era pobre. Sardes considerava-se
viva e estava morta. Esmirna considerava-se pobre, mas era rica. Filadélfia
tinha pouca força, mas Jesus colocará diante dela uma porta aberta. A igreja de
Laodicéia enfrentou a tragédia de não ser o que projetou e ser o que
nunca se imaginou ser.”26 Um cristão morno
é assim. Ele pensa de si algo que não é diz: Sou um exemplo de cristão; quando, na verdade, está cego quanto a
sua real condição. Um cristão assim está ao mesmo tempo iludido, enganado e
satisfeito com aquilo que não é e com uma realidade que não existe (Rm
12.11; 1Ts 5.19). Um cristão assim precisa nascer de novo, ser
regenerado! Muitos no dia do juízo vão estar enganados quanto a si mesmos e
serão surpreendidos pelo Senhor acerca da sua verdadeira identidade (Mt 7.21-23).
4. A descrição de Cristo como um mercador espiritual (3.18)
Laodicéia fora descrita por Cristo, agora, Ele
descreve a si mesmo como um mercador espiritual.
4.1 Um conselho amoroso (vs.18)
Após reprovar severamente a igreja de Laodicéia
pela sua autossuficiência, Jesus, desta vez, tece um sábio e amoroso conselho.
Cristo, utilizando a linguagem de mercado, se apresenta como um mercador
espiritual, fazendo alusão a Isaías 55.1, que diz:
Venham,
comprem vinho e leite sem dinheiro e sem custo. (NVI)
Jesus está demonstrando a sua graça
bendita a pessoas que diziam que não precisavam de nada, mas sobre a ótica do
Senhor, não tinham nada e precisavam de tudo. Os Laodicenses eram, na verdade, mendigos espirituais. “Cristo, porém, está aconselhando as pessoas irem até Ele
e comprarem.”27 Porém, Jesus oferece a sua mercadoria
gratuitamente. Os Laodicenses não precisavam ter dinheiro para comprar o ouro,
as roupas e o colírio para os olhos que Jesus estava vendendo, mas precisavam
de um coração quebrantado, arrependido e convicto de seus pecados. Este era o “preço
a pagar” para se obter estas mercadorias.
Hernandes Dias Lopes corrobora que o ouro que
Cristo tem é o reino do céu. A roupa que Ele oferece são as vestes da justiça e
da santidade. O colírio que Ele tem abre os olhos para o discernimento. Cristo
está conclamando os crentes a não confiarem em seus bancos, em suas fábricas e
em sua medicina. Só Cristo pode enriquecer a nossa pobreza, vestir a nossa nudez
e curar a nossa cegueira.28
APLICAÇÃO
PRÁTICA
Os cristãos apáticos de hoje precisam comprar
ouro, roupas e colírio, isto é, “precisam de salvação” genuína. Serem convertidos! Hendriksen afirma que a
salvação é ouro que enriquece (2Co 8.9); é veste branca que cobre a nudez ou
nossa culpa e reveste-nos com justiça, santidade e alegria no Senhor; é colírio
que, quando possuído, não mais nos deixa cegos.
A salvação tem de ser
comprada, isto é, precisamos obter a justa posse dela.29 Mas como
nós, pessoas tão pobres, desprovidas e incapacitadas espiritualmente de buscar
a Deus, podemos comprar a salvação?
Isaías 55.1 – Venham, comprem vinho e leite sem dinheiro e
sem custo. (NVI)
A salvação é de graça e pela
graça! Paulo diz em Romanos 10.9 que se confessarmos o Senhor Jesus (com
genuíno arrependimento pelos pecados) e crermos de todo o coração que (Ele é o
Senhor e que devemos viver para Ele) Deus o ressuscitou dentre os mortos, somos
salvos. (NVI)
5. Os imperativos de Cristo a igreja de Laodicéia (3.19-20)
5.1 Um chamado ao arrependimento (vs.19)
Jesus conclama a igreja de Laodicéia a uma
mudança de vida. Antes de executar o seu juízo vomitando a igreja, o Senhor
demonstra a sua misericórdia repreendendo-a e disciplinando-a.
A
expressão eu repreendo e disciplino
aqueles a quem amo (ARA) é
um paralelo com Provérbios 3.12 e Hebreus 12.6, e indica que o amor e a disciplina caminham juntos para que sobrevenha o arrependimento. “A
palavra repreendo επίπληξη (elencho), significa aquela classe de
repreensão que obriga necessariamente a reconhecer o erro e corrigi-lo. É falar
com o pecador de tal maneira que este não tenha mais saída do que reconhecer e
admitir o seu erro e corrigir a sua vida”.30 Um
exemplo clássico desse tipo de repreensão foi quando Natã confrontou Davi
acerca do seu pecado de adultério e por ter planejado a morte de Urias para
ficar com sua mulher, Bate-Seba (2Sm 12.1-14).
Dessarte, Jesus repreende e disciplina a igreja com amor para que,
depois do arrependimento, ela se volte com zelo amoroso para Deus. “A repreensão de Deus não é um castigo, mas
sim uma iluminação”.31
5.2 Um chamado a comunhão profunda (vs.20)
A igreja de Laodicéia era uma igreja excluída
de vida espiritual. Se observarmos atentamente os versículos 18-20, e todo o
contexto que abrange as outras cartas às demais igrejas (2.1-28; 3.1-22),
perceberemos que estas palavras de Cristo são dirigidas especificamente a não cristãos. Não existia sequer um remanescente fiel de verdadeiros cristãos em
Laodicéia!
A expressão eis
que estou à porta e bato denota que Cristo
estava do lado de fora desta igreja, isto é, do lado de fora do coração de cada
Laodicense. O Senhor quer entrar nessa igreja. Ele chama o pecador a abrir a
porta do seu coração. “Ele bate persistentemente para chamar a atenção, de modo
que ninguém jamais será capaz de dizer que o Senhor deixou de chamá-los. (Mt
23.37)”32
A segunda expressão – se alguém ouvir a minha voz e abrir a porta – enfatiza que Cristo não
somente bate na porta do coração de cada um individualmente, mas que também Ele
fala ao coração da pessoa chamando-a ao arrependimento e a fé. Note aqui o
duplo contraste entre a soberania de Deus e a responsabilidade humana no âmbito
da salvação.
Entretanto, apesar de Jesus tomar toda a iniciativa de estar à porta e bater no coração do pecador, todavia, é o próprio Jesus também que faz com que o pecador abra a porta do seu coração para que Ele entre em sua casa, ou seja, na sua vida. Podemos chamar esse ato de abrir o coração de regeneração. A responsabilidade de ouvir Cristo bater é da pessoa. Não obstante, é somente o Espírito Santo que capacita o homem a ouvir e responder com arrependimento e fé a voz do Senhor batendo na porta do seu coração. Não obstante, somente a pessoa regenerada abre a porta e recebe a Cristo. E o abrir dessa porta é o que chamamos de conversão (At 16.4; Jo 14.23).
Entretanto, apesar de Jesus tomar toda a iniciativa de estar à porta e bater no coração do pecador, todavia, é o próprio Jesus também que faz com que o pecador abra a porta do seu coração para que Ele entre em sua casa, ou seja, na sua vida. Podemos chamar esse ato de abrir o coração de regeneração. A responsabilidade de ouvir Cristo bater é da pessoa. Não obstante, é somente o Espírito Santo que capacita o homem a ouvir e responder com arrependimento e fé a voz do Senhor batendo na porta do seu coração. Não obstante, somente a pessoa regenerada abre a porta e recebe a Cristo. E o abrir dessa porta é o que chamamos de conversão (At 16.4; Jo 14.23).
A terceira expressão – entrarei na sua casa e cearei com ele, e ele comigo – tem um profundo
significado. O verbo cear υποστήριξη (deipneo), se refere à refeição
do fim do dia, o jantar, que é a principal refeição do dia.33 Simon
Kistemaker elucida:
Na mente oriental, a
hospitalidade nas horas da refeição demonstra a confiança e o respeito pelo
hóspede (Sl 41.9), pois o anfitrião já abriu a porta da sua casa para o hóspede
e parte o pão com ele. Mas aqui é Jesus que assume o papel de anfitrião, pois
Ele diz que entrará e ceará com o seu hóspede a principal refeição do dia. Essa
refeição por ser já no final do dia, após o período de trabalho, é uma
atmosfera de lazer e comunhão íntima. Esse era o momento onde havia o desfrutar
de uma boa conversa e até de brincadeiras saudáveis entre as pessoas. Essa
passagem fala da união com Cristo e do caminhar diário com Ele.34
APLICAÇÃO
PRÁTICA
A igreja de Laodicéia é
o retrato da igreja hodierna! Uma igreja que, em sua maioria, é
composta de falsos cristãos que pensam serem verdadeiros cristãos. É uma igreja
que estampa uma falsa aparência daquilo que não é! É uma igreja soberba que pensa estar cheia de
vida, mas que na realidade é perdida e necessita de salvação. Através
desta carta, Cristo convoca a igreja contemporânea ao arrependimento e a profunda comunhão com
Ele.
Arrepender-se é dar as
costas a esse cristianismo de aparências, de faz de conta, de mornidão. A
piedade superficial nunca salvou ninguém. Não haverá hipócritas no céu. Devemos
vomitar essas coisas de nossa boca, do contrário, Cristo nos vomitará. Devemos
trocar os anos de mornidão pelos anos de zelo.34
CONCLUSÃO
6. A promessa de Cristo a igreja de Laodicéia (3.21-22)
6.1 Um privilégio glorioso (vs.21)
Esta
sublime promessa não é restrita somente a igreja de Laodicéia, caso se
arrependesse e vencesse, mas abarca a igreja de todos os tempos. Jesus
diz aos vencedores (os cristãos genuínos) que eles terão o direito de assentar-se no trono com Ele, que é
símbolo de
conquista e autoridade. Para
corroborar essa premissa, como exemplo para os cristãos serem perseverantes (Hb
10.35-39), o próprio Jesus traz alume o seu sofrimento, morte e ressureição, ao
dizer que venceu e assentou-se com seu Pai no seu trono (Hb 1.3; 8.1; 12.2).
Os
cristãos glorificados desfrutam da honra e do dever de julgar as doze tribos de
Israel, o mundo e os anjos (Mt 19.28; Lc 22.28-30; 1Co 6.2-3) e governarão com
Cristo (2Tm 2.12; Ap 5.10; 20.4, 6; 22.5). Tal promessa está descrita em
Daniel
7.27 – Então
a soberania, o poder e a grandeza dos reinos que há debaixo de todo o céu serão
entregues nas mãos dos santos, o povo do Altíssimo. O reino dele será um reino
eterno, e todos os governantes o adorarão e lhe obedecerão.35 (NVI)
Quem tem ouvidos (espirituais) para ouvir, ouça o que Cristo fala pelo Espírito as igrejas!
Quem tem ouvidos (espirituais) para ouvir, ouça o que Cristo fala pelo Espírito as igrejas!
NOTAS:
1. Michael Wilcock. A mensagem de Apocalipse,
pág 24.
2. James Strong. Dicionário do Novo Testamento Grego, pág 2029.
3. William Barclay. Apocalise pág 161.
4. Hernandes Dias Lopes. Ouça o que o Espírito
diz as Igrejas, pág 82.
5. William Hendriksen. Mais que Vencedores, pág
55.
6. Hernandes Dias Lopes. Apocalipse, pág 139.
7. Simon Kistemaker. Apocalipse, pág 225.
8. Rubens Szczerbarcky. Revelando os Mistérios
do Apocalipse, pág 75.
9. James Strong. Dicionário do Novo Testamento
Grego, pág 2094.
10.
George Ladd. Apocalipse, pág 30.
11. Simon Kistemaker. Apocalipse, pág 226.
12. Rubens Szczerbarcky. Revelando os Mistérios do
Apocalipse, pág 76.
13.
Bíblia de Estudo Genebra. Notas de Rodapé, pág 1725.
14.
Bíblia de Estudo Macarthur. Notas de Rodapé, pág 1784.
15.
Simon Kistemaker. Apocalipse, pág 227.
16.
Hernandes Dias Lopes. Apocalipse, pág 139.
17. Fritz Rienecker e Cleon Rogers. Chave Linguística do
Novo Testamento Grego, pág 611.
18.
William Barclay. Apocalipse, pág 167.
19.
Hernandes Dias Lopes. Apocalipse, pág 140.
20.
Bíblia de Estudo Macarthur. Notas de Rodapé, pág 1784.
21.
Russel Norman Champlin. Apocalipse, pág 431.
22. Hernandes Dias Lopes. Apocalipse, pág 141.
23.
Ibid.
24.
Adolph Pohl. Apocalipse, pág 79-80.
25.
Michael Wilcock. A
mensagem de Apocalipse, pág 24.
26. Hernandes Dias Lopes. Apocalipse, pág 141.
27. Simon Kistemaker. Apocalipse, pág 230.
28. Hernandes Dias Lopes. Ouça o que o Espírito
diz as Igrejas, pág 86-87.
29. William Hendriksen. Mais que Vencedores,
pág 56.
30- William Barclay. Apocalipse, pág 171.
31.
Ibid.
32. Fritz Rienecker e Cleon Rogers. Chave Linguística do
Novo testamento Grego, pág 612.
33.
Simon Kistemaker. Apocalipse, pág 235.
34.
Hernandes Dias Lopes. Apocalipse, pág 144.
35. Simon Kistemaker. Apocalipse, pág 236.
Autor:
Leonardo Dâmaso
Divulgação: Reformados21