2) A capacidade espiritual
para a vitória sobre as obras da carne (5.22-23)
Tendo enumerado os pecados da
carne (vs.19-21), Paulo, desta vez, traça uma lista das principais virtudes que
compõe o fruto do Espírito. Em outras palavras, tais virtudes não são os
“frutos” do Espírito, mas “constituem” o fruto do Espírito. Podemos ilustrar
este fruto comparando-o aos gomos que formam a mexerica.
O fruto que Paulo descreve não
pode ser produzido pelo homem, mas pelo Espírito Santo no homem regenerado, que
possui todas as virtudes que compreendem o fruto. Não existem cristãos que
possuem apenas algumas virtudes do Espírito; antes, existem virtudes nos
cristãos que ainda precisam ser buriladas, aprimoradas pelo Espírito Santo
através da santificação progressiva.
Ademais, este fruto é variado.
Paulo menciona nove virtudes éticas que são produzidas pelo Espírito Santo
classificadas em três esferas da vida. 1) A postura espiritual do cristão; 2) a
postura do cristão para com os outros; 3) a postura do cristão para com ele
mesmo.
a) As virtudes na esfera
espiritual (vs.22a)
Amor, alegria e paz formam a
tríade de virtudes baseada em nosso relacionamento com Deus, “pois o primeiro
amor do cristão é o seu amor para com Deus, sua principal alegria é a sua
alegria em Deus, e a sua paz mais profunda é a sua paz com Deus”.19 Vejamos,
pois:
i. Amor
O termo comum para a palavra
amor, no Novo Testamento, é αγάπη (ágape). No grego, porém, há quatro
significados para essa palavra.
1) Eros destaca o amor entre o
sexo oposto; é o amor entre um homem e uma mulher, que envolve o aspecto físico
de ambos. É o amor imbuído de desejo sexual.
2) Philia refere-se ao amor
que sentimos pelos nossos familiares. Descreve o relacionamento íntimo entre
pai e filho, entre irmão e irmã.
3) Storge é restrita em sua
extensão. Aplica-se ao amor dos pais pelos filhos e ao amor dos filhos pelos
pais.
4) Agape salienta o amor entre
os irmãos na fé (Ef 5.2; Cl 3.14; 1Pe 1.22; 4.8; 1Jo 3.16-18; 4.8).
No presente contexto, que
trata dos pecados interpessoais, como animosidade, emulação, disputa, ira,
sedição, inveja, etc (vs. 20c; 21a), o amor, a principal de todas as virtudes,
suprime tais obras da carne.
ii. Alegria
A palavra alegria, no grego
χαρα (chara), é “uma felicidade nas promessas divinas imutáveis e nas
realidades espirituais. É no sentido do bem-estar experimentado por aquele que
sabe que tudo está bem entre ele mesmo e o Senhor (1Pe 1.8). A alegria não é
resultado de circunstâncias favoráveis, e ocorre mesmo quando as circunstâncias
são as mais dolorosas e difíceis (Jo 16.20-22). A alegria é um dom de Deus, e,
como tal, os cristãos não devem produzi-la, mas deleitar-se na benção que já
possuem (Rm 14.17; Fp 4.4)”. .20
iii. Paz
É uma antítese dos pecados
sociais, fundamentados na “disputa”. No grego, a palavra paz ειρήνη (eirene),
tem dois significados importantes. Primeiro, eirenedescrevia a tranquilidade
que um país usufruía quando era governado de forma justa. Nas aldeias do mundo
antigo, “havia um funcionário chamado superintendente da eirene; este era o
guardião da paz pública”. .21
Segundo, no Novo Testamento,
eirene significa “a calma interior que resulta da confiança no relacionamento
de proteção entre uma pessoa e Cristo. A forma verbal indica “união”, e é
refletida na expressão ter tudo isso ao mesmo tempo. Como a alegria, a paz não
está relacionada com as circunstâncias da pessoa (Jo 14.27; Rm 8.28; Fp
4.6-7,9)”.22
b) As virtudes na esfera
social (vs.22b)
As três virtudes a lume tratam
do nosso relacionamento com os outros. Senão vejamos:
i. Longanimidade
A palavra longanimidade
μακροθνμία (makrothumia), no grego, significa “paciência”. Refere-se à
capacidade de suportar a detração dos outros sem revidar. É a pessoa que não se
ira com facilidade (Ef 4.2; Cl 3.12). “Os gálatas necessitavam de que se
enfatizasse esta virtude, já que eles, como já vimos, provavelmente estavam se
dividindo pelas contendas e por um espírito partidário”.23
ii. Benignidade
No grego, a palavra
benignidade χρηστότης (christótis), denota “gentileza”. Enfatiza a disposição
para fazer o bem aos irmãos; “é a terna preocupação pelos outros, refletida no
desejo de tratar os outros com gentileza, exatamente como o Senhor trata a
todos os cristãos (Mt 11.28-29; 19.13-14)” .24
Hendriksen observa:
Este fruto, tal como exercido
pelos crentes, nada mais é do que um pálido reflexo da benignidade primordial
manifestada por Deus (Rm 2.4; cf. 11.22). Além disso, somos admoestados a
tornar-nos como Ele neste aspecto (Mt 5.43-48; Lc 6.27-38). Os Evangelhos
contêm numerosas ilustrações da benignidade que Cristo demonstrou para com os
pecadores (veja Mc 10.13-16; Lc 7.11-17, 36-50; 8.40-56; 13.10-17; 18.15-17;
23.34; Jo 8.1-11; 19.25-27).25
iii. Bondade
A palavra bondade αγαθωσύνη
(agathosyni) descreve a “sublimidade moral e espiritual manifestada em ações generosas”.
Se a benignidade é a disposição para ajudar outrem, a bondade é disciplinadora.
Jesus demonstrou benignidade para com Maria, que lhe ungiu os pés (Jo 12.1-8).
Em contraposição, ele foi bondoso quando purificou o templo e expulsou os que o
transformaram em um comércio (Jo 2.13-17).
c) As virtudes na esfera
pessoal (vs.22c-23)
Esta última tríade de virtudes
é baseada em nossa individualidade. Vejamos, pois:
i. Fidelidade
No grego, a palavra fidelidade
πιστις (pistis), significa “fé, lealdade”. Salienta a pessoa que é merecedora
de confiança. No capítulo 4.16, Paulo lamenta a desconsideração dos gálatas
para com ele e, principalmente, para com o Evangelho, Deus e Cristo (veja
1.6-9; 3.1; 5.7). Sendo assim, em primeiro lugar, é muito provável que o
apóstolo recomenda nesta exortação a lealdade a Deus e a sua vontade descrita
nas Escrituras; e, em segundo lugar, a lealdade para com os outros.
ii. Mansidão
A palavra grega πραυτης
(prautes), mansidão, denota “subordinação, conformidade”; realça uma pessoa
maleável, fácil de conviver. Essa palavra era usada para referir-se a um animal
que foi domesticado e criado sob controle. Mansidão “é a atitude humilde e
bondosa que é pacientemente submissa em toda a ofensa, ao mesmo tempo sem o
desejo de vingar-se. No Novo Testamento, essa palavra é usada para descrever
três atitudes: submissão à vontade de Deus (Cl 3.12). disposição para aprender
(Tg 1.21) e consideração pelos outros (Ef 4.2)”.26
iii. Domínio próprio
No grego, a expressão domínio
próprio εγκράτεια (egkrateia), significa “autocontrole”; é o domínio dos
inúmeros desejos. A ARC bem traduziu egkrateia por “temperança”. “Aplica-se à
disciplina que os atletas exercem sobre o próprio corpo (1Co 9.25) e o domínio
sobre o sexo (1Co 7.9)”.27
Visto que as glutonarias
[festas licenciosas] e a imoralidade sexual consistem na lista das obras da
carne, e abarca toda sorte de práticas sexuais ilícitas, como a fornicação, o
adultério, a masturbação, o sexo coletivo, o homossexualismo, o incesto, a
pedofilia e a zoofilia, foi imprescindível Paulo elencar o domínio próprio como
o oposto das glutonarias e da imoralidade sexual.
Não devemos ter autocontrole
somente na esfera sexual, mas em todas as esferas da vida. Há pessoas que falam
demasiadamente, são destemperadas, famélicas, isto é, alimentam-se
excessivamente, são viciadas em jogos, vídeo game, redes sociais, dentre tantas
outras coisas. Capacitados pelo Espírito Santo para as boas obras, precisamos
buscar a moderação no falar, nos relacionamentos interpessoais, na alimentação
e nos entretenimentos. “Aqueles que realmente exercem esta virtude levam todo o
pensamento à submissão e obediência a Cristo (2Co 10.5)”.28
Adiante, Paulo completa a
lista de virtudes do Espírito, dizendo que contra estas coisas, não há lei. A
expressão estas coisas refere-se às virtudes que compõe o fruto do Espírito, e
não pessoas. Assim como a lista de pecados da carne, a lista de virtudes
supramencionadas também é uma síntese, uma vez que Paulo não arrola todas as
obras da carne e todas as virtudes que compreendem o fruto do Espírito.
Portanto, ao escrever que contra estas virtudes não há lei, Paulo está
alentando aos cristãos a manifestarem tais qualidades para que, assim, as obras
da carne possam ser nulificadas, abatidas.
Hendriksen enuncia:
O incentivo de que precisamos
para exibir estes excelentes traços do caráter foi fornecido por Cristo, pois é
devido à gratidão que os crentes sentem para com ele que os usam para adornar
sua conduta. O exemplo, também, em conexão com todos eles, foi dado por Cristo.
E as próprias virtudes, associadas ao poder para exercê-las, são doadas pelo
seu Espírito.29
3) Os cristãos crucificaram a
carne (5.24)
Anteriormente, no capítulo
3.1, Paulo anunciou aos gálatas que Cristo foi crucificado pelos pecados deles.
Compreendendo a improbidade do pecado, e assim como o apóstolo, os gálatas
também foram crucificados com Cristo (2.19-20). Mas, o que significa crucificar
a carne com as suas paixões e concupiscências? O verbo crucificados εσταύρωσαν
(estaurosan), está no aoristo indicativo ativo; aponta para uma ação que foi
completada no passado, podendo referir-se à conversão.
Através da união com Cristo
pela fé, fomos crucificados com ele. Não estamos ligados com Jesus apenas em
sua crucificação, mas, também, em sua morte, sepultamento, ressurreição,
glorificação e ascensão (Rm 6.3-11; 1Co 15.20-23). Portanto, o nosso velho
homem foi crucificado com Cristo na cruz; não somos mais escravos do pecado,
mas livres para servi-lo em obediência e temor. Esta é a nossa posição em
Cristo: livres do pecado e “escravos da obediência”.
Todavia, a crucificação da
carne que Paulo descreve não é algo que foi realizado “para” nós, mas “por”
nós. Aqui, somos nós que agimos, e não Cristo. Nós devemos crucificar todos os
dias a nossa velha natureza inclinada ao pecado. Não se trata de “morrer”, pois
já morremos através da nossa união com Jesus; antes, o que Paulo menciona é um
ato de “matar” a nossa carne.
Stott realça:
A morte pela crucificação,
embora fosse lenta, era certa. Os criminosos que eram pregados na cruz não
sobreviviam. [...] Quando vamos a Jesus Cristo, arrependemo-nos. “Crucificamos”
tudo o que está errado. Tomamos a nossa velha natureza egocêntrica, com todas
as suas paixões e desejos pecaminosos, e a pregamos na cruz. Esse nosso
arrependimento foi decisivo, tão decisivo quanto uma crucificação. Então, Paulo
diz, se crucificamos a carne, devemos abandoná-la ali para morrer. Devemos
renovar diariamente essa atitude de rejeição impiedosa e intransigente para com
o pecado. Na linguagem de Jesus, como Lucas registra, cada cristão deve dia a
dia tomar a sua cruz (Lc 9.23).30
Em contrapartida, mesmo não
sendo mais escravos do pecado, muitos cristãos ainda são derrotados por ele. Os
dois motivos da queda constante é porque estes cristãos não se arrependeram
verdadeiramente dos pecados cometidos, ou, tendo se arrependido, não permanecem
no arrependimento.
Desse modo, é como se estes
cristãos, tendo crucificado a velha natureza, voltassem à cena da execução. É
como se eles desejassem libertá-la da cruz; e, de fato, tentam isso. Contudo,
precisamos deixar o nosso velho homem crucificado. Não vamos extrair os
pregos!
4) Os cristãos vivem em
harmonia com Deus (5.25)
Paulo afirma que, se vivemos
no Espírito, devemos também andar no Espírito. Há uma límpida distinção entre
“viver” [no] ou [pelo] Espírito (vs.18), e “andar” [no] ou [pelo] Espírito
(16-25). O primeiro aspecto é passivo, enquanto o segundo é ativo. Viver
expressa uma comunhão permanente, andar é uma aplicação constante.
Ser conduzido pelo Espírito
Santo é tê-lo como o “nosso líder, aquele que toma a iniciativa. Ele afirma
seus desejos contra os da carne (vs.17), e forma em nós desejos santos e
celestiais. Ele nos pressiona com gentileza, e nós temos de nos submeter à sua
orientação e controle”.31 Esse é o aspecto passivo.
Não obstante, existe também o
aspecto ativo neste processo. O verbo
andemos στοιχωμεν (stoichomen), está no presente subjuntivo ativo, e significa
“ficar numa fila, caminhar em linha reta, comportar-se adequadamente. A palavra
era usada para o movimento numa linha definida, como numa formação militar ou
numa dança. O tempo presente aponta para a ação habitual contínua”.32
Portanto, andar no Espírito é
andar deliberadamente ao longo do caminho ou de acordo com a linha que o
Espírito Santo estabelece. O Espírito nos “guia”, mas nós temos de “andar” no
Espírito ou de acordo com as suas regras.33
Se a fonte da nossa vida é o
Espírito, ao Espírito também se deve permitir dirigir nossos passos, de modo
que cresçamos, avançando passo a passo para o alvo de uma plena consagração ao
Senhor. Este andar pelo Espírito é a única maneira de liquidar de modo final
aquilo que já recebeu o golpe fatal. Esta é a única maneira de lidar com a
carne, suas paixões e desejos.34
5) Os cristãos vivem em
harmonia uns com os outros (5.26)
Paulo conclui sua argumentação
acerca do conflito entre a carne e o Espírito e o caminho da vitória através da
crucificação da carne e o andar no Espírito, descrevendo o resultado prático
dessa vitória nos relacionamentos fraternais.
No grego, a palavra vanglória
κενόδοξοι (kenodoxia), denota “ambição”, “anseio por honra”; salienta a vontade
de destacar-se. “Refere-se a uma pessoa que sabe como tentar conseguir um
respeito ao qual não faz jus, e demonstra, por suas ações, conversa fiada”.35 Fala de uma pessoa cuja opinião de si mesma é vazia, vã ou falsa.36
Destarte, o apóstolo sugere
que devemos expressar duas atitudes negativas com relação aos irmãos na fé, as
quais são desencadeadas pela “vanglória”. 1) Não devemos ser provocadores; 2)
não devemos ter inveja.
O termo provocando
προκαλούμενοι (prokaloúmenoi), no grego, “significa desafiar alguém para uma
competição. Implica em dizer que temos tanta certeza de nossa superioridade que
desejamos demonstrá-la. Por isso desafiamos as pessoas a contestá-la para que
tenhamos uma oportunidade de prová-la. Em seguida,invejamos os outros, seus
dons e realizações”.37
De um modo geral, nós adotamos
uma dessas duas atitudes para com os outros. Somos motivados por sentimentos de
inferioridade ou de superioridade. Se nos consideramos às outras pessoas, nós a
desafiamos, pois desejamos que conheçam e sintam nossa superioridade. Se, por
outro lado, nós as consideramos superiores a nós mesmos, ficamos com inveja.
Nos dois casos, a nossa atitude é por causa da vanglória ou convencimento.38
Calvino disse que, entre os
crentes, aquele que deseja glória humana se aparta da verdadeira glória. Não é
lícito nos gloriarmos, exceto em Deus. Qualquer tipo de glória é pura vaidade.
Provocar uns aos outros e ter inveja uns dos outros são atitudes filhas da
ambição.39
CONCLUSÃO
Stott escreve:
Assim como devemos crucificar
a carne, repudiando o que sabemos ser errado, também devemos andar no Espírito,
dispondo-nos a seguir o que sabemos que é certo. Rejeitamos um caminho para
andar no outro. Abandonamos o que é mau a fim de nos ocuparmos do que é bom. E
se é importante que sejamos cruéis no abandono das coisas da carne, também é de
vital importância sermos disciplinados quando abraçamos as coisas do Espírito.40
Se a nossa vida é dirigida
pelo Espírito Santo, já não estamos sob o domínio da lei (vs.18). Ser dominado
pela lei “significa derrota, escravidão, maldição e impotência espiritual,
porque a lei não pode salvar (3.11-13,21-23,25; 4.3,24-25; 5.1). O Espírito é
quem nos liberta (4.29; 5.1,5).”41Ele é o nosso condutor até a eternidade.
Logo, devemos viver uma vida em retidão, pois, assim, não seremos vencidos pela
vontade pecaminosa de nossa carne ainda não redimida.
Capacitados para uma vida piedosa (1/2)
NOTAS:
19. Ibid, pág 135.
20. Bíblia de Estudo MacArthur. Notas de Rodapé, pág 1595-1596.
21. William Barclay. Gálatas, pág 54.
22. Bíblia de Estudo MacArthur. Notas de Rodapé, pág 1596.
23. William Hendriksen. Gálatas, pág 323.
24. Bíblia de Estudo MacArthur. Notas de Rodapé, pág 1596.
25. William Hendriksen. Gálatas, pág 323.
26. Bíblia de Estudo MacArthur. Notas de Rodapé, pág 1596.
27. William Barclay. Gálatas, pág 56.
28. William Hendriksen. Gálatas, pág 325-326.
29. Ibid, pág 325.
30. John Stott. A mensagem de Gálatas, pág 138.
31. Ibid,
pág 139.
32. Fritz Rienecker e Cleon Rogers. Chave Linguística do Novo Testamento Grego, pág
383.
33. John Stott. A mensagem de Gálatas, pág 140.
34. William
Hendriksen. Gálatas, pág 326-327.
35. Fritz Rienecker e Cleon Rogers. Chave Linguística do Novo Testamento Grego, pág
383.
36. John Stott. A mensagem de Gálatas, pág 143.
37. Ibid.
38. Ibid.
39. Calvino. Gálatas, pág 173.
40. John Stott. A mensagem de Gálatas, pág 140.
41. William Hendriksen. Gálatas, pág 309.
Autor:
Leonardo Dâmaso
Divulgação: Reformados
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Capacitados para uma vida piedosa (1/2)