31 de maio de 2016

O Dízimo


A menos que vocês provem para mim pela Escritura e pela razão que eu estou enganado, eu não posso e não me retratarei. Minha consciência é cativa à Palavra de Deus. Ir contra a minha consciência não é nem correto nem seguro. Aqui permaneço eu. Não há nada mais que eu possa fazer. Que Deus me ajude. Amém.

Martinho Lutero


Introdução

O movimento Reformado representou um retorno às Escrituras Sagradas. Como consequência, o acúmulo de tradições acrescentadas à fé apostólica foi varrido da igreja. Somos filhos da Reforma e temos a obrigação de julgar nossas próprias práticas à luz da Bíblia, comparando Escritura com Escritura. A máxima igreja reformada sempre se reformando deve ser sempre lembrada e praticada. Deveríamos hesitar em abolir ensinos que não se respaldam na Revelação? Não há erro quando alguém obriga a si próprio a não comer carne, ou guardar determinados dias, ou se abster de algo, ou colocar sobre si qualquer outra obrigação sobre a qual não há mandamento bíblico (Rm 14.2-6). Porém, o erro passa a existir quando pretendemos impor a outra pessoa exigências que a Bíblia não impôs. Pretendo demonstrar, a seguir, que o dízimo, conforme tradicionalmente ensinado e praticado nas igrejas evangélicas, enquadra-se nesta definição.

30 de maio de 2016

O Propósito dos Milagres na Bíblia


Da mesma forma que os milagres e manifestações sobrenaturais na Bíblia não se encaixam em nenhum padrão simplista de distribuição, eles também não se enquadram em nenhuma categoria de propósito. Autenticar a revelação simplesmente não basta para explicar o sentido de muitos milagres na Bíblia. Há casos em que os milagres estão ligados à concessão da revelação. Um excelente  exemplo é a  história do confronto de Moisés com  o faraó,  nos primeiros capítulos de Êxodo (3-12). De modo semelhante, Saul foi vencido por êxtase profético, num sinal de que sua unção provinha de Deus (1 Sm 10.7). Gideão, também, pediu um sinal e o recebeu, confirmando que havia sido escolhido por Deus para derrotar os midianitas (Jz 6.17). Deus consumiu  com fogo o altar no alto do monte Carmelo, pela palavra de Elias, a fim de confirmar a declaração de que o  SENHOR  é Deus (1 Rs 18.39). Entretanto, algumas personagens  do Antigo Testamento, como Judá, Sansão e Jonas, ficam completamente fora desse padrão. De fato, muitos milagres veterotestamentários tinham como propósito  principal outro que não a  autenticação da revelação. É possível perceber pelo menos três propósitos diferentes.155

28 de maio de 2016

É possível Deus falar hoje fora das Escrituras? (4/4)


A Revelação Moderna e a Suficiência das Escrituras

1. A continuidade do cânon: conclusão coerente dos que admitem novas revelações

Um pregador carismático chamado Leroy Garret, escreveu um artigo sobre “o perfeito” de 1 Co 13:8, e nesse artigo, Garret chegou à conclusão que todas as pessoas que afirmam ter revelações modernas deveriam chegar se quisessem ser mais coerentes: o da continuidade do cânon.

Na verdade, Garret é mais sincero e coerente com seu ponto de vista teológico, porque, se ele admite que Deus ainda fala hoje verbalmente com seus filhos, nada impede de que Deus queira falar algo mais do que já foi escrito. Eis o que ele diz:

27 de maio de 2016

Manifestações Espirituais de Saul e dos Pentecostais


Introdução

O presente artigo analisará brevemente as manifestações espirituais do Rei Saul, relatadas em 1 Samuel 18.10 e 19.23, após o Senhor tê-lo rejeitado (15.11, 26, 35) e o seu Espírito “ter se retirado dele” (16.14).


Argumentação

1 Samuel 18.10 diz:

No dia seguinte, o espírito mau da parte de Deus se apoderou de Saul, que começou a ter manifestações proféticas no meio da casa enquanto Davi tocava a harpa, como de costume... Mas adiante, no capítulo 19.23, é dito também que ele (Saul) "foi para Naiote, em Ramá e o Espírito de Deus veio também sobre ele, e ele ia caminhando e tendo manifestações proféticas até chegar a Naiote, em Ramá. (Almeida Século 21)

25 de maio de 2016

A Origem do Ensino de um Arrebatamento Pré-Tribulacional


Sempre que o cristão encontra uma doutrina que não foi ensinada por alguém de qualquer ramo da igreja de Cristo durante os dezoito séculos passados, ele deveria ter muita suspeita de tal ensino. Esse fato em e por si mesmo não prova que o novo ensino é falso. Mas, deveria definitivamente levantar suspeitas, pois se algo é ensinado na Escritura, não é absurdo esperar que ao menos uns poucos teólogos e exegetas tenham descoberto isso antes. O ensino de um arrebatamento secreto pré-tribulacional é uma doutrina que nunca existiu antes de 1830. O arrebatamento pré-tribulacional veio à existência mediante uma exegese cuidadosa da Escritura? Não! A primeira pessoa a ensinar a doutrina foi uma jovem chamada Margaret Macdonald. Margaret não era teóloga nem expositora bíblica, mas uma profetiza da seita Irvingita(a Igreja Católica Apostólica). O jornalista cristão Dave MacPherson escreveu um livro sobre o assunto da origem do arrebatamento secreto. Ele escreve:

23 de maio de 2016

Não deixemos de congregar-nos: Enfrentando o Problema da Evasão de Membros (1/2)


Introdução

Um neologismo tem se tornado comum nos últimos anos – fidelização. Trata-se de um termo da área de publicidade e marketing que traduz um desejo de empresas em diferentes ramos de atividade: o de que seus clientes ou consumidores se mantenham fiéis a elas e a seus produtos. Especialmente em setores nos quais existe forte concorrência, trata-se de um alvo buscado com crescente intensidade. Evidentemente, a fidelidade das pessoas a um determinado fornecedor ou prestador de serviços pode não ter quaisquer implicações éticas. Se alguém é cliente da pizzaria “a” ou “b” e utiliza os serviços dessa ou daquela companhia de telefonia celular, isso não tem maiores consequências fora da área mercadológica. Em outras esferas, todavia, a fidelidade adquire uma importância muito maior, como é o caso da política partidária. No Brasil, há muito tempo um bom número de políticos tem se envolvido com uma prática condenável: a troca frequente de partidos, geralmente por motivos pouco elogiáveis. Eles se filiam a uma legenda, elegem-se por ela e depois, movidos por interesses muitas vezes questionáveis, simplesmente se transferem para outra. Em anos recentes têm sido aprovadas leis visando coibir a chamada “infidelidade partidária”.

21 de maio de 2016

O Jejum (1/2)


Voltamo-nos agora para a consideração da terceira ilustração oferecida por nosso Senhor sobre como nos deveríamos conduzir nessa questão da retidão pessoal. Nos capítulos quarto e quinto voltaremos ao nosso estudo pormenorizado do ensino de Jesus concernente à oração, especialmente como é dado na comumente intitulada “oração do Pai Nosso”. Porém, antes disso, parece-me que deveríamos ter bem claras na mente essas três ilustrações particulares sobre a retidão pessoal. Você deve estar lembrado de que nesta seção do Sermão do Monte nosso Senhor falava sobre a questão da retidão pessoal. Ele já havia descrito o crente em sua atitude geral em relação à vida — a sua vida mental, se assim alguém preferir chamá-la. Aqui, entretanto, estamos considerando mais de perto a conduta cristã. 

20 de maio de 2016

A alma Católica dos Evangélicos no Brasil


Os evangélicos no Brasil nunca conseguiram se livrar totalmente da influência do Catolicismo Romano. Por séculos, o Catolicismo formou a mentalidade brasileira, a sua maneira de ver o mundo ("cosmovisão"). O crescimento do número de evangélicos no Brasil é cada vez maior – segundo o IBGE, seremos 40 milhões esse ano de 2006 – mas há várias evidências de que boa parte dos evangélicos não tem conseguido se livrar da herança católica.

19 de maio de 2016

Deus Determina as Decisões Humanas


O material acima1 mostra claramente que Deus planeja, decreta e controla todos os eventos. O mundo anda da forma como Deus deseja. Esse princípio geral é logicamente suficiente para justificar a predestinação. Mas a ênfase sobre um tipo de evento parece psicologicamente necessária. O problema é que algumas pessoas reconhecem que Deus controla os grandes cursos da história e, todavia, ao mesmo tempo falham em entender que isso requer controle das decisões humanas. Essa loucura lógica leva essas pessoas a negar que Deus decreta e causa cada uma das escolhas individuais. Mas a Bíblia não é somente explícita; seus exemplos são inúmeros. Primeiro alguns versículos do Antigo Testamento serão citados:

Deuteronômio 2:30 diz:

18 de maio de 2016

É possível Deus falar hoje fora das Escrituras? (3/4)


9. A revelação na igreja de Corinto

Que fazer, pois, irmãos? Quando vos reunis, um tem salmo, outro doutrina, este traz revelação, aquele outro língua, e ainda outro interpretação. Seja tudo feito para edificação. (1 Co 14:26)

Que tipo de revelação estava presente na igreja de Corinto?

Muitos pensam que a revelação está voltada para o uso particular, um tipo de adivinhação para solução de problemas particulares de cada um, ou um mistério que Deus tem para cada crente em suas vidas particulares para edificá-los ou designá-los para algum propósito especial. Essa estranha interpretação da revelação origina-se das mais variadas concepções pentecostais/carismáticas do nosso tempo, mas está muito longe de corresponder ao que ensina o Novo Testamento sobre revelação em 1 Coríntios.

17 de maio de 2016

A Humanidade do Redentor (1/2)


Texto base: 1 Timóteo 2.5

Acerca da humanidade do nosso Redentor e suas implicações, precisamos entender primeiramente a questão da unio personalis. Em suma, quero enfatizar três termos que são a chave para o entendimento correto do tema em pauta. Senão vejamos:

O SIGNIFICADO DE UNIO PERSONALIS

A expressão unio personalis significa “união hipostática”. É a união das duas naturezas de Cristo, isto é, a natureza divina com a natureza humana, que se deram no momento da encarnação do verbo, pela ação miraculosa do Espírito Santo. A segunda pessoa da trindade assumiu uma natureza humana que não existia, tendo que vir a existência nascendo do ventre de uma mulher chamada Maria, independente da união com a natureza divina. Portanto, “a união da pessoa divina (e sua natureza) com a natureza humana não resulta na criação de uma pessoa dupla, mas numa pessoa divina, em que as duas naturezas, a divina e a humana, estão unidas”.1

16 de maio de 2016

O que a graça preparatória não é


Pois somos feitura dele... Efésios 2.10

No capítulo anterior, nós sustentamos que existe uma graça preparatória. Em oposição ao deísmo contemporâneo dos Metodistas, as igrejas Reformadas devem confessar essa verdade excelente em toda a sua extensão e largueza, mas dela não deve exagerar a ponto de restabelecer o livre-arbítrio do pecador, como fizeram os pelagianos e os arminianos depois  deles, e como os éticos o fazem agora, embora de modo diferente.

O metodista erra ao dizer que Deus não se importa com o pecador até o momento em que o detém em seu caminho pecaminoso. Tampouco toleramos o erro oposto, a negação da regeneração, o novo ponto de começo na vida do pecador, o que tornaria toda a obra de conversão apenas um despertar de energias dormentes e supressas. Não há uma transição gradativa. A conversão não é meramente a cura de enfermidades ou uma insurreição do que havia estado supresso; nem o despertar de energias latentes.

13 de maio de 2016

A Liberdade do Princípio Regulador


Apesar de ter crescido em uma igreja reformada, até o seminário eu era mais um da multidão de cristãos que nunca havia ouvido falar do princípio regulador do culto. Ele não faz parte da minha identidade. Mas com o passar dos anos, comecei a apreciar esse princípio mais e mais.

De forma resumida, o princípio regulador do culto (PRC) declara que “o modo aceitável de adorar o verdadeiro Deus é instituído por ele mesmo e, assim, limitado pela sua vontade revelada” (Confissão de Fé de Westminster, Capítulo XXI, Item I). Em outras palavras, o culto congregacional deve ser composto por elementos que podemos ver como apropriados a partir da Bíblia.

12 de maio de 2016

Os Dez Mandamentos (6/11)



Quinto Mandamento:

Êxodo 20.12  Honra teu pai e tua mãe, para que se prolonguem os teus dias na terra que o SENHOR, teu Deus, te dá.

11 de maio de 2016

Hipocrisia: uma falsa devoção


Texto base: Lucas 12.1-3

INTRODUÇÃO

No capítulo anterior do evangelho de Lucas (11.14-54), a multidão e, especialmente os fariseus e escribas, foram o alvo do discurso de Jesus. Agora, no capítulo 12, os apóstolos [ainda discípulos] (vs.1, 22) e a multidão (vs.54) são o alvo do discurso de Jesus. Se no capítulo anterior Jesus falou para a multidão e os líderes religiosos, no capítulo em voga ele fala da multidão e dos líderes religiosos para os discípulos e a multidão.            
        
A primeira parte do discurso de Jesus, ainda que proferida perante uma numerosa multidão, após ele ter saído da casa de um fariseu, onde fora convidado por ele para comer (11.37-53), é dirigida especialmente aos seus discípulos (12.1-2). A segunda parte, por sua vez, é dirigida à multidão (para mais detalhes, veja os versículos 13-14,16, 22,54). 

10 de maio de 2016

Arrebatamento Secreto: Fato ou Ficção?


Muitos sinceros cristãos creem que a Segunda Vinda de Cristo ocorrerá em duas fases distintas. A primeira fase é conhecida como “o arrebatamento secreto” da Igreja e pode ocorrer a qualquer momento. Nessa ocasião, Cristo desce apenas para as proximidades da Terra para ressuscitar os santos adormecidos e para transformar e glorificar os crentes vivos. Ambos os grupos são então arrebatados, ou seja, levados secreta, súbita e invisivelmente, para encontrar no ar o Senhor que desce. Esse corpo de crentes, chamado de “Igreja”, então subirá para o céu para celebrar com Cristo por sete anos as bodas do Cordeiro, enquanto os judeus e os gentios não convertidos permanecerão sobre a Terra para sofrerem os sete anos finais de tribulação.

9 de maio de 2016

É possível Deus falar hoje fora das Escrituras? (2/4)


Os Maiores Problemas Entre a Revelação Moderna e as Escrituras Sagradas

1. O termo “revelação” no N.T

Em nenhum lugar nas páginas do Novo Testamento há o ensino de que Deus continuaria a trazer novas revelações para o seu povo. As Escrituras apontam para sua perfeição em Apocalipse. Nada mais de revelação deverá ser esperado.

Muitos alegam o fato de terem tido insights (intuições) que podem ser apenas um aspecto da iluminação. Outros afirmam que ouviram a voz de Deus, o que significa que ou estão mentindo ou Deus inaugurou uma terceira aliança na qual ele Se revelará novamente através de Sua comunicação verbal inspirada, infalível e autoritativa, pois Deus não fala de outra maneira, já que ele não é homem. Essas pessoas têm levantado o argumento de que não precisam de tais credenciais, pois até mesmo Balaão profetizou sem credencial de profeta inspirado, o que pode acontecer nos dias de hoje. O problema com este argumento é que, mesmo que Balaão não tivesse credencial de profeta, a sua profecia ficou registrada nas Escrituras Sagradas do Velho Testamento. Onde estão as profecias escrituradas dos profetas modernos?

7 de maio de 2016

Cristãos deveriam ter Facebook?


Algumas vezes, me pergunto se o diabo não tem grande deleite na ironia, ao assistir-nos examinarmos ao mesmo tempo em que perdemos o alvo. Embora eu esteja no Facebook e, portanto, pelo menos sustente uma convicção provisória de que isso é permitido aos cristãos, existem algumas razões para levantar algumas preocupações a respeito disso. Privacidade e falta de privacidade, entretanto, seriam provavelmente a última preocupação que eu levantaria. É com o anúncio público e controverso do Facebook a respeito de sua mudança na política de privacidade que, no entanto, muitos cristãos estão preocupados. Como, me pergunto, alguém pode usar uma tecnologia que existe para dizer ao mundo “Estou aqui. Venham me observar” e reclamar que o mundo está vindo observá-lo? 

6 de maio de 2016

Um Futuro para o Israel Judaico? (2/2)


Salvação pela fé, não pelas obras

Por que a salvação pelas obras exigidas pela lei não é possível? Certamente o Judaísmo também confessa a graça de Deus em dar a Israel a lei, mas seu entendimento dessa graça coloca Israel na posição de alcançar a justiça e a salvação pela prática do que a lei requer. Tudo o que é requerido para atingir a salvação futura é, ao menos, uma observância mínima da lei, se não uma prática do bem que suplante o mal. O apóstolo Paulo discorda desse entendi­mento da relação entre a lei e a salvação. Do seu encontro com o Jesus crucificado e exaltado, Paulo recebeu uma consciência da pecaminosidade humana que tomou impossível a crença em que a salvação poderia ser realizada pelas obras da lei. 


5 de maio de 2016

Qual é a condição das almas no céu e o que estão fazendo?


1. Sua condição

Nunca será suficiente o bastante enfatizar que os redimidos no céu, no período compreendido entre sua morte terrena e sua completa ressurreição, não atingiram a glorificação final. Eles estão vi­vendo no que geralmente é chamado de o estado intermediário, não, contudo, o estado final. Embora, certamente, eles estejam serenamente felizes, a felicidade deles não é ainda completa.

Sobre este assunto o Dr. H. Bavinck se expressa como segue (minha tradução):