Judas 9 – Mas
quando o arcanjo Miguel, discutindo com o Diabo, disputava a respeito do corpo
de Moisés, não ousou pronunciar contra ele juízo de maldição, mas disse: O
Senhor te repreenda!
INTRODUÇÃO
O Brasil é o país das crendices, do sincretismo religioso, das religiões místicas e animistas. Muitos tupiniquins são fascinados pelo sobrenatural. São ávidos pelo mundo dos espíritos. Todavia, muitas pessoas que foram convertidas, que se tornaram evangélicas, faziam parte de alguma religião. Muitas vieram do Catolicismo, e outras de religiões místicas e animistas, como a umbanda, candomblé, espiritismo, entre outras.
Contudo, independente da religião, a maioria dos brasileiros são adeptos de crendices populares. Dentre as muitas superstições, temos a crença no Trevo de Quatro Folhas e no Pé de Coelho – que são amuletos que trazem a sorte, o chinelo virado de cabeça para baixo faz mal, se perdermos algum coisa, basta solicitarmos ao famoso São Longuinho: o santo dos achados e perdidos; só não podemos esquecer que, assim que acharmos o que havíamos perdido, devemos lhe oferecer, como agradecimento, “três pulinhos”. Temos ainda a crença no famoso ritual supersticioso que faz cessar a chuva; é só jogarmos um pouco de sal pela janela de nossa casa.
Diante das crendices supracitadas, podemos observar que muitos pastores e evangélicos ainda são influenciados por elas. Vários deles foram regenerados e convertidos, mas ainda assim necessitam de uma mudança de cosmovisão. Os evangélicos místicos precisam ter a visão de mundo esmerada pela Palavra de Deus. Com efeito, o analfabetismo bíblico é pomo do desinteresse de muitos cristãos pela leitura e pela teologia. Por isso são facilmente enganados por falsas doutrinas, equivocados teologicamente e eivados de crendices.
Tendo em vista o sincretismo de religiões que há no Brasil e sua influência esmagadora sobre as pessoas e a cultura, não foi difícil o movimento de Batalha Espiritual se adentrar nas igrejas neopentecostais e pentecostais. EU te repreendo, diabo!, ou TÁ reprendido, Satanás!, são as famosas expressões de guerra desses evangélicos contra o exército espiritual maligno.
Contudo, independente da religião, a maioria dos brasileiros são adeptos de crendices populares. Dentre as muitas superstições, temos a crença no Trevo de Quatro Folhas e no Pé de Coelho – que são amuletos que trazem a sorte, o chinelo virado de cabeça para baixo faz mal, se perdermos algum coisa, basta solicitarmos ao famoso São Longuinho: o santo dos achados e perdidos; só não podemos esquecer que, assim que acharmos o que havíamos perdido, devemos lhe oferecer, como agradecimento, “três pulinhos”. Temos ainda a crença no famoso ritual supersticioso que faz cessar a chuva; é só jogarmos um pouco de sal pela janela de nossa casa.
Diante das crendices supracitadas, podemos observar que muitos pastores e evangélicos ainda são influenciados por elas. Vários deles foram regenerados e convertidos, mas ainda assim necessitam de uma mudança de cosmovisão. Os evangélicos místicos precisam ter a visão de mundo esmerada pela Palavra de Deus. Com efeito, o analfabetismo bíblico é pomo do desinteresse de muitos cristãos pela leitura e pela teologia. Por isso são facilmente enganados por falsas doutrinas, equivocados teologicamente e eivados de crendices.
EXPLANAÇÃO
Tendo em vista o sincretismo de religiões que há no Brasil e sua influência esmagadora sobre as pessoas e a cultura, não foi difícil o movimento de Batalha Espiritual se adentrar nas igrejas neopentecostais e pentecostais. EU te repreendo, diabo!, ou TÁ reprendido, Satanás!, são as famosas expressões de guerra desses evangélicos contra o exército espiritual maligno.
A origem do conceito de repreender demônios
O
movimento herético de batalha espiritual alcançou grande popularidade mediante
dois romances escritos por um novelista – Frank Perretti, chamados Este Mundo Tenebroso (vols. 1 e 2), os
quais relatam o renhido confronto espiritual de um grupo de cristãos contra
espíritos malignos territoriais que tentavam estabelecer domínio em pequenas
cidades nos Estados Unidos. Todavia, o conceito de batalha espiritual
[especificamente o da quarta linha, caracterizada pela terceira fase da atuação do Espírito, a saber, o neopentecostalismo] envolvendo a luta com demônios, ministério de libertação, quebra de
maldições e mapeamento espiritual ganhou destaque, tendo maior popularidade no
Brasil, através do seu maior precursor, o teólogo Peter Wagner, que escreveu vários artigos e livros sobre o tema.
Não
obstante, alguns dos “procedimentos” essenciais do movimento de batalha espiritual
já era praticado no início do século 20. “Nas três primeiras décadas, o
missionário inglês James O. Fraser, trabalhando em meio ao povo Lisu, na China,
um povo envolvido com magia negra, espiritismo e animismo, utilizou estratégias
como dar ordens em voz alta a Satanás e seus demônios para quebrar o domínio
desses espíritos sobre os Lisu. Partindo de sua experiência no campo
missionário, Fraser desenvolveu na base da “tentativa e erro” alguns métodos
para combater, pela oração, a influência dos espíritos malignos que
atormentavam esse povo tribal. O que convenceu Fraser de que estava no caminho
certo foi que esse método “funcionava”. Ele foi um obreiro relativamente desconhecido, e sua prática permaneceu no desconhecimento até a publicação de sua biografia pela esposa de Howard Tayler em 1956”.1
Apesar
de existir 4 posições dentro do movimento de batalha espiritual que diferem umas
das outras [os carismáticos, dispensacionalistas, batalha espiritual moderada e
batalha espiritual popular da terceira fase], todas elas
são unânimes nas premissas fundamentais de sua “teologia” mística e herética.
As repreensões de demônios no ministério de Jesus
O argumento popular utilizado pelos adeptos do movimento de batalha espiritual para
repreender os demônios que atacam maleficamente a vida das
pessoas é que o próprio Jesus, o Deus filho
encarnado, repreendeu os demônios, pois ele veio a este mundo para desfazer as
obras do diabo (1Jo 3.8).
Indubitavelmente,
Jesus repreendeu demônios em seu ministério terreno. Se
estudarmos no Novo Testamento o verbo repreender
έπιπιμάω (epitimaõ), especificamente nos Evangelhos, iremos perceber que ele
está limitado nas repreensões aos demônios realizadas somente por Jesus. Ele
repreendeu um tipo de doença apenas uma vez, quando curou a sogra de Pedro, a qual estava com uma febre altíssima (Lc 4.39). Repreendeu a tempestade [o vento e o mar], que
imediatamente cessou (Mt 8.26; Mc 4.39). Repreendeu os demônios para que não revelassem aos outros que ele era o Filho de Deus (Mt 12.16; Mc 3.12) e, em
outras circunstâncias, nos exorcismos, para que ficassem calados e saíssem da
vida de suas vítimas (Mt 17.18; Mc 1.25; 9.2).
No livro de Atos e nas cartas de Paulo, Pedro, João, Judas e Hebreus, não encontramos qualquer um dos apóstolos usando o termo repreender ou ensinando que os cristãos devem repreender os demônios. Houve poucos exorcismos no ministério dos apóstolos em comparação ao ministério de Jesus. Com a vinda do Deus Filho encarnado, o mundo espiritual foi de certa forma abalado. Por isso Jesus realizou bem mais exorcismos do que os apóstolos. Embora vemos descrito no livro de Atos o ríspido confronto de Paulo com o falso profeta Barjesus ou Elimas, ainda assim ele não disse EU te repreendo, diabo!, ou TÁ repreendido! (At 13.4-12), conforme fazem os pastores e cristãos pentecostais e neopentecostais quando realizam exorcismos.
No livro de Atos e nas cartas de Paulo, Pedro, João, Judas e Hebreus, não encontramos qualquer um dos apóstolos usando o termo repreender ou ensinando que os cristãos devem repreender os demônios. Houve poucos exorcismos no ministério dos apóstolos em comparação ao ministério de Jesus. Com a vinda do Deus Filho encarnado, o mundo espiritual foi de certa forma abalado. Por isso Jesus realizou bem mais exorcismos do que os apóstolos. Embora vemos descrito no livro de Atos o ríspido confronto de Paulo com o falso profeta Barjesus ou Elimas, ainda assim ele não disse EU te repreendo, diabo!, ou TÁ repreendido! (At 13.4-12), conforme fazem os pastores e cristãos pentecostais e neopentecostais quando realizam exorcismos.
Análise teológica do termo Repreender
Os dois motivos pelos quais não podemos estender o ato de repreender aos cristãos para
cercear a ação dos demônios é (1) por conta da falta de evidências explícitas nas
Escrituras para este hábito e (2) porque repreender
os demônios é uma prerrogativa exclusiva de Cristo, apenas, pois foi Jesus quem
venceu Satanás, os demônios e os expôs publicamente a derrota, triunfando sobre
eles na cruz pela sua morte e ressurreição (Cl 2.15). Jesus é Deus e Senhor
sobre toda sua criação. Se os cristãos usam-no como exemplo de vida e aquele quem lhes deu
autoridade para repreender demônios e doenças, via de regra eles deveriam
também repreender tempestades, furacões e tsunamis, uma vez que possuem
autoridade e que Jesus, conforme vimos, também repreendeu a fúria
destes elementos naturais. Contudo, ninguém na história
foi capaz de fazer isso, nem mesmo os apóstolos, somente Jesus.
Por
outro lado, muitos cristãos podem tentar refutar essa premissa recorrendo ao
Evangelho de Marcos 16.17, onde o próprio Jesus diz, segundo os cristãos
pentecostais e neopentecostais:
E estes sinais acompanharão os que creem:
em meu nome [no nome de Jesus]
expulsarão demônios”[com isso temos o famoso clichê neopentecostal e pentecostal: “EU te repreendo, demônio”!; nota do autor]. (Almeida
Século 21)
Embora
possa ser interpretado como uma referência aos apóstolos, é importante destacar
que, tendo em vista os problemas textuais que levantam dúvidas quanto a sua
autenticidade, os versículos 9-20 do capítulo 16 do Evangelho de Marcos não
constam em alguns manuscritos antigos. Existem também finais diferentes para
este trecho do Evangelho em outros manuscritos importantes. Portanto, devemos ser
cautelosos antes de fazer uso desta passagem como prova irrefutável de que os
cristãos podem repreender os demônios, uma vez que receberam autoridade do
próprio Jesus para este exercício.
O trecho final do Evangelho de Marcos faz parte da Escritura inspirada, inerrante e infalível. Entretanto, é duvidoso que Marcos o tenha escrito, pois, além do estilo diferente do evangelista, muitos manuscritos, como o Vat. e o Sin, omitem o final clássico. Em vez da conclusão tradicional, um manuscrito tem o final mais breve, que dá continuidade ao versículo 8. Quatro manuscritos esboçam dois finais – um breve e um longo. Outros manuscritos, porém, demonstram um final mais longo, que se intercala entre o versículo 14 e 15. Com relação ao final original, é muito provável que tenha desaparecido de alguma forma que desconhecemos. Tendo em vista os vários finais, entendemos que existe continuidade entre o versículo 8 e 9. Por isso é improvável que a conclusão do Evangelho terminasse no versículo 8. Assim, o final que temos na Escritura, além de já ser conhecido no século 2 por Taciano e Irineu, e tendo o endosso da maioria dos manuscritos gregos, foi escrito para preencher essa lacuna.
O trecho final do Evangelho de Marcos faz parte da Escritura inspirada, inerrante e infalível. Entretanto, é duvidoso que Marcos o tenha escrito, pois, além do estilo diferente do evangelista, muitos manuscritos, como o Vat. e o Sin, omitem o final clássico. Em vez da conclusão tradicional, um manuscrito tem o final mais breve, que dá continuidade ao versículo 8. Quatro manuscritos esboçam dois finais – um breve e um longo. Outros manuscritos, porém, demonstram um final mais longo, que se intercala entre o versículo 14 e 15. Com relação ao final original, é muito provável que tenha desaparecido de alguma forma que desconhecemos. Tendo em vista os vários finais, entendemos que existe continuidade entre o versículo 8 e 9. Por isso é improvável que a conclusão do Evangelho terminasse no versículo 8. Assim, o final que temos na Escritura, além de já ser conhecido no século 2 por Taciano e Irineu, e tendo o endosso da maioria dos manuscritos gregos, foi escrito para preencher essa lacuna.
O exemplo de Miguel perante Satanás
Em
Judas 9 é relatado que o arcanjo Miguel, discutindo e disputando com o diabo
sobre o corpo de Moisés, não foi ousado em pronunciar contra ele injúrias, e
nem disse Eu te repreendo em nome de
Jesus nem tampouco EU te repreendo, Satanás! Pelo contrário, Miguel disse: “O SENHOR te repreenda”!
O
arcanjo Miguel é o mais poderoso dos anjos de Deus. Ele é o chefe do exército
dos anjos de Deus. É um ser sem pecado, poderoso e está na presença de Deus. Na ocasião em que se deparou em um confronto com o
diabo acerca do corpo de Moisés [é bem provável que Satanás queria roubar o
corpo de Moisés para incitar Israel a idolatria], o arcanjo Miguel não conversou nem se atreveu a
proferir palavras infames contra ele como muitos pastores e cristãos o fazem devido a ausência de conhecimento. Eles costumam dizer, além de entrevistar demônios, quando a suposta manifestação não é uma fraude, o seguinte:
“Você não vale nada, Diabo! Seu desgraçado”! “Você é um leão sem dentes”! Você é um “cabeça rachada” [clichê popular no meio pentecostal e neopentecostal], etc. Ou EU te repreendo, diabo, em nome de Jesus!, como muitos evangélicos fazem. Eles colocam o EU em primeiro lugar, e o em nome de Jesus em último lugar na expressão de guerra. Miguel não foi audacioso como são muitos evangélicos pentecostais e neopentecostais. Antes, ele entende que somente Cristo Jesus e Deus Pai podem repreender Satanás, e se limitou apenas em dizer O SENHOR te repreenda!
“Você não vale nada, Diabo! Seu desgraçado”! “Você é um leão sem dentes”! Você é um “cabeça rachada” [clichê popular no meio pentecostal e neopentecostal], etc. Ou EU te repreendo, diabo, em nome de Jesus!, como muitos evangélicos fazem. Eles colocam o EU em primeiro lugar, e o em nome de Jesus em último lugar na expressão de guerra. Miguel não foi audacioso como são muitos evangélicos pentecostais e neopentecostais. Antes, ele entende que somente Cristo Jesus e Deus Pai podem repreender Satanás, e se limitou apenas em dizer O SENHOR te repreenda!
CONCLUSÃO
Diante de tudo que foi proposto, entendemos pelas Escrituras três coisas:
(1)
Os cristãos não podem repreender Satanás e os demônios.
(2) O ato de repreender o diabo é uma obra exclusiva de Jesus que ocorreu no passado, em seu ministério, morte, ressurreição e ascenção aos céus.
(3) Os cristãos podem repreender as atuações demoníacas, mas ao invés de utilizarem expressões equivocadas e insolentes como EU te repreendo, Satanás!, ou em nome de Jesus, EU te repreendo, demônio!, devemos simplesmente enunciar o conceito bíblico: O Senhor Jesus te repreenda, Satanás! Oh, Senhor, anule a ação do Diabo! Meu Deus, que o Cristo todo-poderoso suprima a influência maligna desta vida!
Quando
se viram ameaçados pelos lideres religiosos em Jerusalém, os cristãos da igreja
primitiva em Atos não repreenderam algum demônio que poderia estar por trás da
oposição que estavam enfrentando [o que pode ter acontecido, uma vez que o diabo se opõe aos que evangelizam e ensinam o verdadeiro evangelho, mas nem sempre], como fazem os pentecostais e neopentecostais, quando se deparam com as adversidades da vida, pois imaginam que todo o mal é de origem maligna. Pelo contrário, eles se voltaram para Deus em oração, rogando que Ele
olhasse para as ameaças que receberam para não mais anunciar o evangelho (At
4.29-31).
NOTA:
1.
Augustus Nicodemus Lopes. O que você precisa saber sobre Batalha Espiritual,
pág 31.
Autor: Leonardo Dâmaso
Divulgação: Reformados 21