Eu acho que frases de efeito
como Jesus é maior do que religião, ou ainda Jesus odeia
religião, ou mesmo Eu sigo a Jesus; cristianismo é religião, não ajudam muito. Elas precisam de algumas definições para fazer sentido.
(1) A religião que Jesus
"odiou" foi o judaísmo legalista e farisaico de sua época, que era
uma DISTORÇÃO da religião que Deus havia revelado a Israel e pela qual os
profetas tanto lutaram. Logo, não se pode dizer que Jesus é contra a religião em
si, mas contra aquelas que são legalistas, meritórias e contrárias à palavra de
Deus;
(2) Jesus participou daquilo
que era certo na religião de seus dias: foi circuncidado, aceitou ser batizado
por João, foi ao templo nas festas religiosas, orou, deu esmolas, mandou gente
que ele curou mostrar-se ao sacerdote;
(3) Seus seguidores, os
apóstolos, logo se organizaram em comunidades, elegeram líderes, elaboraram
declarações de fé, escreveram livros que virariam Escritura, recolhiam ofertas,
tinham locais (casas) para se reunir - ou seja, tudo que uma religião tem.
Logo, não devíamos dizer que o cristianismo não é uma religião;
(4) É verdade que o
Cristianismo através dos séculos se corrompeu em muitos lugares e épocas. Mas,
todas as vezes em que isto ocorreu, deixou de ser a religião verdadeira para
ser uma religião falsa. Portanto o correto é dizer que Jesus odeia o legalismo
religioso, inclusive dentro do cristianismo. Mas é injusto e falso colocar
Jesus contra toda e qualquer forma de cristianismo.
Autor:
Augustus Nicodemus Lopes