Gostaria
de saber apenas uma coisa: foi pela prática da lei que vocês receberam o
Espírito, ou pela fé naquilo que ouviram? (Gl 3.2)
São muitas as pessoas que
acreditam que o recebimento do Espírito Santo é uma bênção dada depois da
conversão. Geralmente, essas pessoas também acreditam que a evidência de que o
Espírito foi dado é o falar "línguas estranhas" — uma enxurrada de
sílabas soltas, sem sentido algum.
O que mais escraviza essa
gente, porém, é a crença de que para receber o Espírito Santo é necessário que
o crente se empenhe numa busca contínua e incessante — uma luta que pode durar
anos — fazendo tudo para passar pela sonhada experiência que, segundo entendem,
colocará o cristão num patamar de espiritualidade mais elevado.
Na Bíblia, porém, ninguém que
recebeu o Espírito Santo, e também ninguém que falou em línguas (as
verdadeiras) jamais se empenhou na busca de nada disso. Não há nas
Escrituras nenhum exemplo de pessoas buscando intensamente o recebimento do
Espírito como a gente vê especialmente no meio pentecostal. Essa prática é
estranha ao Novo Testamento e se constitui apenas em mais uma novidade desse
povo.
Mesmo assim, milhares de
crentes sofrem, se angustiam, se sentem frustrados, cansados e temerosos,
enquanto se empenham numa procura inútil por algo que é resultado apenas de
emoções, de autossugestão e de pressões do grupo. Em meio a suas preocupações,
esses irmãos mal instruídos perguntam: "Por que não recebo logo o
Espírito? O que preciso fazer, afinal, para que isso me seja dado?". As
respostas que surgem, vindas de mestres sem instrução, as escravizam
ainda mais. Os tais mestres dizem a essas pobres almas que é preciso orar com
fervor (gritos, clamores, lágrimas...), fazer longas vigílias (especialmente em
lugares isolados como florestas e montanhas), louvar vigorosamente a Deus
(sapateando, pulando, rodopiando), jejuar por dias a fio... Enfim, segundo
dizem, a pessoa tem que se sujeitar a diferentes receitas,
esforçando-se ao extremo, tudo para obter o que, na verdade, é dom da graça
divina e de nada mais.
O texto que encabeça este
artigo, porém, vai contra tudo isso. Paulo deixa claro em Gálatas 3.2 que nem
mesmo a guarda da Lei divina pode conferir o Espírito Santo a alguém. Ora, a
Lei de Deus é a perfeicão da justiça! É de origem sobrenatural — algo santo,
perfeito, justo e bom (Rm 7.12). Se a observância dessa Lei não confere o
Espírito Santo a uma pessoa, como acreditar que a observância de regras humanas
o fará? Se Deus não dá o Espírito nem mesmo a quem cumpre o que Moisés falou
com base na revelação, acaso o dará a quem cumpre o que o pastor pentecostal
falou com base em invenção?
O fato, porém, é que, como
disse o bom e velho Paulo no texto acima, o Espírito é dado a quem crê na
pregação apostólica. Para recebê-lo, basta somente isso: crer! Foi precisamente
essa lição que o mesmo Paulo ressaltou na Epístola ao Efésios: Quando
vocês ouviram em creram na palavra da verdade, o evangelho que os salvou, vocês
foram selados em Cristo com o Espírito Santo da promessa (Ef 1.13).
Quão libertadora é essa
verdade! Quantos crentes sinceros não se livrariam de fardos pesados, de
horríveis sentimentos de culpa, de frustrações amargas e até de encenações
grotescas caso assimilassem essa maravilhosa mensagem de Deus! Infelizmente,
porém, o orgulho humano resiste a qualquer coisa que lhe remova o mérito de
suas conquistas. Por isso, ao que tudo indica, o meio evangélico
continuará ainda por muito tempo a ver gente berrando, chorando e se
desgastando na busca de algo que vem de pronto e de graça quando o homem crê no
evangelho.
Autor:
Marcos Granconato
Artigo extraído do Facebook do autor