O modo como Jesus lidava com pecadores normalmente era marcado por uma ternura tão grande que ele chegou a ganhar um apelido desdenhoso de seus críticos: amigo de pecadores (Mateus 11:19). Quando encontrava os casos mais graves de leprosos morais (desde uma mulher que vivia em adultério, em João 4:7-29, a um homem infestado de uma legião inteira de demônios, em Lucas 8:27-39), Jesus sempre ministrava na vida deles com notável benevolência — sem fazer nenhum sermão ou duras repreensões. Invariavelmente, quando se aproximavam dele, essas pessoas já estavam destruídas, humilhadas e cheias da vida de pecado. Ansioso, ele lhes concedia perdão, cura e plena comunhão com ele com base na fé que elas possuíam, e nada mais (cf. Lucas 7:50; 17:19).
A única classe de pecadores
com a qual Jesus sempre lidava com rigor eram os hipócritas profissionais,
falsos religiosos, falsos mestres e os moralistas que promoviam a
espiritualidade plástica — os escribas, peritos na lei, saduceus e fariseus.
Esses eram os líderes religiosos em Israel — as “autoridades” (usando um termo
que as Escrituras muitas vezes usam para se referir a eles) religiosas. Eram os
guardiões déspotas da tradição religiosa. Preocupavam-se mais com costumes e
convenções do que com a verdade. Quase todas as vezes que aparecem nas
histórias do evangelho, a preocupação deles é, principalmente, manter as
aparências e agarrar-se ao seu poder. Qualquer pensamento que pudessem ter tido
com relação à autêntica piedade sempre vinha depois de outras questões acadêmicas,
pragmáticas ou de interesse próprio. Eles eram os hipócritas religiosos por
excelência.
O Sinédrio e os Saduceus
O poder de controle que esses
homens tinham provinha de um grande concílio com base em Jerusalém, composto de
71 autoridades religiosas importantes, conhecidas coletivamente como Sinédrio.
Entre os membros do concílio estavam o Sumo Sacerdote e setenta principais
sacerdotes e estudiosos religiosos. (O número provinha dos setenta conselheiros
designados por Moisés em Números 11:16 para ajudá-lo.)
O Sinédrio tinha autoridade
máxima sobre Israel em todas as questões religiosas e espirituais (e até em
alguns assuntos civis). A autoridade do concílio era formalmente reconhecida
até por César (embora nem sempre fosse respeitada pelos representantes oficiais
de César nem por suas tropas no território de Jerusalém). O concílio era uma
presença constante na Jerusalém do século I e constituiu o grupo mais
importante de autoridades em todo o Judaísmo, até a destruição do templo em 70
d.C. (O Sinédrio continuou na ativa no exílio depois disso por mais de 250 anos
— embora, por razões óbvias, seu poder tenha diminuído consideravelmente. A
frequente perseguição romana, finalmente, silenciou e dissolveu o concílio em
algum momento no século IV.)
As histórias do evangelho
sobre a crucificação de Cristo referem-se mais de dez vezes ao Sinédrio como
“os chefes dos sacerdotes, os mestres da lei e os líderes religiosos” (p. ex.,
Mateus 26:3; Lucas 20:1). É claro que o sumo sacerdote presidia todo o concílio.
Os chefes dos sacerdotes eram a aristocracia superior da linhagem de sumos
sacerdotes. (Alguns deles eram homens que já haviam sido sumo sacerdote em
algum momento; outros estavam aguardando para ocupar esse ofício por um tempo.)
Praticamente todos os chefes dos sacerdotes também eram saduceus. Os líderes
religiosos eram os principais dirigentes e membros influentes de famílias
importantes fora da linhagem de sumos sacerdotes — e eram, em sua maioria,
saduceus também. Os mestres da lei eram os estudiosos, não necessariamente de
origem nobre como os chefes dos sacerdotes e líderes religiosos, mas homens que
se distinguiam principalmente por causa de sua competência acadêmica e seus
conhecimentos enciclopédicos sobre a lei e a tradição judaicas. Esse grupo era
dominado por fariseus.
Assim, o concílio era formado
por uma mistura de fariseus e saduceus, e ambos eram grupos rivais. Embora o
número de fariseus fosse muito maior que o de saduceus na cultura de um modo
geral, os saduceus, contudo, mantinham uma maioria significativa no Sinédrio e
tinham firmemente nas mãos o controle do poder. O status de sacerdote que
tinham como direito nato, na realidade, era mais importante que a autoridade
erudita dos fariseus, uma vez que, sendo tradicionalistas tão devotos, os
fariseus chegavam a se curvar diante da autoridade da linhagem de sumos
sacerdotes — mesmo divergindo contundentemente de quase tudo o que tornava
distinto o sistema de crenças dos saduceus.
Por exemplo, os saduceus
questionavam a imortalidade da alma humana — negando a ressurreição do corpo
(Mateus 22:23) e a existência do mundo dos espíritos (Atos 23:8). O grupo de
saduceus também rejeitava a ênfase que os fariseus davam a tradições orais —
indo o máximo possível na direção contrária. Na verdade, os saduceus
enfatizavam o Pentateuco (os cinco livros de Moisés) quase deixando de fora o
restante do Antigo Testamento. Consequentemente, a forte expectativa messiânica
que permeava o ensino dos fariseus desaparecia quase completamente da visão de
mundo dos saduceus.
Os dois grupos também tinham
opiniões contrárias com relação ao modo como os costumes cerimoniais deveriam
ser observados. Tanto saduceus como fariseus costumavam dar mais atenção à lei
cerimonial do que às ramificações morais da lei. Mas os fariseus geralmente
faziam cerimônias o mais possível elaboradas, e os saduceus faziam 0 contrário.
Em geral, os saduceus não eram tão rígidos como os fariseus na maioria das
coisas — exceto em se tratando da questão de fazer cumprir a lei e a ordem. Uma
vez que desfrutavam de certo poder reconhecido por Roma, os saduceus eram
extremamente conservadores (e muitas vezes severos) em se tratando da
implementação da lei civil e da imposição de castigos e penalidades.
Mas, em muitos sentidos, os
saduceus eram liberais clássicos da teologia. Seu ceticismo com relação ao céu,
aos anjos e à vida após a morte automaticamente fazia com que fossem apegados
às coisas mundanas e tivessem fome de poder. Eles eram muito mais interessados
(e experientes) na política do Judaísmo do que dedicados à própria religião.
Entram
os fariseus
Contudo, foram os fariseus, e
não os saduceus que se afastaram mais das doutrinas, que se tornaram as
principais figuras de oposição pública a Jesus nas histórias de todos os quatro
evangelhos do Novo Testamento. Seus ensinamentos dominavam e resumiam o sistema
religioso de Israel no século I. Eles eram os descendentes espirituais de um
grupo conhecido como os chassidianos nos séculos II e III a.C. Os chassidianos
eram ascetas, dedicavam-se à lei judaica e se opunham a todo tipo de idolatria.
Em meados do século II a.C., os chassidianos foram arrastados para a famosa
revolta liderada por Judas Macabeus contra Antíoco Epífanes e,
subsequentemente, seus ensinamentos tiveram um impacto profundo e permanente na
cultura religiosa judaica popular. Hasid vem de uma palavra hebraica que
significa “devoção”. (A seita chassídica moderna, fundada no século XVIII, não
tem nenhuma linhagem direta dos chassidianos, mas suas crenças e práticas
seguem a mesma trajetória.)
O mais provável é que o termo
fariseu esteja baseado em uma raiz hebraica que significa “separado” — por
isso, o nome provavelmente enfatiza o separatismo deles. Na verdade, os
fariseus tinham um modo ostentoso para tentar manter-se separado de tudo o que
tivesse qualquer conotação de profanação cerimonial. A obsessão pelos sinais
externos de religiosidade era a característica mais notável, e eles a usavam
nas mangas — literalmente. Usavam as tiras de couro mais largas possíveis para
amarrar filactérios nos braços e na testa. (Filactérios eram caixas de couro
contendo pedaços de pergaminhos com versículos das Escrituras hebraicas
inscritos neles.) - Também alongavam as bordas em suas vestes (veja
Deuteronômio 22:12) para tornar sua exibição pública de devoção religiosa o
mais visível possível. Assim, tomaram um símbolo que deveria ser um lembrete
para si mesmos (Números 15:38, 39) e transformaram-no em um meio de divulgar
seu moralismo a fim de ganhar a atenção dos outros.
O historiador Josefo foi o
primeiro escritor secular a descrever a seita dos fariseus. Nascido quatro ou
cinco anos depois da crucificação de Jesus, Josefo registra que ele era filho
de um sacerdote (um saduceu) proeminente de Jerusalém chamado Matias.1
Começando por volta dos dezesseis anos, Josefo estudou cada uma das três
principais seitas do Judaísmo — os fariseus, os saduceus e os essênios. Não
plenamente satisfeito com nenhuma delas, viveu no deserto por três anos e
seguiu um mestre asceta (cujo estilo de vida espartano e difícil, em alguns
sentidos, sugeria o de João Batista e, sem dúvida, era muito parecido com o dos
essênios estabelecidos no deserto que, a princípio, esconderam os Pergaminhos
do Mar Morto). Entretanto, depois de viver no deserto, Josefo voltou para
Jerusalém e adotou a vida de um fariseu.2
Sua vida foi seriamente
perturbada, sem dúvida, pela queda de Jerusalém, em 70 d.C. Josefo,
posteriormente, tornou-se um legalista romano e escreveu sua história por ordem
do império. A maioria dos estudiosos, portanto, acredita que ele,
conscientemente, modificou partes dessa história de várias maneiras a agradar
os romanos. Mas ele, não obstante, escreveu como alguém com conhecimento
particular dos fariseus, e não há razão para duvidar de nenhum dos detalhes que
deu nas descrições que fez deles.
Josefo observa que os fariseus
eram a maior e mais rígida das principais seitas judaicas. Na verdade, ele diz
que a influência dos fariseus era tão grande na vida judaica do início do
século I que até os saduceus, adversários teológicos dos fariseus, tinham de se
conformar ao estilo de oração dos fariseus, à observância do sábado e ao
cerimonialismo em sua conduta pública, senão a opinião pública não os teria
tolerado.3
Assim, a influência dos
fariseus era palpável na vida diária de Israel durante a época de Jesus —
especialmente com relação às questões de devoção pública como regras referentes
ao sábado, lavagens rituais, restrições quanto à dieta e outras questões sobre
a pureza cerimonial. Essas coisas tornaram-se os emblemas da influência dos
fariseus e eles se propuseram a tentar impor seus costumes a todos na cultura —
ainda que muitas de suas tradições não tivessem base alguma nas Escrituras.
Grande parte de seus conflitos com Jesus concentrava-se precisamente nessas
questões e, desde o início do ministério público de Jesus, os fariseus se opuseram
a ele com a mais violenta oposição.
Sem dúvida, houve alguns fariseus
excepcionais. Nicodemos era uma importante “autoridade entre os judeus” (João
3:1). É óbvio que ele era um membro do Sinédrio, o concílio religioso que imperava
em Jerusalém (cf. João 7:50). “Ele veio a Jesus, à noite” (João 3:2),
obviamente com medo do que seus companheiros fariseus pensariam se soubessem de
seu sincero interesse por Jesus. Em um forte contraste com a maioria dos
fariseus que se aproximavam de Jesus, Nicodemos fazia uma genuína investigação,
e não colocava pura e simplesmente Jesus à prova. Por essa razão, Cristo falou
com ele de modo franco e direto, mas sem o tipo de rigor que tingia grande
parte do modo de Jesus lidar com os fariseus. (Examinaremos mais de perto o
diálogo de Jesus com Nicodemos no capítulo 3.)
Os quatro evangelhos também
mencionam um membro rico e influente do concílio chamado José de Arimateia, que
se tornou um discípulo de Cristo (“mas o era secretamente, porque tinha medo
dos judeus” — João 19:38). Marcos 15:43 e Lucas 23:50 expressamente identificam
José como um membro do Sinédrio, e Lucas diz que José “não tinha consentido na
decisão e no procedimento dos outros” quando conspiraram assassinar Jesus. Sem
dúvida, foi José que obteve a permissão de Pilatos para remover o corpo de
Jesus da cruz, e, juntamente com Nicodemos, às pressas, prepararam o corpo para
o sepultamento e o depositaram em um sepulcro fechado (João 19:39). Não há
registro no Novo Testamento de qualquer encontro direto entre Jesus e José de
Arimateia durante o ministério terreno de Cristo.
Ao que parece, José
mantinha-se distante, nem sequer se aproximando de Jesus à noite, como havia
feito Nicodemos. Não era porque tivesse algum medo de Jesus, mas temia o que os
outros líderes judeus poderiam dizer, fazer ou pensar a seu respeito se soubessem
que era, secretamente, um discípulo de Jesus.
Por via de regra, as
interações de Jesus com os fariseus, saduceus, escribas e principais sacerdotes
eram marcadas por aspereza, e não ternura. Eles os repreendia em público e
abertamente. Repetia coisas duras sobre eles em seus sermões e discursos
públicos. Advertia seus seguidores para que tivessem cuidado com a influência
fatal deles. Sempre usava uma linguagem mais forte quando denunciava os
fariseus do que a usada contra as autoridades romanas pagãs ou seus exércitos
de ocupação.
Esse fato, naturalmente,
enfurecia os fariseus. Eles teriam aceitado com alegria qualquer messias que se
opusesse à ocupação romana de Israel e reconhecesse suas tradições farisaicas.
Jesus, no entanto, não disse uma palavra contra César enquanto considerava a
aristocracia religiosa de Israel como tiranos mais perigosos do que o próprio
César.
Na verdade, eles eram. Seus
falsos ensinamentos eram muito mais destrutivos para o bem-estar de Israel do
que a opressão política de Roma. Em termos espirituais, o falso moralismo e o
tradicionalismo religioso dos fariseus representavam um perigo mais óbvio e
presente para a saúde vital da nação do que o torno político tenso com o qual
César e seus exércitos de ocupação já pressionavam Israel. Muito já se disse
sobre isso, considerando o fato de que, em menos de meio século, os exércitos
romanos devastariam completa- mente Israel e levariam a população a um extenso
exílio (a diáspora) do qual o povo judeu, ainda hoje, não saiu completamente.
Mas tão sério e de grande
repercussão como foi o holocausto de 70 a.C. para a nação judaica, uma
calamidade muito maior surgia no falso moralismo institucionalizado da marca
religiosa dos fariseus — especialmente sua preferência por tradições humanas à
Palavra de Deus. Isso levou a um desastre espiritual de proporções eternas e
infinitas, porque a maioria dos israelitas naquela geração rejeitou seu
verdadeiro Messias — e multidões de seus descendentes insistiram
implacavelmente na tradição religiosa por quase dois milênios inteiros, muitos
negando-se a dar uma atenção mais séria às afirmações de Cristo como Messias de
Deus.
O sistema legalista dos
fariseus era, na verdade, um rolo compressor pavimentando o caminho para aquela
tragédia. O apóstolo Paulo (ele mesmo um fariseu convertido) estava descrevendo
perfeitamente a religião farisaica em Romanos 10:2,3 quando lamentou a
descrença de Israel: “Posso testemunhar que eles têm zelo por Deus, mas o seu
zelo não se baseia no conhecimento. Porquanto, ignorando a justiça que vem de
Deus e procurando estabelecer a sua própria, não se submeteram à justiça de
Deus.”
Os fariseus, de fato, tinham
um tipo de zelo por Deus. Superficialmente, eles, sem dúvida, não pareciam
representar uma ameaça tão grande quanto os exércitos romanos. Na verdade, os
fariseus eram verdadeiros especialistas em se tratando de conhecer as palavras
das Escrituras. Eles também eram meticulosos quando observavam os detalhes
externos da lei. Se comprassem sementes para suas hortas, por exemplo,
contariam meticulosamente os grãos em cada pacote e separariam o dízimo (Mateus
23:23).
Aos olhos de um observador
superficial, a cultura religiosa que os fariseus cultivavam em Israel, no
século I, ao que parecia, poderia representar um tipo de era dourada para a lei
judaica. Sem dúvida, não era diversificada como a religião claramente falsa
sobre a qual lemos com tanta frequência no Antigo Testamento — aquelas épocas
frequentes de apostasia e idolatria com bezerros de ouro, adoração a Aserá e
coisas piores.
Ninguém poderia acusar um
fariseu de ser excessivamente tolerante com as crenças pagãs, certo? Eles eram,
afinal, extremamente contrários a toda expressão de idolatria e totalmente
comprometidos com as minúcias incidentais da lei judaica. Além disso, por
questão de segurança, acrescentaram muitos rituais supérfluos que eles mesmos
inventaram como uma forma de se proteger mais contra a profanação acidental. Se
a lei bíblica exigia lavagens cerimoniais para os sacerdotes que ofereciam
sacrifícios, por que não acrescentar outras lavagens a todos e torná-las uma
parte essencial das rotinas diárias comuns? Foi exatamente isso que fizeram.
De uma perspectiva humana,
todas essas coisas tinham a aparência de profunda devoção a Deus. Vistos por
esse ângulo, os fariseus talvez fossem considerados os homens de sua geração
que menos tinham chance de se tornar os piores inimigos do Messias. Eles eram
profundamente religiosos, não eram descuidados nem profanos. Sem dúvida, não
eram ateus declarados que atacavam abertamente a fé do povo na Palavra de Deus.
Estimulavam a espiritualidade, e não a licenciosidade. Defendiam o zelo, o
rigor e a abstinência — e não o interesse pelas coisas mundanas e a indiferença
às coisas espirituais. Promoviam o Judaísmo, e não o tipo de sincretismo pagão
pelo qual seus vizinhos samaritanos e tantas gerações anteriores de israelitas
haviam se interessado. Sua religião era tudo para eles. Ela vinha primeiro até que o
próprio Deus.
E é aí que está o problema. Os
fariseus inventaram um belo disfarce, escondendo seu falso moralismo e sua
hipocrisia debaixo de um verniz de zelo religioso. Tinham o cuidado de manter a
aparência — mas não a realidade — da sincera devoção a Deus. Mais do que isso,
misturaram tanto as tradições religiosas “fabricadas” por eles com a verdade
revelada de Deus, que eles mesmos já não conseguiam mais saber qual era a
diferença entre uma e outra. A despeito de toda a sua competência erudita na
variedade peculiar de conhecimentos do Antigo Testamento que promoviam, eles
insistiam em ver as Escrituras pelas lentes da tradição humana. A tradição,
portanto, tornou-se sua principal autoridade e o princípio diretivo em suas
interpretações das Escrituras. Sob essas circunstâncias, não havia como estas
corrigirem suas tradições deficientes. Os fariseus, dessa forma, tornaram-se os
principais arquitetos de um tipo corrompido de Judaísmo cultural e tradicional
(mas não, de fato, bíblico). Na época de Jesus, já era um sistema terrível e
opressivo de observância da lei, ritual, superstição, costumes humanos,
legalismo sabático e falso moralismo — tudo acompanhado de perto pelo olhar
crítico dos fariseus.
Os fariseus que cegamente
seguiam a filosofia do grupo em nome da tradição eram falsos mestres, por mais
devotos ou nobres que pudessem parecer ao olhar superficial. Eram a pior
espécie de lobos vestidos de ovelhas — rabinos corruptos usando os mantos de lã
de um profeta e, por debaixo desse disfarce, devorando as ovelhas do rebanho do
Senhor. Eram, na verdade, rebeldes obstinados contra Deus e seu Ungido, mesmo
escondendo-se sob uma exibição pretensiosa e enfastiante de devoção externa.
Mesmo quando confrontados com a verdade bíblica libertadora, eles,
obstinadamente, continuavam a apostar no legalismo.
Não é de admirar que Jesus os
tratasse de modo tão severo.
NOTAS:
1. Josefo. Jewish Wars, (prefácio, 1).
2. Josefo. The Life, 2.
3.
Josefo. Antiquities, 18:3,4 (veja
apêndice 1).
Autor: John MacArthur
Trecho
extraído do livro A outra face, pág 41-51.